Diário do Alentejo

IP8 e linha do Alentejo (quase) em ponto morto

18 de maio 2022 - 16:45
Pedro Nuno Santos anuncia concurso para as obras nas variantes de Ferreira do Alentejo, Beringel e Aljustrel
Foto | José Ferrolho/ArquivoFoto | José Ferrolho/Arquivo

O ministro das Infraestruturas e da Habitação esteve recentemente no parlamento para apresentar o Orçamento do Estado para 2022. Os deputados eleitos por Beja, Nelson Brito, do PS e João Dias, do PCP, questionaram o ministro, mas as respostas foram poucas.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

A audição do ministro das Infraestruturas e Habitação, no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2022 perante a Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, poucas novidades revelou no que diz respeito ao distrito de Beja.

 

O deputado do PS, Nelson Brito, levou ao Parlamento a questão das acessibilidades rodoviárias, nomeadamente, o IP8 – entre Sines e Vila Verde de Ficalho – a variante de Aljustrel e o IC4, em Odemira, e quis saber a posição do Governo acerca de “um plano com o apoio do Banco Europeu de Investimento” para a reparação da rede de estradas nacionais, regionais e municipais no distrito de Beja.

 

O deputado socialista referiu ainda durante a sua intervenção “a eletrificação da linha Beja/Casa Branca e sua ligação à infraestrutura aeroportuária de Beja, bem como a reativação do troço entre Beja e Funcheira”, mas o ministro nada esclareceu sobre este assunto.

 

Também o deputado do PCP, João Dias, se referiu à questão ferroviária, lamentando que dos 1377 quilómetros de linha anunciados pelo Governo e de “tantos milhões” do PRR, “não haver um pouco para o Alentejo”.

 

No que se refere ao IP8, o deputado comunista criticou a intenção do Governo de apenas “remendar” a via, em vez de retomar a obra original suspensa pelo governo de Passos Coelho.

 

Pedro Nuno Santos, respondendo diretamente a um comentário de João Dias, e depois de anunciar o lançamento das obras das variantes de Ferreira do Alentejo, Beringel e Aljustrel, disse que “um dos erros que se cometeram no passado em Portugal foi avançarmos para grandes investimentos rodoviários que depois não tinham correspondência na sua utilização. Temos de fazer a infraestrutura de acordo com aquilo que faz sentido no momento em que a estamos a fazer”, justificou o ministro, concluindo que “em havendo procura e desenvolvimento” pode-se ampliar o projeto.

 

Nelson Brito, em declarações ao “Diário do Alentejo” disse não ter ficado desiludido com as poucas respostas de Pedro Nuno Santos, até porque “o ministro explicou que perante 70 questões não teria tempo de responder a todas”. O deputado socialista diz, no entanto, que em relação à linha férrea “está a decorrer um concurso” e que as reparações “pontuais e urgentes estão a ser efetuadas” na rede rodoviária do distrito.

 

Nelson Brito lembrou que “estamos no arranque da legislatura”, que será de quatro anos e meio, e que “a exigência que faz, enquanto deputado e dirigente do PS, é que até ao fim da legislatura o projeto do IP8 seja cumprido”.

 

Já João Dias, do PCP, considera que para Beja “pouco ou nada vem em termos de investimento em infraestruturas”. Em declarações ao “Diário do Alentejo após a audição, o deputado comunista disse que “mais uma vez, o Governo vem com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma”, considerando que este é “um Orçamento do Estado que acentua as desigualdades entre os territórios”.

 

“É inaceitável continuar com as obras do IP8 abandonadas, tanto mais quando se vai concluir a ligação entre Sines e o nó da A2/Grândola Sul em perfil de autoestrada e o resto da ligação até Beja/Serpa/ Vila Verde de Ficalho não terá a mesma sorte”, diz João Dias, acrescentando que o “mais grave de tudo é o completo desinvestimento na ligação entre Beja e a fronteira. “É uma visão que além prejudicar o distrito de Beja é errada uma vez que esta importante infraestrutura será tanto mais potenciada quanto mais for toda ela concluída na íntegra”.

 

Em relação à ferrovia o deputado do PCP lamenta que “a eletrificação de toda a linha do Alentejo” continue “fora dos planos do Governo, não se aproveitando o que esta pode representar na ligação entre o porto de Sines e a Europa”.

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