Diário do Alentejo

Câmara de Sines pronta para receber grandes projetos

15 de abril 2021 - 11:00

Nuno Mascarenhas diz que concelho vive “momento de viragem”, de olhos postos na produção de hidrogénio verde

 

A Câmara Municipal de Sines está pronta para receber os grandes projetos anunciados para o hidrogénio verde, que vão envolver os municípios vizinhos nomeadamente na produção de energia solar e promete “novidades” para breve.

 

Texto Fernando Peixeiro (Lusa)

 

A promessa é do presidente da Câmara, em entrevista à Lusa a propósito da aposta do Governo na produção em larga escala de hidrogénio verde (assim chamado porque produzido a partir de fontes renováveis), um tema que esta semana foi objeto de uma conferência, no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia.

 

Nuno Mascarenhas começa por dizer que não tem muita informação além da que vem na comunicação social (projetos de produção de hidrogénio verde para exportação que envolvem pelo menos sete mil milhões de euros) mas admite que tem tido “algumas reuniões”.

 

A questão do hidrogénio verde faz parte de uma estratégia que o Governo português tem de atingir a neutralidade carbónica em 2050, e obviamente é imprescindível diminuir os gases com efeito de estufa, afirma. “Naturalmente que o hidrogénio tem aqui um papel importantíssimo e nós temos acompanhado, desde que o Governo aprovou a Estratégia Nacional para o Hidrogénio, de perto esta temática. Temos tido contacto por parte de alguns investidores, que pretendem instalar em Sines algumas unidades, mas neste momento não passam de intenções, não temos dados em concreto”.

 

O hidrogénio verde produz-se fazendo passar energia pela água através de um catalisador e porque essa energia tem de ser de fontes renováveis são precisos muitos painéis solares. “Isso é um trabalho que está a ser desenvolvido por vários departamentos do Governo português, em conjunto com as autarquias”, estando envolvida a autarquia de Sines mas também a de Santiago do Cacém, “uma vez que são necessárias grandes áreas”.

 

O concelho de Sines, admite Nuno Mascarenhas, não é muito grande, pelo que “obviamente” precisa que os municípios “em redor” tenham também muitas dessas centrais fotovoltaicas. “Existe de facto um trabalho que está a ser feito, coordenado pela secretaria de Estado da Energia, e estamos em crer que dentro de relativamente pouco tempo deve existir novidades relativamente a esta matéria”.

 

A Câmara de Sines, aliás, tomou medidas para evitar que o concelho fosse submerso por painéis solares, ainda que mesmo assim existam muitas áreas disponíveis, num total de dois mil hectares, que podem ser usados para instalar centrais fotovoltaicas. Nas energias renováveis, o autarca diz existirem “em carteira” quase uma dezena de projetos, alguns praticamente aprovados, outros em vias de licenciamento. “Estamos a falar com várias empresas nesse sentido, e os projetos neste momento que estão em causa são projetos muito interessantes. Alguns de produção de hidrogénio, outros que também produzem amoníaco, e todos eles são importantes para substituir aquilo que foi o encerramento da central termoelétrica”.

 

Nuno Mascarenhas refere-se ao encerramento, em janeiro passado, da central termoelétrica de Sines. A central que durante anos produziu energia elétrica a partir do carvão e aqueceu a praia de S. Torpes ainda lá está, mas agora parada, em vias de começar a ser desmantelada. O presidente da câmara recorda que ficaram no desemprego 400 trabalhadores, 150 diretamente da EDP e 250 da parte dos consórcios que trabalhavam na central. Mas diz acreditar que grande parte dessa mão-de-obra será absorvida pelo ‘cluster’ do hidrogénio, mas também por outras áreas que vão ser desenvolvidas, seja no incremento do próprio porto de Sines, seja noutros setores.

 

Sem dar garantias, o autarca deixa convicções. Sines “atravessa um momento de viragem”, há investimentos a decorrer na área do turismo, na área do digital o cabo submarino que ligará em breve Portugal ao Brasil (entre Fortaleza e Sines) vai permitir instalar por exemplo “alguns ‘data center’”, sem falar do próprio hidrogénio e de indústrias que podem ser agregadas.

 

Com tudo isto quantos empregos podem ser criados em Sines? ´”É difícil dizer”, afirma Nuno Mascarenhas. E acrescenta logo de seguida: “Mas um projeto único pode criar cerca de 800 a 900 postos de trabalho, não estou a falar de um projeto relacionado com o hidrogénio, falo de outro, mas diz bem da dimensão daquilo que está neste momento em causa e que seguramente nos próximos tempos iremos ter novidades a esse respeito”.

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