Diário do Alentejo

“Concelho de Castro Verde estava estagnado”

01 de abril 2021 - 11:20

Em entrevista ao “Diário do Alentejo”, António José Brito, presidente da Câmara Municipal de Castro Verde, faz o balanço do atual mandato, considerando-o um novo ciclo na gestão autárquica do concelho, “com mais ambição e um olhar moderno para a gestão municipal”. O autarca refere a importância da zona empresarial e a requalificação da escola secundária, “dois investimentos fundamentais que vão arrancar” em Castro Verde, como “caminhos decisivos para rejuvenescer o tecido social e, consequentemente, potenciar domínios como a educação, saúde, juventude, cultura e turismo”.

 

Texto José Serrano

 

O que se modificou no concelho de Castro Verde, desde a presidência camarária que iniciou em 2017?

Tivemos enormes constrangimentos financeiros, mas julgo que conseguimos abrir um ciclo novo, com mais ambição e um olhar moderno para a gestão municipal. Castro Verde estava estagnado, particularmente a partir de 2010, em função de uma presidência conformada e ultrapassada. Estando tanto por fazer, este mandato tem sido muito difícil, também porque a câmara não recebeu mais de 2,4 milhões de euros em impostos [derrama]. Independentemente destes factos, creio que afirmámos um caminho exigente, muito trabalhoso mas com determinação. Fizemos investimentos fundamentais para o concelho e outros vão começar. Neste momento, concluídos, em curso ou prestes a iniciar-se, estamos a falar de investimento municipal superior a 10,5 milhões de euros no concelho.

 

Quais as “obras” que considera serem, até à data, as mais emblemáticas deste seu mandato?

Desde logo a Estrada de Santa Bárbara, que dá acesso à Mina de Neves-Corvo e que esperou 20 anos para ter obras. Destaco também a requalificação da Rua Morais Sarmento, que é uma medida histórica e marcante, no centro da vila. Está quase concluído o grande investimento, de meio milhão de euros, no pavilhão desportivo, onde chovia porque estava muito degradado. Temos igualmente terminada a construção do Centro de Artes e da Viola Campaniça e a requalificação de todos os parques infantis da vila. Ajudámos muito a paróquia, no processo de requalificação da Basílica Real e foram feitos investimentos significativos na melhoria da rede de águas. A par disso, por serem novas, não posso deixar de sublinhar outras ações como o Cartão Municipal do Bombeiro e da Cruz Vermelha, o orçamento participativo, a criação da loja social, a instalação de fibra ótica em Castro Verde ou a criação de Atividades de Tempos Livres com horário completo e sem interrupções, em todas as férias escolares e para as crianças de todo concelho. São processos novos e muito importantes, que resultam integralmente de compromissos eleitorais que assumimos em 2017.

 

Que objetivos, por si ambicionados para este mandato, poderão ficar por cumprir?

Os principais objetivos estão a avançar. A par do que está feito, temos em curso a construção da casa mortuária de Entradas e o alargamento do cemitério de Castro Verde. Em breve, por já estarem adjudicadas, deverão começar as empreitadas de reabilitação urbana do Largo Vítor Prazeres/Rua António F. Colaço e a construção de um grande parque de estacionamento nessa zona. Mas devo sublinhar, por serem mesmo muito importantes, dois investimentos fundamentais que vão arrancar: a criação, finalmente, da Zona Empresarial de Castro Verde e a requalificação da escola secundária. A zona empresarial chega com 25 anos de atraso, mas a construção vai começar já, depois de muito trabalho para assegurar o financiamento ou acordar acessos à  Estrada Nacional 2 com a Infraestruturas de Portugal. Quanto à requalificação da escola secundária, temos contrato assinado e, acredito, até ao verão teremos a obra em curso, depois de uma verdadeira “epopeia” de três anos de muito trabalho. Foi preciso articular com várias entidades, elaborar, rever e aprovar projetos ou assegurar financiamento. Tudo isto enfrentando imensa e incompreensível burocracia.

 

Com as próximas eleições autárquicas marcadas para setembro/outubro, qual a sua principal prioridade nesta “reta final” de mandato?

Todas as intervenções referidas são prioridade. Umas estarão em curso e a avançar durante este período final do atual mandato e, algumas delas, entrarão por dentro do próximo mandato.

 

Quais os principais desafios que o presidente da Câmara de Castro Verde, que será eleito para o quadriénio 2021/2025, terá pela frente?

Enquanto presidente em exercício, entendo que temos de avançar com uma requalificação, ainda mais ampla, da rede de águas de Castro Verde e das nossas estradas municipais. É preciso concluir e alargar a requalificação urbana na zona antiga de Castro Verde e nas sedes de freguesia. Isso serão processos com grande impacto no próximo mandato! É fundamental e queremos ter uma nova creche, moderna e ampla, em Castro Verde. Na área da saúde, é preciso avançar com novas instalações para as extensões de São Marcos da Atabueira e Casével. E, neste momento, estamos articulados com a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo para ampliar e melhorar muito as condições do serviço de urgência de Castro Verde, que dá resposta a 24 horas/dia a oito concelhos, num universo de 40 mil pessoas. Queremos ver “nascer” o Museu da Feira de Castro e vamos criar o Centro Futuro, para acolher residências jovens, nacionais e internacionais. Estas propostas estão aprovadas na câmara, num documento estratégico que é ambicioso e que procurará financiar-se com os “envelopes” financeiros do Plano de Recuperação e Resiliência e do novo quadro comunitário 2030.

 

“ESTABILIZAR E FORTALECER A DEMOGRAFIA”

 

Na sua perspetiva, quais os principais problemas com que o concelho de Castro Verde se debate?

Precisamos de estabilizar e fortalecer a demografia, atraindo mais pessoas e criando serviços públicos mais sólidos. O nosso concelho é dos poucos, no Alentejo, que tem resistido, sobretudo devido à prevalência da atividade mineira, mas queremos ter políticas certas para voltar a haver crescimento do número de habitantes. Isso convoca-nos para concretizar investimentos públicos nos diferentes domínios. Foi por isso que, ao contrário de outros, não metemos na gaveta obras fundamentais. Nós achamos que requalificar a escola secundária e criar uma zona empresarial são caminhos decisivos para rejuvenescer o tecido social e, consequentemente, potenciar domínios como a educação, saúde, juventude, cultura e turismo, onde temos de continuar a aprofundar, com estratégia e inteligência, a classificação do concelho como Reserva da Biosfera.

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