Diário do Alentejo

"A crescente procura pelos prazeres da contemplação"

03 de setembro 2022 - 16:00
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O Dark Sky Alqueva, em Cumeada, no concelho de Reguengos de Monsaraz, foi inaugurado em 2007 e o primeiro destino do mundo certificado para turismo de observação do céu, em 2011, como Starlight Tourism Destination.

 

A partir do Alqueva, este projeto de astroturismo tornou-se transfronteiriço, integrando atualmente 10 municípios em Portugal e 13 em Espanha, cobrindo uma área de cerca de 10 mil quilómetros quadrados em torno do grande lago do Alentejo. O “Diário do Alentejo” falou com Apolónia Rodrigues, presidente da Associação Dark Sky.

 

Recentemente, os International Travel Awards, distinguiram a Associação Dark Sky Alqueva com o prémio Europe’s Best Tourism Attraction 2022.

 

Texto José Serrano

 

O que representa para a Associação esta distinção?

É uma grande honra, um reconhecimento que valoriza o nosso trabalho relativo ao produto astroturismo. Não basta ter um labor de qualidade na criação e desenvolvimento e depois falhar na forma de apresentar ao seu público os serviços que refletem a temática do destino. Por isso, a importância dada ao trabalho de bastidores é a mesma que é dada à implementação dos serviços específicos. O Observatório Oficial Dark Sky Alqueva acaba por ter três funções especiais – a implementação de atividades ligadas ao tema, como as sessões de observação solar e noturna, provas cegas de vinho, etc.; a ligação à Rede Oficial de Parceiros Dark Sky e atividades complementares, como a canoagem noturna; a captação de imagens de céu profundo que contribuem para a reputação do destino.

 

Quais as características da região que possibilita um céu tão consagrado?

O território Dark Sky Alqueva tem uma excelente qualidade de céu, sendo muito importante reforçarmos o trabalho de combate à poluição luminosa que neste momento de incerteza face ao aumento do custo da eletricidade ainda assume maior urgência. Mas para o astroturismo não podemos apenas avaliar a qualidade do céu, temos sim de juntar a qualidade da oferta turística e a sua preparação para receber os astroturistas. Outro elemento importante é a disponibilidade do recurso, neste caso o céu noturno – para isso conta o critério de avaliação “cloudless”, a ausência de nuvens. O destino Dark Sky Alqueva conta, anualmente, com 286 noites de céu limpo.

 

Este e outros prémios que a Associação Dark Sky tem, continuadamente, vindo a receber indiciam um novo paradigma nacional e europeu de turismo, mais voltado para os prazeres da contemplação?

Sem dúvida. Foi a perceção sobre esta tendência que me fez apostar num destino de astroturismo, em 2007, altura em que pouco se falava sobre o assunto. Claro que investir num produto que estava baseado em tendências futuras da procura trouxe muito obstáculos e recebeu poucos apoios, mas, na minha opinião, e apesar de todas as dificuldades inerentes, é a melhor forma de preparar um destino para uma procura futura, com o máximo de retorno.

 

Considera a Dark Sky Alqueva ampliar o seu raio de ação, podendo vir a estar presente em outras localidades, no Alentejo?

O Município de Estremoz decidiu, em reunião de câmara, aderir e assim fazer parte do destino Dark Sky. Esta integração assume especial interesse, tendo em conta o trabalho que tem sido desenvolvido pela European Network of Places of Peace, projeto internacional nascido e com sede em Evoramonte [freguesia de Estremoz], permitindo juntar os dois objetivos e criar novidades no seio da oferta já existente.

 

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