Diário do Alentejo

“Atuar para as gentes alentejanas seria tocar em casa”

29 de janeiro 2023 - 14:00
Foto | DRFoto | DR

Rui Mateus tem 43 anos e é natural de Beja. É músico e professor de Português desde 2003. Apesar de viver em Lisboa há muitos anos mantém o brio e o orgulho de ser natural do Alentejo e encontrou na música e na escrita das suas canções o seu prazer maior. Em 2020 fundou com três amigos a banda Os Telefonia, um grupo de música portuguesa, inspirado por vários estilos musicais. Recentemente lançaram o primeiro álbum, homónimo, no qual se incluem 12 temas originais.

 

Texto José Serrano

 

Como apresenta, a quem ainda não ouviu, este primeiro trabalho musical do grupo Os Telefonia?

Os Telefonia são, na sua essência, histórias e memórias. Somos um grupo de música portuguesa inspirado por vários estilos musicais, como jazz, blues, bossa nova e música tradicional portuguesa, numa fusão de sonoridades que ecoam a tempos antigos. É uma banda predominantemente acústica, com sabor a belle époque, ao mesmo tempo naif e jovial. Temos canções que contam a desventura de uma jovem que tenta imitar Marilyn Monroe, num baile, para tentar conquistar o seu amor, de uma mulher que sofre pela dificuldade em engravidar, de um adulto que revive as suas memórias infantis, de um lisboeta que todos os dias vê o seu amor da sua janela e imagina o quão seria maravilhoso um beijo seu…. e todas estas histórias contêm uma roupagem a soar a antigo. As nossas letras contam histórias de piratas e sereias, desgostos de amor e paixões de verão, a fantasia, a saudade, a vida e o sonho.

 

Para além de contrabaixista é também o autor de algumas das músicas e letras deste álbum. Quais as suas principais fontes de inspiração, no âmbito da composição musical?

O amor e o desamor, sem dúvida. Nenhuma fonte de inspiração é tão rica como os sentimentos primários que são o amor e o desamor.

 

Pelo facto de ter nascido em Beja, considera existirem algumas influências do Alentejo no seu processo criativo?

Sim. Se há pessoas que compreendem bem o que é a saudade são os alentejanos que passam longos meses sem ir a casa. Não há rio como o Guadiana, não há paisagens como as nossas planícies, não há ar tão perfumado como o do vento alentejano. E não há terra como a nossa.

 

Indicia a ilustração da capa do disco – o grupo contemplando a Torre Eiffel – a vontade de uma posteridade musical luminosa, dentro e fora do País?

Uma das nossas canções – “Bien Venue à Paris” – é um verdadeiro tratado publicitário à cidade-luz. Fala das luzes parisienses, dos velhos lampiões, das ruas, das elegantes vestimentas e dos modos garbosos e corteses que são apanágio dessa cidade. E fala do seu maior “guardião”, que é a majestosa Torre Eiffel, que inspirou a capa do disco. Seria muito bom tocarmos para as comunidades portuguesas que vivem em França.

 

Quando prevê que Beja, a sua cidade natal, os possa vir a sintonizar, num espetáculo ao vivo?

Seria um enorme prazer atuar para as gentes alentejanas. Isso, sim, seria tocar em casa. Veremos as oportunidades que o futuro trará. Quem sabe durante este novo ano?  

Comentários