Diário do Alentejo

Ulsba com dívida de 15,5 milhões a fornecedores

14 de junho 2021 - 09:05

A Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba) tem, nos últimos meses vindo a agravar a sua dívida aos fornecedores. São mais 2,4 milhões de euros do que em março do ano passado.

 

Texto Marta Louro 

 

A dívida da Ulsba aos fornecedores atingiu os 15,5 milhões de euros em março deste ano, invertendo uma tendência decrescente que se registava nos últimos anos. Em 2018 o valor da dívida a fornecedores era de 19,7 milhões de euros, reduzido para 15,3 milhões em 2019 e para 13,1 milhões em março de 2020. No último ano registou um agravamento de 2,4 milhões de euros.

 

A Ulsba justifica este aumento com o “período pré covid-19” que se registou no “primeiro trimestre de 2020”. Contudo, o “primeiro trimestre deste ano já corresponde a um período de covid-19, sendo este último período afetado pelo acréscimo da despesa fruto do aparecimento desta pandemia”.

 

“Os aumentos de despesa verificados estão muito relacionados com a covid-19, e são, além disso, influenciados pela circunstância de, no presente ano, e até esta data, não ter havido nenhuma injeção extraordinária de capital para pagamento de dívidas em atraso, contrariamente ao que aconteceu no período anterior”, explica o conselho de administração da Ulsba.

 

“A pandemia teve (e tem) uma enorme influência neste aumento da despesa, atendendo a que foi necessário reforçar toda a estrutura de recursos humanos, modificar circuitos e garantir a segurança quer dos doentes quer dos profissionais de saúde”, acrescenta a mesma fonte, segundo a qual o combate à covid-19 tem “implicado” a adoção de “medidas excecionais de proteção individual com custos elevados e não previstos anteriormente, não esquecendo os elevados custos dos testes específicos para identificação do novo coronavírus, sendo que, no nosso caso, são adquiridos ao exterior”.

 

Influência nas contas e nas despesas tem também “a recuperação das listas de espera”, geradas pela suspensão de atividade relacionada com a pandemia. Outro aspeto, sublinha o conselho de administração da Ulsba, é “o processo de vacinação”, que “requer aumento de recursos humanos, o que por sua vez, também acarreta custos adicionais”.

 

“Os custos globais de funcionamento vão continuar a existir e terão que ser previstos nos próximos orçamentos. No entanto, neste momento, não temos capacidade de previsão, atendendo a que não conhecemos como irá evoluir a situação a nível global e quais as repercussões locais que se esperam”, concluiu.

 

DIFICULDADES DESDE O INÍCIO

 

Um relatório do Tribunal de Contas (TC) divulgado em fevereiro de 2019, mas referente a 2016, concluía que a Ulsba se manteve “em falência técnica” desde a sua constituição, em 2008. No final de 2016 apresentava capitais próprios negativos de 16,3 milhões de euros, estando a sua atividade a ser financiada “por recurso a capitais alheios”, ou seja, a fornecedores e outros credores, referia o relatório. A causa desta situação está no modelo de financiamento gizado pelo Ministério da Saúde para a Ulsba, “através de contratos programas”, que o TC considera “insuficiente” para fazer face aos seus gastos correntes.

Comentários