Diário do Alentejo

"A sustentabilidade continua a ser um desafio muito importante"

18 de janeiro 2022 - 16:35

Três perguntas a Francisco Mateus, presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana.

 

Texto José Serrano

Os Vinhos do Alentejo, nos mercados internacionais, apresentaram, em 2021, o valor do preço médio por litro mais elevado dos últimos cinco anos. Podemos dizer que este foi um ano, para os produtores de vinho alentejano, francamente positivo?

Eu diria que foi um ano positivo, ao nível da exportação, em termos de valorização do Alentejo, sim. As maiores exportações do Vinho do Alentejo ocorreram para o Brasil, Suíça, Estados Unidos da América, Polónia e Reino Unido, estes são os cinco países principais e em todos eles houve crescimento de valor, dos nossos vinhos. Comparativamente a 2020, também o número de litros exportados para a grande maioria destes países aumentou – só nos Estados Unidos é que houve uma ligeira diminuição.

 

Que características distintivas dos Vinhos do Alentejo lhes permitem ser tão apetecíveis por esses mercados, além-fronteiras?

A notoriedade da região está melhor. Para tal contribui, certamente, a qualidade dos vinhos alentejanos mas também os esforços que temos feito ao nível da sustentabilidade da sua produção, que está a dar frutos, internacionalmente. Começamos a ser conhecidos no mundo por aquilo que temos vindo a fazer, (nomeadamente a implementação do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo, em 2015, e o selo de Certificação de Produção Sustentável, em 2020) e isso desperta, obviamente, a atenção dos mercados estrangeiros para o produto. Em termos qualitativos, o Alentejo tem a possibilidade de oferecer várias gamas a vários preços, sendo que as castas mais tradicionais e identitárias do Alentejo (nos tintos – o Alicante Bouschet, o Aragonês, o Trincadeira; nos brancos – o Antão Vaz e o Arinto) estão a ser descobertas internacionalmente, pois existe atualmente uma predisposição do mercado mundial em experimentar castas diferentes e está a descobrir na região uma versatilidade que começa agora a conhecer, a apreciar e a pagar por ela.

 

Quais os principais desafios dos produtores de Vinho do Alentejo, para o ano 2022?

A parte da sustentabilidade, na produção de vinho, continua a ser um desafio muito importante. Queremos que ela chegue a cada vez mais produtores e que consigamos ter mais empresas com Certificação de Produção Sustentável, pois é uma forma de nos ajudar a comunicar com os mercados, ajudando à diferenciação dos nossos vinhos. O outro grande desafio é conseguirmos colocar mais vinhos nos mercados internacionais, garantindo assim mais valor para o vinho da região. Estes serão os principais aspetos que, julgo, o setor deverá ter em mente.

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