Diário do Alentejo

Alentejo pode deixar de ser região de convergência

31 de maio 2022 - 12:30
Alerta lançado por Ceia da Silva durante a cimeira das Regiões Europeias para as Comunidade Inteligentes

Texto Aníbal Fernandes

 

Os investimentos em Sines podem fazer com que o Alentejo ultrapasse os 75 por cento de rendimento per capita a nível europeu e deixe de ser considerada uma região de convergência. Este alerta foi lançado pelo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo, António Ceia da Silva, durante a segunda cimeira das Regiões Europeias para as Comunidades Inteligentes, que teve lugar em Évora, entre os passados dias 9 e 14 de maio.

 

A cimeira, que foi promovidapela CCDR do Alentejo, teve como objetivo a análise de uma visão comum de cooperação, excelência, interoperabilidade e inovação orgânica, com base na transformação digital e reuniu líderes locais e regionais de toda a Europa. Em discussão esteve a forma de envolver os cidadãos nesta problemática e a promoção de pequenas cidades a comunidades inteligentes.

 

Os trabalhos contaram com a presença da Comissária Europeia responsável pela Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, e Bernardo Ivo Cruz, secretário de Estado da Internacionalização. O presidente da CCDR Alentejo, mostrou-se preocupado na sessão de abertura “com a inclusão de novas NUTs II” e a possibilidade de Sines levar “a que Alentejo ultrapasse os 75 por cento de rendimento per capita em termos europeus” o que pode significar “deixarmos de ser uma região de convergência e isso é preocupante.”

 

Ceia da Silva disse que para este tipo de territórios “é decisivo e importante falar em coesão, é algo que, porventura, em alguns países deixa de ser o fator essencial, mas para o Alentejo é decisivo, ou seja, o nosso território tem de ser cada vez mais inclusivo, cada vez mais coeso e tem de haver cada vez menos assimetrias regionais. A sustentabilidade para o Alentejo é decisiva” e passa pela digitalização. “Só podemos ter dinâmicas de crescimento se tivermos uma região totalmente digitalizada” a par da “inovação social”, um esforço que terá de ser prosseguido no próximo quadro comunitário.

 

ENORMES POSSIBILIDADES

Elisa Ferreira afirmou que “o digital oferece enormes possibilidades, desde que exista” e, portanto,” é preciso que exista e que as pessoas saibam trabalhar com ele”. A comissária europeia diz que quando este recurso “é bem utilizado e se houver um plano integrado, ele pode transformar o interior do país, ou algumas das zonas que neste momento estão mais envelhecidas, em zonas muito interessantes para atracão de novas famílias de novos técnicos.”

 

Elisa Ferreira reconheceu que os municípios “não podem fazer tudo sozinhos, mas podem aprender com outras zonas e podem pensar de forma estratégica, porque não tem de estar toda a gente na sede, na cidade mais desenvolvida, desde que depois haja comunicações relativamente fáceis e bens essenciais, como centros de saúde ou hospital.”

 

No que diz respeito ao Alentejo, em concreto, a comissária europeia considera que “tem todas as condições para esse desenvolvimento digital, até porque já tem cidades reconhecidas com uma boa dinâmica, com imensa qualidade urbana, com universidade, com centros de interface, indústria e com uma série de empresas que se começam a querer aqui localizar”. A região “tem que aproveitar estas novas dinâmicas e gerar ambientes onde haja condições para atrair novas empresas e criar novos empregos”, concluiu.

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