Diário do Alentejo

Acessibilidades são o “calcanhar de Aquiles” do aeroporto de Beja

22 de setembro 2022 - 09:30
Cimbal reuniu com Vinci e quer sensibilizar Pedro Nuno Santos para o problema. Deputado do PCP questiona Governo sobre calendarização da eletrificação da ferrovia
Foto | José Ferrolho/ArquivoFoto | José Ferrolho/Arquivo

A Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal) reuniu com representantes da ANA – Aeroportos de Portugal, para fazer o ponto da situação “sobre a utilização” do aeroporto de Beja.

 

A concessionária mostrou disponibilidade para continuar a investir na infraestrutura, mas, mais uma vez, a falta de acessibilidades foram referidas como um travão a voos mais altos na pista alentejana.

 

Entretanto, João Dias, questionou o Governo acerca do financiamento e calendarização das obras de eletrificação da ferrovia e da construção do ramal de ligação ao aeroporto.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

O Concelho Intermunicipal da Cimbal, num encontro com José Natário e Maurício Nunes, respetivamente, antigo e atual diretor do Aeroporto de Beja e, por videoconferência, com os franceses Thierry Ligonnière e Cloé Laperyre, da administração da Vinci, detentora da Ana – Aeroportos de Portugal, recebeu informação sobre as intenções da concessionária da infraestrutura de Beja em relação ao futuro.

 

Segundo o comunicado da Cimbal, “a disponibilidade de colaboração demonstrada pelos responsáveis da ANA” foi recebida com “satisfação” pelos autarcas que colocaram diversas questões, nomeadamente sobre a possibilidade de aumentar as operações de transporte de passageiros.

 

O CEO da Vinci, Thierry Liggoniere referiu que sem acessibilidades que permitam uma ligação “regular” a Lisboa será difícil convencer as companhias aéreas a apostarem no destino Beja.

 

Perante este quadro, António Bota, presidente do Conselho Intermunicipal da Cimbal, disse ao “Diário do Alentejo” que tem envidado esforços para sensibilizar o Governo e, em particular, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, para este problema, havendo “o compromisso para uma reunião no ministério, em Lisboa, ou uma visita a Beja do governante até ao fim deste mês”.

 

O presidente da Cimbal está convencido que o aeroporto “tem pernas para andar”, mas reconhece que a chegada de mais passageiros ao terminal de Beja não é “um processo simples”, reconhecendo que os responsáveis da ANA no Alentejo estão empenhados promover este destino junto dos operadores aéreos.

 

Para isso, é essencial que o Governo proporcione “melhores infraestruturas de comunicação”, nomeadamente a ligação à autoestrada e a eletrificação da linha entre Casa Branca e Beja. Para já, segundo a ANA, a aposta passa pelo crescimento do serviço de carga aérea, manutenção de aeronaves e aviação executiva e para isso irá ser construído um segundo hangar.

 

Para o futuro próximo, poderá vir a ser avaliada a recuperação do táxi-way e a placa de estacionamento que permita receber aeronaves e o embarque o desembarque de passageiros, mas também sirva o serviço de correio, carga e abastecimento.

 

A Cimbal e a Vinci comprometeram-se a “desenvolver ações conjuntas para a promoção e dinamização da utilização do equipamento num futuro próximo”.

 

PCP QUESTIONA GOVERNO

Na sequência da garantia dada por António Ceia da Silva, durante a inauguração das piscinas descobertas de Beja, de que a eletrificação da linha ferroviária entre Casa Branca e Beja, incluindo o ramal para o aeroporto, “vai mesmo avançar”, João Dias, deputado do PCP eleito por Beja, questionou o Governo acerca das declarações do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo.

 

Em resposta ao “Diário do Alentejo”, na terça-feira, Ceia da Silva reiterou que “estão garantidos cerca de 100 milhões de euros” e que a obra será concluída dentro do “prazo previsto”, até 2030.

 

O deputado comunista, estranha o valor da verba avançada pelo presidente da CCDR Alentejo, uma vez que, segundo ele, “o Programa Regional do Alentejo 2021-2027, que se [encontrava] em consulta pública até dia 8 de setembro, prevê para esta intervenção na Linha do Alentejo o montante de 80,6 milhões de euros”, concluindo que, assim, se verifica um aumento de 25 por cento daquilo “que está inscrito no Programa Regional do Alentejo, ou seja, mais 20 milhões de euros”.

 

O PCP pretende saber “o que justifica a referência ao montante de “cerca de 100 milhões de euros garantidos para que a operação seja feita” e “qual a calendarização da modernização e eletrificação da linha do Alentejo, e para quando está prevista a sua conclusão”?

 

João Dias aproveitou ainda para, a propósito da ligação ao Porto de Sines, questionar o Governo sobre quais as “razões excluem da intervenção em consulta pública, a modernização e eletrificação entre Beja e Ourique que permitirá itinerário alternativo ao Porto de Sines e nova ligação da rede interior ao Algarve, aproveitando as potencialidades da nova ligação Évora - Elvas - Caia, bem como o retomar de condições para o transporte de minério de Aljustrel por modo ferroviário”.

 

CONSELHO INTERMUNICIPAL DA CIMBAL

Na reunião do Conselho Municipal da Cimbal foi ainda aprovada o protocolo a estabelecer com Fundo Ambiental, no âmbito do Programa RecolhaBio – Apoio à implementação de recolha seletiva de Biorresíduos, num valor de cerca um milhão de euros e que beneficiará todos os municípios da região.

 

Pretende-se “reduzir a deposição de resíduos em aterro” e promover “a recolha seletiva de resíduos e projetos de compostagem comunitária ou doméstica”. Estes projetos são comparticipados a cem por cento.

 

Os autarcas destacaram ainda “o excelente e inigualável trabalho que os Grupos de Ação Local (GAL) têm desenvolvido no Baixo Alentejo, através da abordagem Leader, permitindo o reforço da coesão territorial e prestando apoio a um conjunto alargado de entidades”, considerando “necessário que o Portugal 2030 proporcione as condições para estas entidades continuarem a sua ação nos territórios mais desfavorecidos”.

 

Neste momento, no Baixo Alentejo estão em atividade atividade Alentejo XXI, Esdime, Rota do Guadiana, Terras do Baixo Guadiana e Terras Dentro.

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