Diário do Alentejo

Somincor: Investimento de 360 milhões duplica produção de zinco

01 de abril 2021 - 16:05

“O projeto foi temporariamente suspenso em março de 2020, em resultado da pandemia covid-19, para garantir as condições de segurança e não contágio dos trabalhadores e da comunidade. Foi retomado em janeiro deste ano, com um número menor de empreiteiros e com um calendário mais longo para a conclusão do projeto, dadas as atuais exigências de segurança”, explica Kenneth Norris, administrador-delegado da Lundin Mining, empresa proprietária da Somincor.

 

Texto Marta Louro

 

Avaliado em 360 milhões de euros, valor que se mantém “inalterado”, o Projeto de Expansão do Zinco foi aprovado em 2017 e visa aumentar a capacidade de extração e processamento de zinco para 2,5 milhões de toneladas por ano, gerando uma média de aproximadamente 150 mil toneladas por ano de concentrado de zinco, num horizonte temporal de uma década. Neste momento, o projeto continua a avançar na fase de construção e comissionamento, que é essencial para o seu arranque definitivo.

 

“Precisamos ainda de desenvolver um conjunto de atividades que são fundamentais para que o projeto esteja 100 por cento operacional, o que inclui, entre outros, a criação do sistema de transporte subterrâneo de minério, a atualização do poço de Santa Bárbara. Destacamos como um dos principais objetivos a conclusão, este ano, da modernização da estrutura de processamento de minério que permitirá o processamento de 2,5 milhões de toneladas por ano”, diz Kenneth Norris em entrevista ao “DA”.

 

Segundo o administrador, “até ao momento, não se verificou qualquer produção comercial do projeto, na medida em que estamos nas fases de construção e comissionamento”. As expectativas da empresa são produzir, este ano, entre 70 e 75 mil toneladas de zinco e 35 a 40 mil toneladas de cobre, “com um pequeno contributo” do Projeto de Expansão do Zinco no final do ano. “A produção de zinco da Somincor deverá aumentar para 115 a 125 mil toneladas de zinco em 2022, à medida que o projeto avança, e produzir 145 a 155 mil toneladas em 2023, o primeiro ano completo de produção”.

 

Segundo a Somincor, “as novas infraestruturas no fundo da mina criadas incluem uma nova câmara de britagem no nível 260, um sistema de tela transportadora que liga ao nível 700 (onde se localiza a zona de carregamento do sistema de extração) e a melhoria do poço já existente, conjuntamente com melhorias na ventilação, bombagem e sistema de distribuição elétrica”. A maioria do minério a ser extraído pelo ZEP será retirada das áreas mais profundas do denominado jazigo do Lombador (a mais de 1.100 metros de profundidade).

 

“As modificações que o ZEP está a implementar ao nível da lavaria do zinco incluem um novo local de armazenamento de minério e um novo alimentador, um aumento do circuito de moagem e da capacidade de flutuação, um espessador de zinco e chumbo, filtros e uma melhoria dos serviços existentes”, acrescenta Kenneth Norris.

 

Tendo em conta, a suspensão temporária do projeto no ano passado, devido à pandemia da covid-19, e a “remobilização do projeto com um número menor de empreiteiros numa altura com requisitos atuais de distanciamento social e outras limitações de pessoal para salvaguardar e proteger”, a empresa espera que o “projeto esteja concluído ainda em 2021”.

 

Kenneth Norris já tinha revelado que a revisão em baixa das previsões de produção de cobre "não pode ser dissociada do incremento de produção" que a Somincor vai ter no que concerne à extração de zinco a partir de 2022. "Temos que olhar para esta questão de forma integrada, com uma estabilização da produção de cobre e um incremento significativo da produção de zinco decorrente da conclusão do ZEP no próximo ano".

Aquando do arranque do projeto, a Somincor revelou que a expansão da atividade mineira em Neves-Corvo irá criar “muitos postos de trabalho” (apontou-se, na altura, para cerca de 350) durante as fases de construção e de operação, num projeto descrito como de "importância estratégica” a empresa. “Se for bem-sucedido, “a vida e a boa saúde do negócio da Somincor estender-se-ão por muitos anos" uma vez que se trata de um “investimento crucial para a modernização da operação e para a transição" da mina de Neves-Corvo "para uma mina predominantemente de zinco, o que é essencial para a sua competitividade a longo prazo".

 

BALANÇO DO ANO

 

No relatório anual, consultado pelo “DA”, a Lundin Mining refere que a quantidade de minério extraído de Neves-Corvo em 2020 foi inferior à do ano anterior: 32 mil toneladas de cobre (menos nove mil toneladas do que em 2019) e 69 mil toneladas de zinco (uma quebra de cinco mil toneladas”, o que se traduziu numa quebra de receitas na ordem dos 65 milhões de euros.

 

Segundo a mesma fonte, a produção de cobre e zinco “estava em linha com a orientação para o ano inteiro” mas ressentiu-se “devido aos teores mais baixos” de extração. Por outro lado, “a produtividade de ambos os metais foi afetada por um desenvolvimento subterrâneo menor do que o planeado”. E as operações de mineração ficaram condicionadas não apenas pela pandemia de covid-19 mas também pela ocorrência de um acidente fatal, em setembro de 2020, quando uma derrocada numa das galerias subterrâneas resultou na morte de um homem de 40 anos. “A empresa suspendeu voluntariamente as operações por cinco dias”.

 

COVID-19 NÃO PAROU ATIVIDADE

 

O administrador-delegado da Lundin Mining refere que “como em qualquer empresa”, existiram alguns casos de infeção pelo novo coronavírus, mas “a implementação imediata do plano de contingência e as medidas aí contidas permitiram não parar a atividade”. Segundo o Kenneth Norris, sempre houve uma “consciência do esforço de segurança necessário para evitar que esta pandemia afetasse a operação. Um exemplo deste esforço da empresa foi a realização de mais de sete mil testes aos colaboradores, empreiteiros e até familiares de alguns dos colaboradores”.

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