António Melgão é o pasteleiro proprietário de uma fábrica de chocolate em Montemor-o-Novo que criou uma exposição com esculturas "de grandes dimensões" feitas de chocolate para atrair visitantes até ao seu oficio.
“Aquilo que as pessoas veem nas peças é tudo chocolate e só chocolate. Por muito incrível que pareça, mas é realmente só chocolate”, garante o pasteleiro.
Desafiado por um funcionário, o chocolateiro deu ‘largas à imaginação’ e, num trabalho iniciado em agosto passado e concluído agora, criou quatro esculturas, com um total de “250 a 300 quilos” de chocolate, com a ajuda de um outro pasteleiro. A primeira obra criada representa uma ovelha e foi feita com recurso a “uma técnica de escultura”, como aquela que se utiliza quando se “trabalha o barro”, mas há outras que implicaram técnicas diferentes, como moldes e peças cortadas e coladas, revela.
Na exposição patente ao público até dia 22 de dezembro, na antiga estação de comboios da cidade, a época festiva do Natal também não foi esquecida por Melgão e uma das esculturas é mesmo inspirada na ‘magia’ natalícia. Um trenó, o Pai Natal, um pinheiro, bonecos de neve e presentes são as ‘estrelas’ da peça, constando ainda da mostra mais duas esculturas, ligadas à génese da própria unidade fabril. Uma dessas peças é a representação de um cacaueiro, a árvore do cacau, e a outra reproduz elementos relacionados com os caminhos-de-ferro, nomeadamente uma carruagem e uma roda de comboio, entre outros.
Para o pasteleiro alentejano, a criação destas esculturas capazes de fazer ‘derreter’ os visitantes, para as quais treinou com peças mais pequenas, foi uma nova ‘aventura’, depois de, em anos anteriores, ter criado bombons com sabores exóticos ou ‘reinventado’ o bolo-rei com batata-doce e cereja do Fundão.
“Foi a primeira vez que fizemos isto para expor”, assinala, lembrando que foi a forma que encontrou para abrir ao público, pela primeira vez, as portas da fábrica, que iniciou a laboração no final de 2019.
Para o próximo ano, António Melgão admite dar continuidade à iniciativa e confessa que está a “pensar criar algo, talvez, até um pouco maior”, com a participação de outros chocolateiros.
“O chocolate é muito mais do que aquilo que se vê numa tablete ou num bombom”, sublinha, considerando que este produto tem “especificidades e características” que “a maior parte do público não conhece” e pode ser “utilizado de muitas formas”.
Apesar de serem feitas com chocolate comestível, segundo o também empresário, estas quatro esculturas vão ser conservadas “num ambiente com humidade e temperatura controladas” para poderem “durar muitos anos sem se estragarem”.
Além destas peças, a mostra integra ainda máquinas que constituem “uma linha mais pequena” de processamento da semente de cacau e fabrico de chocolate.
Devido à pandemia de covid-19, a empresa de Melgão, que faz chocolate, sobretudo, para o mercado da restauração, pastelaria e hotelaria, está a trabalhar a ‘meio gás’. Envolvendo um investimento de 2,1 milhões de euros, com apoio de fundos comunitários, a empresa, que adquire cacau a produtores do Peru, Nicarágua e São Tomé e Príncipe, dá emprego a 16 pessoas.