Diário do Alentejo

Universidade Europeia Heros dá primeiro passo em Beja

04 de março 2023 - 10:00
Parlamento aprova “universidades politécnicas” e doutoramentos
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

A reunião do consórcio “Heros – European University Alliance”, que teve lugar em Beja nos passados dias 27 e 28 de fevereiro, cumpriu todos os objetivos a que os parceiros se propunham. Iniciou-se a preparação do texto de missão de suporte à candidatura para a criação de uma universidade europeia no âmbito do programa “Erasmus+ European Universities”, e o próximo encontro ficou marcado para a Bélgica, no mês de abril, com a presença de todos os presidentes das instituições.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

O Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) – a partir do próximo ano letivo designado como universidade politécnica (ver caixa) – foi o anfitrião das seis instituições de ensino superior europeias que constituem o consórcio “Heroes – European University Alliance”, que tem como objetivo uma candidatura à criação de uma universidade europeia no âmbito do programa “Erasmus+ European Universities – Development of new deep institutional transnational cooperation”.

 

João Martins, coordenador local do projeto por parte do IPBeja, disse ao “Diário do Alentejo” que os trabalhos decorreram conforme o planeado e que, assim, “o enriquecimento da aliança que Parlamento aprova “universidades politécnicas” e doutoramentos se pretende afirmar em torno da criação de uma universidade europeia transnacional” saiu reforçado.

 

O consórcio, criado em 2021, integra, para além do IPBeja, a Thomas More University of Applied Sciences, da Bélgica (entidade coordenadora); Fontys University of Applied Sciences, dos Países Baixos; Seinäjoki University of Applied Sciences, da Finlândia; Deggendorf Institute of Technology, da Alemanha; University College of Northern Denmark, da Dinamarca; e Mendel University in Brno, da República Checa.

 

Do programa do evento constava a preparação do dossiê da candidatura, com destaque para o reforço do planeamento das ações a desenvolver no futuro de acordo com as missões europeias – educação, investigação, inovação e serviço à comunidade. Entretanto, este trabalho vai continuar com a realização de várias reuniões virtuais on line.

 

Os parceiros do IPBeja puderam, ainda, tomar contacto com a capacidade instalada da instituição do Baixo Alentejo, quer do ponto de vista da formação, quer da investigação, nomeadamente, com a visita da comitiva à estrutura laboratorial, projetos de investigação e oferta formativa do IPBeja nas suas quatro unidades orgânicas. Os membros do consórcio também debateram o modelo de gestão e governança e a estratégia a adotar por esta entidade coletiva transnacional.

 

No médio prazo, será possível para quem queira vir estudar para Beja ter acesso a uma “oferta conjunta de formação superior graduada (e pós-graduada) de espetro internacional que potencie a mobilidade europeia de estudantes, docentes e investigadores com efeitos multiplicadores na dinâmica territorial local”.

 

Para João Martins, a recente aprovação na Assembleia da República do diploma que permitirá aos estabelecimentos de ensino superior politécnico outorgar doutoramentos e mudar o nome para universidade politécnica (Polytechnics University), “veio ajudar ao reconhecimento por parte dos parceiros europeus, porque não era bem entendido aquilo que nós éramos”.

 

DE INSTITUTO A UNIVERSIDADEA proposta para que os institutos politécnicos possam atribuir o grau de doutor e adotem a designação de Polytechnics University (universidade politécnica), a partir do próximo ano letivo, foi aprovada por unanimidade pela Assembleia da República (AR).

 

A presidente do IPBeja, Maria de Fátima Carvalho, manifestou-se “satisfeita” com a mudança, lembrando que Portugal era um dos poucos países da União Europeia que ainda o não tinha feito, tendo sido “feita justiça”, permitindo às instituições do interior do País um “novo fôlego”.

 

No final do ano, aquando da discussão na AR, Pedro do Carmo, deputado do PS eleito por Beja, considerou que “valorizar o ensino politécnico através da sua designação por universidade politécnica é um ato de reconhecimento e de justiça do trabalho desenvolvido e do potencial existente, num compromisso singular de dinamização e desenvolvimento dos territórios em que se integram”.

 

Também João Dias,deputado do PCP, garantiu, na altura, que o seu partido defendia “a valorização e o reconhecimento do ensino superior politécnico” contra uma “política de desvalorização” que vê as escolas politécnicas “como um ensino superior de segunda categoria”.

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