Diário do Alentejo

Certificado percurso dos Caminhos de Santiago

26 de março 2021 - 09:55

Começa em Ameixial, no Algarve, entra no Baixo Alentejo por Almodôvar, e percorre 435 quilómetros num percurso de 19 etapas que atravessa 16 concelhos. O Caminho Português de Santiago Central – Alentejo e Ribatejo é o primeiro a ser certificado.

 

A certificação foi atribuída através de uma portaria conjunta (n.º 120/2021), publicada em “Diário da República”, das secretarias de Estado do Turismo e do Património Cultural, em resposta a uma candidatura apresentada pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo.

 

Trata-se da primeira concretização de um processo iniciado em 2019 e que tem em vista “a certificação dos itinerários que constituem os Caminhos de Santiago em território nacional e a salvaguarda, valorização e promoção do Caminho Português de Santiago”, explica o Governo, sublinhando que a certificação reconhece o cumprimento de um conjunto de critérios que visam garantir, entre outros, “a autenticidade do itinerário e o seu caráter ininterrupto no território e no tempo”, além de uma “gestão responsável e de valorização da oferta”.

 

Segundo a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, com a retoma da atividade turística é esperada “uma progressiva normalização na fruição dos itinerários de peregrinação”, o que tem “particular impacto nos territórios de baixa densidade e na atenuação da sazonalidade turística”.

 

O percurso agora certificado inicia-se em Ameixial, no Algarve, conduzindo os peregrinos pela antiga estrada romana que atravessa a serra do Caldeirão em Santa Cruz de Almodôvar, “outrora uma das rotas mais utilizadas na ligação entre o Alentejo e o Algarve”. Seguem-se Almodôvar, Castro Verde e Messejana, o imenso território do Campo Branco “destino para as pastagens de inverno dos grandes rebanhos vindos da serra da Estrela”. Santiago do Cacém, Grândola, Alcácer do Sal e Vendas Novas são outros territórios cruzados por este caminho, cuja última etapa (a 19.ª), conduz os peregrinos entre a Golegã e Tomar, já no Ribatejo.

 

“Obviamente que nos sentimos orgulhosos de ser o primeiro caminho certificado e esperamos que isso sirva também para outros, nas outras regiões do país, desde o Algarve até ao Norte, para que consigamos ter em Portugal uma rede completa, pois, ainda há pontos de interrupção”, diz Vítor Silva, presidente da Turismo do Alentejo e Ribatejo, segundo o qual a certificação é apenas o primeiro passo de um processo ao qual é preciso dar continuidade permanente.

 

“Depois de os troços estarem marcados e em segurança, há sempre problemas. Ou um proprietário desconhecedor que coloca um portão e já não se pode passar, ou uma natureza mais exuberante que corta o caminho e é preciso desbastar”, exemplificou. Além disso, há ainda “a parte que ao turismo interessa”, que é a de que apareçam “agentes capazes de vender este caminho, tanto em Portugal, como além-fronteiras”, um trabalho que será da responsabilidade da Agência de Promoção Turística do Alentejo.

 

“É evidente que os Caminhos de Santiago começaram por ser um caminho de peregrinos, mas hoje, embora havendo uma carga de espiritualidade, há muitos que o fazem no sentido de se encontrarem a eles próprios e pelo prazer de estarem em contacto com a natureza, mais do que por uma motivação religiosa”, explicou Vítor Silva.

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