Dois hotéis topo de gama vão surgir nos próximos meses no Baixo Alentejo. Um, em Torre Vã, no concelho de Ourique, iniciou agora as obras; o segundo, em São Francisco da Serra, Santiago do Cacém, tem a abertura programada para o final do primeiro trimestre do próximo ano.
Um total de 27 quartos duplos, duas suítes, cinco moradias T1 e cinco T2, é o que está previsto para o projeto turístico da Herdade da Torre Vã, em Ourique. A unidade terá uma centena de camas. O investimento é da responsabilidade da empresa Torre Vã e a arquitetura foi desenvolvida pela dupla João Miguel Ribeiro e André Tavares. Segundo informações recolhidas pelo “Diário do Alentejo” junto da Spi, proprietária da Turisvã, o início das obras está previsto para abril, mês onde também terá lugar o lançamento público da primeira pedra.
Marcelo Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de Ourique, mostra-se “entusiasmado” com o nascimento do hotel que considera “muito importante para o desenvolvimento económico do concelho”, desde logo porque “concilia a atividade turística com a produção agropecuária e valoriza o mundo rural”.
O hotel será envolvido por seis hectares de vinha, 6,5 hectares de olival, 1,4 hectares de amendoal, dois hectares de prado e um de jardim com plantas aromáticas e pomar. Preservados serão os 27 hectares de montado ali existente.
Segundo Augusto Medina, presidente do conselho de administração da Turisvã, o que se pretende é a “dignificação e valorização do pré-existente” e a recuperação da sua “essência” com base nas” realidades positivas da região”. Para além dos equipamentos já mencionados, o projeto Torre Vã terá ainda adega, espaço para degustação e provas de vinhos, picadeiro e cavalariças, restaurante, piscina, court de ténis, ‘spa & wellness center’. A novidade é um “innovation hub”, um espaço polivalente com as mais recentes tecnologias, pronto a receber aqueles que apostam na criatividade, experimentação e inovação.
LUXURY EM SANTIAGO
Um eco-hotel centrado no turismo sustentável e na economia circular vai ser construído no concelho de Santiago do Cacém, num investimento de 1,3 milhões de euros, que está previsto abrir no próximo ano. O projeto está a ser desenvolvido pela empresa Tellus Origo, em parceria com a Reframe Arkitektur (Noruega), e tem como objetivo “criar um ‘eco-luxury hotel’”, na zona da freguesia de São Francisco da Serra, no interior deste concelho.
A unidade “servirá como uma instalação-piloto de turismo sustentável em Portugal, implementando os princípios da economia circular”, indicou a Tellus Origo, em comunicado. A cofundadora da empresa, Laura Moreira, revelou que o empreendimento se baseia no conceito de economia circular, “desde o design, ao nível de arquitetura, ao número de quartos, aos materiais usados e às técnicas de construção”. Designado como Tellus – Rethinking Tourism, o projeto “nasceu em 2019” e foi um dos oito vencedores do concurso da economia circular da EEA Grants Ambiente, Mecanismo Financeiro Plurianual, que visa desenvolver ações para reduzir disparidades sociais e económicas na Europa, tendo garantido um financiamento de 500 mil euros.
A empresa prevê que a obra possa arrancar no próximo mês de julho, estando prevista a inauguração em abril de 2022. A futura unidade, que vai ter uma área de implantação de 840 metros quadrados, vai “nascer” num terreno com cerca de 4,1 hectares, com recurso a novas técnicas de construção e sem a utilização do tijolo. “Não vamos utilizar tijolo, que tem uma pegada ambiental muito grande, assim como o cimento. Após muita investigação, decidimos optar por painéis de palha prensada e madeira, feitos com 100 por cento de matéria orgânica e com selos de qualidade”, adianta Laura Moreira. A empresa pretende ainda “utilizar madeira na estrutura e cimento, com preocupações ambientais, para algumas fundações”, acrescentou.
O eco-hotel vai contar com 12 quartos de duas tipologias (suítes e casas), divididos por cinco edifícios, uma zona de bar e de restauração, uma piscina “sem cloro”, spa, várias zonas de lazer e percursos com atividades de turismo de natureza. “Temos também uma parte de ações de formação e ‘workshops’ na área da economia circular, turismo sustentável e regenerativo, compostagem e desperdício alimentar, observação de aves e de plantas, artes e ofícios locais, experiências de comida ‘vegan’ e provas de vinhos”.