Diário do Alentejo

Vidigueira avança com programa de apoio à economia

23 de fevereiro 2021 - 11:05

A Câmara de Vidigueira está a implementar um novo programa de apoio financeiro, que prevê um investimento total de 100 mil euros. Segundo a autarquia, cada empresa ou empresário pode receber um valor entre os 750 euros e os quatro mil euros.

 

Texto Marta Louro

 

O Programa Municipal de Estabilização Económica pretende “ajudar a combater os efeitos económicos negativos da pandemia da covid-19” e destina-se a empresas e empresários em nome individual, com contabilidade organizada ou simplificada, que exerçam a sua atividade no concelho e que tenham tido uma perda de 25 por cento na faturação de 2020, face ao ano anterior. Essas empresas podem ser estabelecimentos de alojamento, restauração e bebidas, animação turística, atividades artísticas ou culturais.

 

Com esta ajuda a autarquia pretende “auxiliar os agentes económicos locais, tendo em vista a manutenção dos negócios e do nível de emprego e a valorização da atividade das empresas, mitigando os efeitos económicos da crise e prevenindo a ocorrência de repercussões negativas no mercado de trabalho”.

 

As candidaturas a este programa estão a decorrer até abril. “O apoio financeiro não reembolsável terá em conta a dimensão da empresa e a perda de faturação e será disponibilizado após a validação, certificação e aprovação da candidatura”.

 

Em declarações ao “DA”, o presidente da Câmara de Vidigueira, Rui Raposo, considera que no contexto atual “é inevitável que os municípios centrem a sua capacidade na ação e na resolução de situações que são emergentes e que todos vamos vivendo, principalmente na perspetiva de podermos implementar algumas medidas de apoio a todas as nossas empresas de forma a combatermos e mitigarmos os efeitos económicos que são surgindo resultantes da pandemia”.

 

“Tendo em conta esta vaga da pandemia que obrigou a maior parte das empresas a estarem de porta fechada, é ainda muito mais importante conseguirmos ter medidas que auxiliem, e de certa forma acabem por descansar os nossos empresários. O saber que têm alguém que os apoia no momento e na hora certa é fundamental”, refere o autarca, explicando que o apoio visa “ajudar as empresas que sentem as dificuldades no seu dia-a-dia e que, mesmo estando com as portas fechadas, têm despesas de água, luz e aluguer do próprio espaço”.

 

Proprietário do restaurante Sabores da Vila, Carlos Pinto considera que este programa “é um balão de oxigénio” para os empresários: “Faz sentido porque todos nós precisamos deste tipo de ajudas, porque estamos a passar por momentos muito difíceis”. Desde o início da pandemia, em meados de março, que as vendas baixaram muito, sobretudo no setor da restauração, um dos mais atingidos pela crise. “Tem sido bastante complicado manter os postos de trabalho: dois dos meus funcionários terminaram os contratos. Com muita pena minha, não conseguiu renová-los devido à escassez de trabalho. Dependendo dos dias, as quebras na faturação rondam os 70 a 80 por cento. Vou mantendo o negócio só para dizer que estou ocupado, mas com os horários que o confinamento me obriga a ter não consigo vender nada”, lamenta o empresário.

 

Proprietário da cafetaria Luc, José Contente diz sentir dificuldades “semelhantes aos outros” proprietários de estabelecimentos comerciais. “Cada vez há mais retração económica, principalmente na nossa região. Isso é bastante visível”. Em relação a 2019 soma uma perda de faturação superior a 35 por cento. “Sem este tipo de apoios as empresas correm sérios riscos de entrar em insolvência, porque os apoios que vêm da parte do Governo são muito poucos. É impossível sobreviver só com essas ajudas”. Para já, não está nos planos fechar portas. “O principal foco da empresa é conseguir manter os postos de trabalho, aguentar a pandemia e tentar não perder colaboradores. Temos esperança que tudo isto passe e que a vida e a empresa possam continuar”, remata.

Comentários