Diário do Alentejo

Anunciado projeto de 3,3 mil milhões para Sines

04 de maio 2021 - 11:50

A empresa de capitais anglo-americanos Start Campus vai investir até 3,3 mil milhões de euros num megacentro de dados global em Sines que, ao longo dos próximos quatro anos, criará até 1.200 empregos diretos altamente qualificados e oito mil indiretos.

 

Classificado desde março como Projeto de Interesse Nacional (PIN), o investimento da Start Campus permitirá criar em Sines “um dos maiores ‘campus' de centros de dados da Europa”, refere fonte da empresa, acrescentando que o objetivo é “dar resposta à crescente procura de grandes empresas internacionais de tecnologia fornecedoras de serviços de 'streaming', 'social media', 'ecommerce', 'gaming', educação 'online', videoconferência e outros de processamento e armazenagem de dados e de aplicações empresariais".

 

De acordo com os promotores, o novo megacentro de dados será "a infraestrutura central de última geração no coração do projeto Sines 4.0", combinando "as necessidades da nova era da informação e da transição digital com a posição geográfica única de Sines". O projeto, sublinham, “contribuirá para Portugal reemergir como 'player' chave no mercado internacional de dados e conectividade e construir a próxima etapa da história do país como ponto de ligação europeu nas telecomunicações globais", permitindo ainda “alavancar a posição geográfica estratégica de Sines e de Portugal através dos novos cabos submarinos agora a entrar em operação, em construção ou em desenvolvimento", nomeadamente o EllaLink (ligando Portugal à Madeira e América do Sul), Equiano e 2Africa (que ligará todo o continente africano à Europa através de Portugal).

 

A escolha de Sines para instalação do projeto é justificada por Sam Abboud, porta-voz da Start Campus, com “a disponibilidade de energia verde local a preços competitivos, combinada com a proximidade geográfica a três continentes e com a ligação rápida através de novos cabos submarinos de alta velocidade”. Fatores que fazem de Sines “um local ideal que projeta Portugal no tráfego internacional de dados, apontado como o novo 'petróleo' da economia digital".

 

Trata-se de um “exemplo de excelência” de que a transição digital e energética devem andar aliadas, sublinha por sua vez o primeiro-ministro. Sines, assegura António Costa, "será um dos grandes centros do desenvolvimento económico do nosso país” no século XXI. "Numa economia do futuro, cada vez mais digitalizada, a circulação de dados é crucial. Tal como foi ponto de partida de Vasco da Gama, Sines é também local de excelência para instalação de novos cabos de interconexão digital entre a Europa e outros destinos. Tal como o Porto de Sines trouxe a indústria associada ao transporte de bens e mercadorias, necessariamente os cabos de Sines fazem ponto de ligação para toda a indústria assente em tecnologia".

 

PROJETO DE ENORME RELEVÂNCIA

 

Para o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, trata-se “indiscutivelmente” de um projeto “de enorme relevância para o futuro” do concelho, sendo importante "não apenas pela sua dimensão, mas sobretudo pela inovação” que vai incorporar.

 

"Quando iniciámos as primeiras conversações sobre o desenvolvimento de uma nova área de negócios em Sines, na sequência da instalação do primeiro cabo submarino de comunicações que liga diretamente o Brasil à Europa, tínhamos uma forte expectativa em relação à fixação no concelho de investimentos na área tecnológica. Mas estávamos longe de imaginar que esses projetos começariam a procurar o território quase de imediato", garante o autarca.

 

O projeto prevê a construção de cinco edifícios, o primeiro dos quais a inaugurar em 2023, com capacidade útil de fornecimento de 450 megawatts (MW) de energia aos servidores, e ficará localizado nos terrenos contíguos à recentemente encerrada central termoelétrica a carvão de Sines.

 

MAIOR INVESTIMENTO DESDE A AUTOEUROPA

 

O secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, aponta o "enorme potencial de exportação de serviços" do megacentro de dados global anunciado para Sines, considerando tratar-se do "maior investimento estrangeiro” captado pelo país desde a Autoeuropa. Segundo o governante, o projeto "altera uma parte importante das características do investimento" que tem sido captado para Sines, dado o seu perfil de transição digital e energética.

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