Diário do Alentejo

"Os museus têm de ser espaços dinâmicos e vivos"

15 de fevereiro 2022 - 10:35

Três perguntas a Paula Lampreia, Vereadora da Câmara Municipal de Aljustrel

 

 

Texto José Serrano

 

O Museu Municipal de Aljustrel já definiu o seu projeto educativo para as escolas da região, para o ano 2022. Quais as principais atividades que o museu pretende levar junto dos alunos do concelho?

Ao criar este projeto educativo é intenção do Município de Aljustrel dar uma resposta à comunidade escolar, proporcionando a todos os estabelecimentos de ensino do concelho propostas diferenciadoras e, sobretudo, enriquecedoras. Trata-se, por isso, de um projeto que assenta a sua génese no património, na transmissão de valores e na partilha da identidade. Através da equipa do Museu Municipal de Aljustrel, a autarquia oferece diversas atividades, e nas quais as escolas podem inscrever-se, tendo por base uma programação rica e variada. Destaco, por isso, este ano, as propostas “Álbum de Memórias – Recolha de Lendas, Versos, Anedotas e Histórias Sobre Aljustrel”, “ Visita Virtual ao Núcleo Museológico do Tipógrafo”, “Um dia verdadeiramente extraordinário na vida de Manuel Mineiro” e “Ciclo do Pão”. Durante o ano, porém, poder-se-ão ainda realizar outras iniciativas, que vão, precisamente, ao encontro de pequenos e graúdos.

 

Qual a importância desta forma lúdica de transmissão de conhecimento para a construção da identidade dos jovens aljustrelenses, através do conhecimento do seu património local?

Consideramos que só conhecendo a nossa história, as nossas origens, podemos contribuir para uma sociedade que se orgulha do seu passado e que perspetiva um futuro de continuidade desse legado. O património cultural, seja ele material ou imaterial, é claramente um recurso que comporta valiosas componentes e que podemos e devemos potenciar. Entendemos que é nossa obrigação passar esta herança às gerações mais novas, porque no futuro serão elas as detentoras da sua preservação. Para tal, é necessário mostrar-lhes de forma inovadora e lúdica a diversidade tipológica, como o património arquitetónico, museológico, etnológico e gastronómico. Somos um povo que sabe ter memória e que se orgulha muito do que herdou, por isso é naturalmente que damos a conhecer a nossa identidade local.

 

Provam estas atividades a relevância e indispensabilidade de uma nova conceção de museu, deixando de ser, unicamente, um repositório de objetos e memória coletiva?

Sem dúvida. Os museus, cada vez mais, têm de ser espaços dinâmicos e vivos. Têm de ir também ao encontro das pessoas, precisam de sair das suas paredes e levar a história ao encontro de quem a precisa conhecer. O museu, sendo apenas um depositário de objetos, não cumpre a sua função. O seu papel social evoluiu e não é apenas um espaço para concentrar manifestações artísticas, culturais, históricas, tradicionais e de importância científica. É preciso explorar os acervos de forma inovadora para atrair a população, através de novas abordagens junto do público. E isso só pode ser feito através da democratização do acesso à cultura. Este projeto pretende dar mais um passo nesse sentido.

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