Três perguntas a Diogo Nascimento, coordenador na EDIA
Texto José Serrano
“Conservação do Lince-Ibérico - A Fronteira como Área de Expansão Natural da Espécie”, foi o título do ‘webinar’, recentemente promovido pela EDIA, que acolheu representantes de entidades portuguesas e espanholas. Quais as principais conclusões deste encontro ibérico?
Como principais conclusões, enumeramos: O sucesso do processo de reintrodução do lince-ibérico, na península ibérica, desde 2014; os desafios que se colocam na investigação do coelho bravo, nos próximos anos, com vista a obterem-se densidades que permitam a fixação de animais; a necessidade de se continuar a trabalhar em rede, envolvendo os parceiros do território (Administração Pública, entidades públicas, Organizações Não Governamentais, associações do setor da caça, proprietários rurais), com vista a concretizar as políticas públicas de conservação da natureza, definidas para o lince-ibérico.
Qual a importância que o projeto Pro-Iberlinx, de proteção e conservação do lince-ibérico, tem tido para os territórios abrangidos, nomeadamente os do Baixo Alentejo – Moura e Barrancos?
O projeto Pro-Iberlinx resulta de uma parceria que a EDIA tem vindo a dinamizar, há anos, com vários parceiros de territórios com presença de lince, em Portugal e Espanha. O projeto é financiado pelo programa Interreg, sendo parceiros a EDIA, as Águas do Algarve, a Herdade da Contenda, a Câmara de Barrancos, os Ayuntamientos de Valencia del Mombuey e de Oliva de la Frontera e a Junta da Extremadura. O projeto visa o trabalho em rede, em prol da conservação do lince-ibérico, nos territórios dos parceiros, envolvendo medidas de melhoria do habitat, ações de comunicação e disseminação, monitorização ambiental e seguimento das populações de lince. Só será possível alargar a área de presença de lince, atualmente mais presente no vale do Guadiana, se conseguirmos preparar o habitat – este projeto tem vindo a contribuir para tal. Os trabalhos que temos vindo a realizar no Parque de Natureza de Noudar, em Barrancos, e na Herdade da Contenda, em Moura, permitem criar condições para considerar que este poderá ser um dos próximos territórios onde se poderão fixar, em breve, núcleos de populações.
Como classifica o envolvimento das comunidades locais neste projeto de reintrodução do lince-ibérico?
Existe, para este tema, uma grande recetividade e sensibilidade das comunidades locais, do público escolar e dos proprietários rurais, que vivem nestes territórios, o que tem facilitado o trabalho a desenvolver. Quando temos, por exemplo, necessidade de aceder a propriedades privadas, em Moura e Barrancos, para a realização de trabalhos de monitorização, há sempre uma grande disponibilidade por parte de proprietários e gestores, que percebem que é possível conciliar a conservação da natureza com a atividade económica que desenvolvem.