O Agrupamento de Escolas n.º 2 de Beja mantém, há mais de duas décadas, o único clube de modelismo estático a funcionar numa escola da Península Ibérica. Em tempos foi o organizador do BejaModelShow, um evento internacional e com “uma qualidade crescente”, que terminou face à sobrecarga de trabalhos, à falta de modelistas organizadores e de verbas disponíveis. Simão Matos, professor responsável pelo clube, acredita que nos últimos anos a atividade passou a ser “um hobby de adultos”, mas que há esperança.
Texto Ana Filipa Sousa de Sousa
A Escola Básica Mário Beirão, em Beja, recebe todas as sextas-feiras, entre as 14:30 e as 17:00 horas, o Clube de Modelismo do Agrupamento de Escolas n.º 2. Nos últimos 23 anos passaram pelo clube 220 alunos; atualmente acolhe 16 jovens do 5.º ao 9.º anos, que “constroem modelos em escala reduzida de aviões, automóveis, figurinos, embarcações, veículos militares e dioramas”.
Simão Matos, professor responsável pelo clube, recorda ao “Diário do Alentejo” (“DA”) que esta é uma “atividade lúdica e voluntária” que procura desenvolver a “motricidade fina, a calma, a paciência e a criatividade”, estando a ser utilizada também nas aulas de matemática para as tornar mais “apelativas”.
“O clube existe desde 1999, ou seja, encontra-se no seu 23.º ano consecutivo de atividade ininterrupta, [sendo] o único a funcionar numa escola da Península Ibérica e a participar com regularidade nas exposições nacionais de modelismo estático e também em Espanha, como Badajoz, Sevilha e Madrid. Além de ser convidado também a participar em eventos locais como a Ovibeja, o Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja e em atividades promovidas pela Base Aérea n.º11”, explica.
No início deste mês, nos dias 11 e 12, o Clube de Modelismo viu, mais uma vez, serem-lhe entregues seis prémios, três deles especiais, e 12 menções honrosas na categoria de juniores, no 2.º Concurso Internacional de Modelismo do Clube de Modelismo e Arte de Sintra.
Ao “DA” o professor refere que estas distinções são o reflexo da aposta clara que os Amigos Modelistas do Baixo Alentejo (AMBA) e o agrupamento fazem nas novas gerações, sendo, por isso, “os jovens do Clube de Beja vistos como exemplo para o resto do País na transmissão deste hobby”.
“SEMPRE QUE SE FALA NO MODELISMO NO ALENTEJO, BEJA É A REFERÊNCIA”
Apesar da contínua valorização do trabalho desenvolvido ao longo dos anos, o Clube de Modelismo tem sofrido com algumas perdas, entre elas, o término do seu evento BejaModelShow. Segundo Simão Matos, ainda que o mesmo fosse encarado com bons olhos pela comunidade modelista nacional e internacional, a falta de pessoas disponíveis para o organizar, de verbas e de espaço fez com que o mesmo só chegasse até à sua sexta edição.
“Foram realizadas seis edições do BejaModelShow (BMS), um evento que se tornou internacional, com cada vez mais participantes e com uma qualidade crescente. Infelizmente, o BMS teve sempre um núcleo muito restrito de organizadores, o que implicou uma sobrecarga de trabalho e uma responsabilidade acrescida para a sua elaboração. As limitações de orçamento e de espaço físico também contribuíram para que a última edição fosse a de 2019 e que não esteja prevista a realização de novo evento”, sublinha o professor de 57 anos.
A própria AMBA, a antiga associação formal que apoia o clube, também tem acompanhado o declínio da atividade na região, com a crescente perda de associados. Contudo, o docente tem esperança que, “com o franco crescimento a nível mundial”, a situação se vá reverter e que o Alentejo volte a ganhar modelistas, de diferentes idades, com interesse associativo.