Diário do Alentejo

Beja: Partidos com orçamentos de 959 mil euros para autárquicas

28 de agosto 2021 - 08:50

Os partidos e coligações concorrentes às próximas eleições preveem gastar na campanha eleitoral, nos 14 concelhos do distrito de Beja, cerca de 959 mil euros.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

Na batalha da propaganda e esclarecimento que já está em marcha, tendo em vista as eleições autárquicas de 26 de setembro próximo, a CDU bate os socialistas nos gastos no distrito de Beja: enquanto os comunistas orçamentaram cerca de 434 mil euros para as 14 campanhas concelhias; os socialistas ficam-se pelos 330 mil euros.

 

Estes dados são públicos e podem ser consultados na página da internet do Tribunal Constitucional, instituição que tutela a Entidade das Contas e Financiamentos Políticos e onde os partidos e coligações concorrentes têm de depositar os orçamentos concelhios das campanhas.

 

Sem surpresa, CDU e PS são os mais gastadores, mas a quase totalidade dos valores orçamentados têm como origem a subvenção estatal. O mesmo se passa com o Bloco de Esquerda que concorre a seis concelhos (Almodôvar, Beja, Castro Verde, Ferreira do Alentejo, Odemira e Serpa) e conta com 25 300 euros para as ações de campanha. O Chega, que concorre pela primeira vez a autárquicas, apresenta listas em nove dos concelhos. Em Beja, Moura, Serpa e Odemira contam gastar em cada campanha quatro mil euros; enquanto para Aljustrel, Barrancos, Ferreira do Alentejo, Mértola e Ourique destinaram 1500 euros para cada candidatura.

 

Odemira é o concelho onde os socialistas mais investem (39 869,60 euros), à frente de Moura, com 37 282,00 euros e de Beja, com um orçamento 31 835,20 euros. Já a Coligação Democrática Unitária (CDU), liderada pelos comunistas, aposta forte em Serpa (55 000 euros) seguindo-se Moura (48 250 euros) e Beja (44 200 euros).

 

O PSD, ou as coligações que partilha com CDS-PP, PPM, Iniciativa Liberal e Aliança, prevê gastar 101 mil euros, ligeiramente ao valor registado nas últimas eleições autárquicas.

 

No total, os partidos e movimentos independentes preveem utilizar cerca em campana no distrito de Beja cerca de 959 mil euros, menos 106 mil euros do que na campanha de 2017, quando o valor global do orçamento autárquico na região ascendeu a 1,06 milhões de euros.

 

PANDEMIA CONDICIONA

Nelson Brito, presidente da Federação Regional do Baixo Alentejo do Partido Socialista, recorda que as campanhas eleitorais “são um mecanismo das candidaturas e candidatos de fazer chegar as suas ideias e propostas aos eleitores, o que é uma dimensão fundamental da democracia”. Daí que, “obviamente, os meios tradicionais de campanha continuarem a fazer sentido, principalmente se considerarmos que a maior parte da nossa população, pelo seu perfil, não tem acesso a tecnologias de informação e comunicação”.

 

No entanto, o também presidente da Câmara de Aljustrel, admite que “as redes sociais ganharam uma dimensão absolutamente relevante nas nossas vidas” e, portanto, “são, para o bem e para o mal, uma realidade que é impossível de ignorar, pelo que também nas campanhas têm um peso cada vez mais importante”.

 

Quanto ao impacto da pandemia na próxima campanha eleitoral, Nelson Brito considera que “já está a condicionar”, nomeadamente, moderando “os grandes eventos” e obrigando os partidos a focar “a sua ação em iniciativas mais direcionadas” e a apostar “mais ainda nas redes sociais”.

 

“PREVISÕES”

João Pauzinho, responsável pela Direção da Organização Regional de Beja do PCP, questionado sobre o volume de investimento do partido na próxima campanha, explicou que “os orçamentos são previsões, não quer dizer que se gaste”. E face à comparação com o PS, o dirigente comunista diz que “basta olhar para a cidade de Beja para ver quem gasta e faz propaganda”, acrescentando que o PCP não está de acordo com a lei – e votou contra – que estabeleceu as subvenções estatais.

 

A pandemia obriga a outras abordagens na campanha e o recurso aos meios audiovisuais, mas João Pauzinho considera que o contacto com as pessoas é fundamental. Perante o facto de Marcelo Rebelo de Sousa ter sido eleito sem colocar um único cartaz, o responsável do PCP diz que “se experimentassem pôr o João Ferreira sete anos no horário nobre da TVI” também não precisaria de cartazes. Para o dirigente do PCP de Beja, a “ausência e afastamento” de comentadores da área comunista das televisões leva a que seja inevitável um reforço da propaganda nas alturas eleitorais: “se abdicarmos disso seremos completamente eliminados do mapa”, conclui.

 

Gonçalo Valente, presidente da distrital de Beja do PSD, considera que a campanha feita pelos meios tradicionais ainda se justifica, nomeadamente, nos contactos porta-a-porta. No entanto, por outro lado, acha que a aposta nas redes sociais são cada vez mais um meio a considerar para chegar aos eleitores que, espera, possam contribuir para “aumentar o número de eleitos e disputar alguma câmara municipal”.

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