Diário do Alentejo

Consórcio alentejano unido pela saúde e investigação da região

11 de maio 2022 - 17:15
Iniciativa pretende contrariar a falta de recursos humanos, financeiros e investigativos na área da saúde

Texto Ana Filipa Sousa de Sousa

 

Os problemas sociais da região, os desafios com que as entidades de saúde alentejanas se confrontam diariamente e a necessidade de avançar no campo investigativo foram os motivos que deram início ao Centro Académico Clínico do Alentejo (C-Trail), um consórcio entre a Universidade de Évora (UE), o Instituto Politécnico de Beja, o Instituto Politécnico de Portalegre, a Administração Regional de Saúde do Alentejo, a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba), as unidades locais de saúde do Litoral Alentejano e do Norte Alentejano, para além do Hospital do Espírito Santo de Évora.

 

Segundo a portaria de criação do C-Trail, assinada pelo anterior ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, e pela ministra da Saúde, Marta Temido, a associação entre instituições de ensino superior, de investigação e desenvolvimento, e as unidades prestadoras de cuidados de saúde, permite elevar as respetivas qualidades, a divulgação e a reflexão do conhecimento, a potencialização da inovação na prática clínica e a melhoria dos cuidados ao nível do compromisso dos cidadãos com a saúde.

 

“O C-TRAIL, à semelhança dos centros académicos clínicos existentes, representa uma das formas de organização promissora de estrutura integrada de assistência, ensino e investigação em saúde, tendo como principal objetivo o avanço e aplicação do conhecimento e da evidência científica para a melhoria dos cuidados prestados à população”, explica ao “Diário do Alentejo” a presidente do Conselho de Administração da Ulsba, Maria da Conceição Margalha.

 

O mesmo estará sediado na Escola de Saúde e Desenvolvimento Humano da UE e dará enfoque às áreas das ciências biomédicas, médicas, engenharia biomédica, saúde pública, políticas de saúde, economia, ciências e tecnologia da saúde, robótica e enfermagem, envolvendo os profissionais hospitalares, dos cuidados de saúde primários, dos cuidados continuados integrados e dos paliativos. Terá ainda especial atenção na maximização dos recursos humanos, materiais e tecnologia, a criação de parcerias estratégicas internas e externas para fomentar uma cultura de investigação nacional e internacional, um olhar atento para as necessidades demográficas e sociais da região alentejana e a introdução de programas inovadores e de desenvolvimento tecnológico que otimizarão a partilha de informação e a inteligência artificial num contributo para uma saúde digital em rede.

 

De forma particular, a ULSBA pretende ainda, de forma indireta, “evidenciar-se sobretudo para a comunidade médica como uma instituição mais atrativa” permitindo, assim, um possível aumento e “fixação de recursos humanos”. Maria da Conceição Margalha, lamenta que este seja um “entrave comum” a todo o Serviço Nacional de Saúde, mas mais acentuado na região alentejana pela “interioridade e acessos muito difíceis” na maioria dos concelhos. A este problema juntam-se, consequentemente, a “evidente escassez de recursos financeiros afetos à investigação” que não permite aproximar a inovação hospitalar ao Alentejo.

 

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