Diário do Alentejo

"A cidade de Beja tem uma riqueza histórica que permite desenvolver ficção"

18 de março 2023 - 13:00
Ilustração | Luís VelhinhoIlustração | Luís Velhinho

Luís Velhinho tem 56 anos, nasceu em Lisboa, tendo ido com apenas alguns dias para Beja, onde cresceu, estudou e trabalha. O fascínio pelo desenho acompanhou-o desde muito novo e também a curiosidade por tudo o que o rodeava, sendo esta característica a responsável por expressar as suas emoções através do desenho.

 

Há um ano integrou o coletivo Toupeira – Ateliê de Banda Desenhada, sediado em Beja, grupo que apelida como “fantásticos autores”. O próximo passo como artista gráfico, diz, será a incursão no universo da banda desenhada. Algum do seu trabalho pode ser seguido no Instagram em luis_velhinho_art.

 

Neste momento, tem patente, até ao final deste mês, na Bedeteca de Beja, localizada na Casa da Cultura, a exposição de desenho intitulada “Para o Infinito e Mais Além!”, da sua autoria. 

 

Texto José Serrano

 

Como nos apresenta esta sua exposição?

Esta é a minha primeira exposição individual e apresento-a como uma viagem ao mundo do fantástico. Uma mostra que não está focada num só tema, pois podem ver-se desde esboços de desenhos de super-heróis, onde junto universos diferentes num só desenho, até desenhos com mais detalhe, onde tentei expressar emoções menos vistas em certos personagens.

 

Em quem se inspira para criar os seus desenhos, nos quais os protagonistas são bizarras criaturas do mundo do fantástico?

Nas estantes da minha casa encontram-se autores como Frank Miller, Todd MacFarlane e, especialmente, o enorme Jack Kirby, criador do “Surfista Prateado”, o meu personagem favorito. Na área do anime, adoro autores como Otomo (“Akira”), Toryiama (“Dragon Ball”) e Takahata (“Grave of the Fireflies”). Na pintura, sem dúvida, Bruegel e Picasso. São estes os autores que mais me marcaram e continuam a marcar. Inspiro-me também na natureza, pois coloca ao meu dispor desde as formas mais bonitas até às mais bizarras, sendo todas elas fantásticas, do ponto de vista estético.

 

Faz parte do Toupeira – Ateliê de Banda Desenhada, coletivo de autores de Beja. Considera que a cidade tem características para poder vir a ser palco de uma sua história de BD?

E por que não? A cidade de Beja tem uma riqueza histórica que permite desenvolver ficção, pois foi, certamente, palco de épicas batalhas. E heróis e vilões existem em todos os sítios – nor- malmente uns são consequência dos outros.

 

O nome da sua exposição – “Para o Infinito e Mais Além!” –, é uma conhecida frase de “Buzz Lightyear”. Sente-se, à semelhança deste herói, como um intrépido astronauta pronto a explorar novos universos através da sua arte?O nome da exposição foi sugerido pelo Paulo Monteiro, diretor do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja. Desde logo estive de acordo com o nome da exposição, exatamente pelos motivos que refere – a minha intenção é ir rumo ao desconhecido e descobrir novos caminhos que me façam sonhar e que, através dos meus “riscos”, consigam estimular emoções nas pessoas.

 

Qual a melhor notícia, relacionada com Beja, que poderia receber enquanto artista, em 2023?

A “luz verde” das autoridades competentes da cidade de Beja para que a obra do futuro Museu da Banda Desenhada de Beja tenha início. Vai ser um espaço fantástico para trabalhar, estudar e dar a conhecer, no âmbito das áreas da cultura e do turismo. Note-se que vai ser o primeiro museu de BD em Portugal, o que é fantástico. Penso que o projeto já esta aprovado, falta o resto. 

 

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