Diário do Alentejo

Évora: Paço de Valverde adaptado a hotel

17 de outubro 2020 - 10:00

O hotel que vai "nascer" na Quinta do Paço de Valverde, concessionada pela Universidade de Évora à SABIR Investimentos, no âmbito do Programa REVIVE, vai ter quatro estrelas e envolver um investimento de quatro milhões de euros.

 

"Estimamos um investimento na ordem dos quatro milhões de euros" na requalificação do imóvel, afirmou aos jornalistas a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, após a assinatura do contrato de concessão, no Paço de Valverde, perto de Évora.

 

Segundo a governante, a empresa SABIR Investimentos vai ficar com uma "renda de 22 mil euros por ano", um "valor superior" ao que tinha sido fixado no concurso e que vai "reverter para o proprietário" da Quinta, a Universidade de Évora (UÉ).

 

"É uma renda que não é muito expressiva, mas o que importa mesmo é o investimento privado que vai ser feito", o qual "vai criar postos de trabalho e uma dinâmica que não existe", sublinhou a secretária de Estado do Turismo.

 

De acordo com a UÉ, o conjunto patrimonial da Quinta do Paço de Valverde, com construção do início do século XVI e classificado como imóvel de interesse público, está integrado no Polo da Mitra, situado a alguns quilómetros de Évora. Com uma área bruta de construção de quase 7.500 metros quadrados, o imóvel será reconvertido numa unidade hoteleira pela empresa SABIR Investimentos, que ganhou o concurso público de concessão, por um período de 50 anos, no âmbito do Programa REVIVE.

 

Também em declarações aos jornalistas, Sadik Sabir Ali, da SABIR Investimentos, indicou que o futuro hotel será "quatro estrelas superior", mas escusou-se a revelar detalhes sobre o investimento e os prazos previstos. "Estamos a fazer um plano de investimento. Ainda não tínhamos tido acesso a todas as documentações que necessitávamos, pois só após esta data é que as vamos ter e não tenho números para adiantar, mas vamos requalificar o espaço", disse.

 

Sadik Sabir Ali realçou que o grupo já tem um hotel de quatro estrela na Figueira da Foz, no distrito de Coimbra, e que "já há algum tempo" que procurava "um desafio novo e diferente do conceito hoteleiro" que já possui.

 

Já a reitora da UÉ, Ana Costa Freitas, assinalou que "o objetivo não era tanto o que a Universidade podia lucrar" com o negócio, mas sim "como é que se conseguia manter este edificado", porque a academia "não conseguiria nunca".

 

Segundo a UÉ, a propriedade já foi alvo de obras de recuperação, que incidiram nas capelas de S. João do Deserto, de S. Teotónio e das Penhas, e, recentemente, "recebeu financiamento para a reabilitação dos sistemas hidráulicos e a consolidação dos muros e pavimentos", no âmbito do Programa Valorizar, dinamizado pelo Turismo de Portugal.

 

O Programa REVIVE é uma iniciativa conjunta dos ministérios da Economia, Cultura e Finanças, com a colaboração das autarquias e a coordenação do Turismo de Portugal.

 

A iniciativa abre o património imobiliário público ao investimento privado, através da concessão da sua exploração, por concurso público, para o desenvolvimento de projetos turísticos que preservem e valorizem a identidade histórica, cultural e social do país.

 

A quinta possui um paço episcopal, de inícios do século XVI, que serviu de local de descanso para os membros da diocese, tendo, posteriormente, sido aí fundado um convento de frades capuchos, cuja comunidade se instalou em 1517.

 

Na altura do lançamento do concurso público, foi divulgado que, da área a concessionar, faz parte um conjunto patrimonial constituído pela Quinta do Paço de Valverde, Capela e Claustro da Mitra, mata, várias pequenas capelas, jardim de Jericó e lago, aqueduto, sistema hídrico e horta, entre outras valências.

 

Após a extinção das ordens religiosas, em 1834, ficou na posse do Estado, que aí instalou um Posto Agrário, mais tarde Escola Prática de Agricultura e, depois, a Escola de Regentes Agrícolas, agregada, até hoje, à UÉ.

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