A plataforma “Sim! O Aeroporto de Beja é parte da Solução” reuniu, na manhã da passada segunda-feira, com o ministro das Infraestruturas e, à tarde, entregou na Assembleia da República uma petição para que o assunto seja discutido, mais uma vez, no Parlamento.
Texto Aníbal Fernandes
Manuel Valadas, porta-voz da plataforma cidadã de apoio ao aeroporto de Beja, descreveu a reunião com João Galamba como “agradável”. Em declarações ao “Diário do Alentejo disse que, no entanto, “há que ser realista. Há um caminho a percorrer e é necessário tirar algumas pedras do caminho. O ministro ouviu os nossos argumentos e deixou-nos a ideia que concorda que tem de haver um melhor aproveitamento” da estrutura aeronáutica de Beja.
Da reunião saiu a necessidade de “trabalhar melhor determinados detalhes”, mas os membros da plataforma estão “animados e convencidos que os resultados aparecerão”.
Na reunião, a delegação do Baixo Alentejo enfatizou “a importância estratégica do aeroporto, não só para toda a região”, mas, em termos interfronteiriços, “para todo o sudoeste ibérico”.
“O Alqueva mudou o paradigma da agricultura no Alentejo, mas o aeroporto pode ter um impacto muito superior na criação de emprego e na atração de empresas em várias áreas”, acredita Manuel Valadas.
Para que o aeroporto possa cumprir esse objetivo – ser complementar a Lisboa e Faro – urge apostar “na eletrificação da linha ferroviária entre Beja e a Funcheira”, com um custo calculado em cerca de apenas 30 milhões de euros, mas que ainda não é vista como prioritária pelo Governo. Manuel Valadas referiu, mais uma vez, que a infraestrutura não pretende ser uma alternativa ao aeroporto Humberto Delgado, mas considera que os estudos efetuados mostram que pode “funcionar como complemento a Lisboa e Faro em alturas de pico”.
Para Manuel Valadas, o que “está a atrapalhar” o aproveitamento do aeroporto é o facto de o Governo não ter inscrito no Plano Nacional de Investimentos 2030 (PNI2030) “a modernização e eletrificação da ferrovia entre Beja, Funcheira e Ourique, com um ramal para o aeroporto, num percurso de 50 quilómetros”.
“Com esta melhoria da linha e a sua eletrificação estimamos uma viagem entre o aeroporto e o Algarve em menos de uma hora, e pouco mais de uma hora para Lisboa. Em declarações à “Lusa” no final da reunião, o porta-voz da plataforma disse que “o ministro foi muito pragmático, dizendo que também ele considera que se tem que aproveitar de uma forma séria o aeroporto de Beja. No PNI2030 não há verba alocada a isso, mas não excluiu a possibilidade de, eventualmente, se arranjarem condições para que esse troço de 50 quilómetros seja modernizado e eletrificado”.
Entretanto, na passada quarta-feira, o movimento solicitou reuniões urgentes com as câmaras de Beja, Aljustrel e Ourique, afirmando ter sido informado de que “o Alentejo já não estará entre os territórios de objetivo 1 no próximo Quadro Comunitário de Apoio, o que significa a perda do direito aos 80 por cento de financiamentos a fundo perdido” garantidos pela União Europeia. Na opinião da plataforma, isso poderá significar, caso não haja a “decisão urgente de incluir o troço ferroviário Beja-Ourique/Funcheira e a variante ao aeroporto de Beja ainda no PNI 2030 e/ou PRR”, que Beja “poderá ficar condenada a ser um mero ramal ferroviário, sem ligações diretas ao complexo de Sines e ao Algarve”, com o risco de aqueles investimentos serem “remetidos para as calendas”.
João Galamba, na última semana, a propósito da Jornada Mundial da Juventude, que terá lugar em Lisboa na primeira semana de agosto, disse que o aeroporto de Beja “em princípio, será utilizado”, dando a entender que está atento ao dossiê.
Durante uma audição parlamentar das comissões de Ambiente e Energia e de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, sobre os limites legais de ruído noturno do tráfego aéreo, o ministro referiu que Portugal tem “várias infraestruturas aeroportuárias e uma francamente subutilizada, que é o aeroporto de Beja, que também, em princípio, será utilizado para isto” e, juntamente com outras, “garantir a conectividade do País”.
O “Diário do Alentejo” contactou o gabinete do ministro das Infraestruturas para o questionar sobre o assunto, mas até ao fecho da edição não obteve qualquer resposta.
ASSINATURAS PRECISAM-SE
No mesmo dia em que reuniu como o ministro das Infraestruturas, a plataforma cidadã entregou ao adjunto do presidente da Assembleia da República a petição com três mil assinaturas e o dossiê sobre o aeroporto.
No entanto, a recolha de assinatura vai continuar até ao final do mês de abril e a plataforma apela a que todos colaborem, de forma a se reunirem a 7,5 mil que permitirão que a petição seja discutida no Parlamento.
Para isso, estão previstas ações de recolha de assinaturas e a plataforma apela também “aos autarcas da região” para se empenharem em atingir esse objetivo.