Texto Nélia Pedrosa
Ser um “ponto de encontro” entre os “avós” do Centro Qualifica de Almodôvar e os “netos” do Clube de Ciência Viva da Escola EB 2,3/S Dr. João de Brito Camacho “no combate à iliteracia digital no interior do País, no profundo Baixo Alentejo”, é um dos principais objetivos do Laboratório Digital Fundação Altice, inaugurado recentemente no referido estabelecimento de ensino da vila.
Representando um investimento “superior a 50 mil euros”, o laboratório digital é fruto de um projeto conjunto do Centro Qualifica de Almodôvar e da Fundação Altice. Contou ainda com a colaboração da Somincor e da Câmara Municipal de Almodôvar.
António Espírito Santo, coordenador do Programa Qualifica do Agrupamento de Escolas de Almodôvar, adianta ao “Diário do Alentejo” que o novo laboratório “é um espaço tecnologicamente avançado”, equipado com “drones, óculos de realidade virtual, impressoras 3D, tablets, telemóveis, monitores LCD de grande dimensão e braços robóticos, entre outro material”, que se destina a toda a comunidade, não só a educativa.
De acordo com António Espírito Santo, com a criação do laboratório digital, projeto que começou a ganhar forma nos finais de 2020 “com o anterior presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca”, pretende-se combater a “iliteracia digital”, a “infoexclusão”, problemas que ganharam ainda mais relevância com a pandemia de covid-19.
“Nós tínhamos a necessidade, a Altice a vontade de patrocinar o laboratório. Apresentámos a candidatura e foi aprovada. A fundação financiou tudo o que é equipamento digital. Depois a Somincor adquiriu as mesas e cadeiras para o laboratório e a câmara municipal apoiou-nos com o trabalho de graffiti, da autoria do artista de renome Vile, realizado numa das paredes do laboratório”, explica.
O responsável sublinha ainda que é fundamental “preparar os jovens para o mercado de trabalho”, não “numa lógica de política educativa só do saber”, mas apostando “num ensino mais focado no saber-fazer”, “valorizando cada vez mais as capacidades e atitudes, o saber-fazer e o saber-estar”. O laboratório digital comporta, assim, “ambientes educativos aliciantes com o uso de tecnologia que privilegiam a ação do aluno, favorecendo a motivação, a criatividade, o pensamento crítico, a resolução de problemas e o envolvimento do aluno na construção individual e coletiva do conhecimento”.
António Espírito Santo frisa que o passo seguinte passará por “perceber” como “se poderá envolver os professores e os alunos nestes processos de aprendizagem com pedagogias mais avançadas”, proporcionando “um impacto positivo nos alunos”.
Ao nível da comunidade em geral, esclarece o coordenador, o Centro Qualifica irá criar, com a Câmara Municipal de Almodôvar, programas que permitam envolver toda a população, transformando, assim, o novo laboratório “num verdadeiro projeto de inserção digital”.
“Vamos começar a utilizar o laboratório no início do próximo ano do letivo já com planos de aulas específicos” para todos os públicos, reforça António Espírito Santo.
“Ser digitalmente competente, ou possuir literacia digital”, sublinha, no entanto, o Centro Qualifica de Almodôvar, é muito mais do que saber usar um smartphone ou um computador, pelo que o que se pretende “é cidadãos capazes de usar as tecnologias digitais de modo crítico, cooperante e criativo”, o que “é muito importante para o desenvolvimento de uma sociedade informada e que ajuda a combater problemas como as fake news e outras práticas pouco seguras online”.
Os Centros Qualifica, implementados no âmbito do Programa Qualifica, são centros “especializados em qualificação de adultos, vocacionados para a informação, o aconselhamento e o encaminhamento para ofertas de educação e formação profissional de adultos com idade igual ou superior a 18 anos que procuram uma qualificação”.