Diário do Alentejo

Alentejo atento às infeções por hepatites virais

30 de julho 2022 - 10:00
Faltam condições e meios para aumentar as campanhas de sensibilização
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A propósito do Dia Mundial das Hepatites Virais, 28 de julho, o coordenador da Região Alentejo das Hepatites Virais, Telo Faria, aponta ao “Diário do Alentejo” que existem cerca de 2000 doentes diagnosticados e aproximadamente 700 por diagnosticar na região.

 

Texto Ana Filipa Sousa de Sousa

 

Numa altura em que faltam apenas oito anos para se cumprir com as metas propostas para a erradicação da hepatite viral como ameaça global à saúde pública, o coordenador da Região Alentejo das Hepatites Virais, Telo Faria, garante que nas quatro sub-regiões do Alentejo existem 2000 casos diagnosticados e cerca de um terço desse número por fazê-lo.

 

Ainda que os estudos epidemiológicos sejam “parcos” estima-se que sensivelmente 30 por cento das mortes causadas por complicações das hepatites virais são por cirrose hepática e cancro no fígado, sendo a região alentejana “sobreponível” em relação ao resto do país. Quando analisado por sub-regiões, o coordenador de 62 anos, afirma que o Alentejo Litoral é aquele que “terá uma maior incidência, por ter um porto internacional, e consequentemente um maior número de contactos com outras gentes, e ainda população migrante”.

 

“O NÍVEL DE LITERACIA NO BAIXO ALENTEJO NÃO É O QUE DESEJAMOS”

Para Telo Faria a forma como a população ainda olha para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das hepatites virais, assim como das infeções por VIH/SIDA, não é aquela “que nós desejamos”. “Isto deve-se em grande parte às instituições e profissionais de saúde que não têm as condições e os meios, para a realização de campanhas organizadas, no sentido dessa sensibilização e conhecimento”, afirma. A falta de condições de trabalho e disponibilidade dos profissionais do setor responsáveis pela área também tem condicionado os números atuais, impossibilitando-os de “refletir e ponderar estratégias de atuação”.

 

Na opinião do coordenador regional, é imprescindível que se realizem “campanhas diversificadas de acordo com o nível etário, social e cultural” e, especialmente, com a população vulnerável, como toxicodependentes, profissionais do sexo masculino e femininos, reclusos e migrantes, “onde o nível de população infetada é de 8 por cento, ao contrário da população em geral que é 1 por cento no nosso país”.

 

Ainda assim, Telo Faria elogia o trabalho que se tem vindo a desenvolver nos últimos anos, tanto ao nível do Programa Nacional das Hepatites Virais, como das coordenações regionais. Na coordenação do Alentejo, tem-se privilegiado a formação de técnicos de saúde nas várias áreas no âmbito das hepatites virais, a implementação de testes rápidos às principais hepatites em Portugal (A, B e C), as palestras e os convidados nos Encontros Regionais de Hepatites Virais e a atividade desenvolvida nos centros de saúde e nos Centros de Acolhimento e Detenção de Beja e Évora (CAD).

 

A IMPORTÂNCIA DE SE ASSINALAR O DIA MUNDIAL DAS HEPATITES VIRAIS  

A comemoração do Dia Mundial das Hepatites Virais, celebrado ontem, em vários pontos do país é visto por Telo Faria como “um bom prenúncio” após dois anos de intervalo, causado pela pandemia da covid-19. Nas cidades de Beja e Évora estiveram presentes dois veículos móveis, cedidos pelo Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), que preteneram “aumentar a literacia da população”, informar quanto aos horários e localização dos CAD para a realização de testes anónimos das hepatites víricas, bem como consciencializar para a importância do rastreio e do uso de métodos barreiras na prevenção da transmissão da infeção.

 

CENTRO DE ACOLHIMENTO E DETENÇÃO DE BEJA

O CAD de Beja realiza testes rápidos e anónimos de segunda a quarta-feira entre as 10:00 e as 12:00 horas e as 15:00 e as 17:00 horas. Telo Faria salienta que o tratamento das hepatites virais é comparticipado a 100 por cento pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), tem uma duração entre oito a 12 semanas e uma taxa de cura de 97 a 98 por cento.

 

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