Diário do Alentejo

Bombeiros de Beja reforçam corporação

05 de agosto 2022 - 13:00
São cinco os novos operacionais que estarão no terreno, pelo menos, até 2025
Foto | Ana Filipa Sousa de SousaFoto | Ana Filipa Sousa de Sousa

O concelho de Beja passa, a partir da semana passada, a contar com duas Equipas de Intervenção Permanente e um Grupo Permanente de Bombeiros que permitirá uma “previsibilidade, intervenção e prontidão diferente” daquela que existia anteriormente. 

 

Texto Ana Filipa Sousa de Sousa

 

Além da Equipa de Intervenção Permanente (EIP), em funcionamento desde maio 2019, os Bombeiros Voluntários de Beja contam agora com outra EIP composta por cinco elementos, três homens e duas mulheres, que pretendem oferecer à população uma “capacidade de resposta e de reação em situações de emergência” no  concelho ou em outros pontos do território. Estes apresentam uma elevada especialização, “com competências em valências diferenciadas para atuarem em diferentes cenários”.

 

Para o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros de Beja, Rodeia Machado, este é mais um esforço do que a corporação tem feito para “se apetrechar, ao longo dos anos, com pessoal em permanência” que confere “uma qualidade e uma intervenção rápida a todas as situações de catástrofe [e de incidentes] que possam ocorrer no dia-a-dia”.

 

À semelhança da EIP já existente, os encargos financeiros são “50 por cento” da responsabilidade da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (Anepc) e os restantes «50 por cento” da Câmara Municipal de Beja.

 

Segundo Rodeia Machado, “este é pessoal que fica a pertencer aos quadros”, uma vez que os requisitos legais obrigam a que os cinco elementos sejam voluntários, cumpram 230 horas e, “cumulativamente, as suas funções”.

 

Também para o presidente da Câmara Municipal de Beja, Paulo Arsénio, esta EIP vem “reforçar o contingente de bombeiros de uma forma que permite saber exatamente com quem contar e a que horas contar” aumentando “aquilo que hoje é difícil nas corporações dos bombeiros voluntários que é ter uma previsibilidade dos meios que dispõem”. O autarca garante ainda que a atenção por parte do município aos recursos humanos dos Bombeiros Voluntários é imprescindível e que “se não tivermos bons operacionais a trabalhar, os bons equipamentos não podem ser transportados para sítio nenhum”.

 

“Este é de facto um pulo significativo na capacidade de socorro dos bombeiros e [por isso], a partir de hoje, todos nós, munícipes, ficamos melhor apetrechados. Também a Câmara Municipal mantem o compromisso de continuar progressivamente a reforçar os meios dos Bombeiros Voluntários de Beja”, refere.

 

Apesar do município ser um dos envolvidos para a concretização das EIP, Paulo Arsénio assegura que a gestão operacional das equipas está a cargo dos próprios bombeiros e sem qualquer tipo de intervenção da câmara.

 

O corpo de Bombeiros Voluntários de Beja conta agora com um total de 15 operacionais efetivos na permanência ao socorro, sendo 10 pertencentes às EIP e cinco ao Grupo Permanente de Bombeiros (GPB), criado em 2003. Este foi um dos primeiros a ser instituído no País e contém as mesmas características operacionais que as EIP, com a exceção de que a autarquia é a responsável, na totalidade, pelo seu financiamento. Desta forma, este grupo de operacionais passa a oferecer uma “previsibilidade de escalas de serviço, de intervenção e prontidão diferente” daquela que existia em 2017, em que apenas o GPB estava a executar esta função.

 

Para Rodeia Machado, este leque de operacionais permitirá dar uma “resposta cuidada e atempada” aos mais de 400 serviços por mês do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) e de outras ocorrências com a garantia de “uma melhoria no socorro”. O presidente da associação afirma ainda que a complementaridade entre bombeiros voluntários e permanentes “é fundamental”, bem como o aumento de mulheres na corporação.

 

“O nosso corpo de bombeiros tem cerca de 100 homens e mulheres, tendo o número de pessoal feminino crescido nosúltimos anos. [Este facto], que não tínhamos, e que nos deixa com muito orgulho dá uma nova dinâmica, criação eatividade [à corporação] ”.

 

CADA VEZ HÁ MENOS BOMBEIROSSegundo a Base de Dados de Portugal Contemporâneo, Pordata, desde que há registo (ano de 1993), nunca houve tãopoucos bombeiros, profissionais ou voluntários, em Portugal, tendo em conta os últimos dados disponíveis e referentesa 2020: 26 125 indivíduos.

 

Um número bastante inferior ao primeiro ano registado (38 126) ou, por exemplo, a 2006, período em que havia mais bombeiros a nível nacional: 42 258. Aliás, desde esse ano que o número de bombeiros tem vindo a diminuir de forma consistente, excetuando os anos de 2011 e 2012, em que houve um aumento de cerca de 1300 operacionais a nível nacional. No entanto, em 2013 os valores voltaram a cair para o valor mais baixo até então (29 703), mantendo a tendência até 2020, ano dos últimos dados disponíveis. No que diz respeito ao Baixo Alentejo, de acordo com a Pordata, em 2020 havia 508 bombeiros na região: 38 em Aljustrel, 40 em Almodôvar, 26 em Alvito, 26 em Barrancos, 69 em Beja, 35 em Castro Verde, 23 em Cuba, 37 em Ferreira do Alentejo, 35 em Mértola, 49 em Moura, 55 em Ourique, 41 em Serpa e 34 na Vidigueira. Entre 2010 e 2020, houve um decréscimo de 75 operacionais na região, uma situaçãotransversal a todas as corporações.

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