António Ceia da Silva, presidente da Turismo do Alentejo, desfez o tabu: será mesmo candidato à presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (Ccdra). Numa candidatura que conta com o apoio dos presidentes das federações socialistas do Baixo Alentejo, de Évora e de Portalegre. "Com o sentido de servir a minha terra,com convicção e grande determinação decidi candidatar-me com enorme orgulho", escreveu Ceia da Silva nas redes sociais, dizendo contar "com o apoio de todos os autarcas,independentemente das suas opções partidárias,os independentes e todos os alentejanos".
Recorde-se que o recentemente eleito presidente da Federação do Baixo Alentejo do Partido Socialista, Nelson Brito, tinha avançado ao “Diário do Alentejo” estar a trabalhar com “determinação” para que o candidato da área socialista à Ccdra fosse um quadro do Baixo Alentejo não só “pelo peso político”, mas também “pela necessidade de se criar uma nova visão do território que enriqueça o trabalho” da comissão de coordenação.
Por outro, conforme avançadp pelo "DA" na edição impressa desta sexta-feira, o atual presidente da Ccdra, que chegou ao organismo em 2012 como vice de António Dieb, confirma ao “Diário do Alentejo” que, “de facto”, está a “ponderar seriamente a candidatura” àquela estrutura regional. Essa decisão é motivada pelos “fortes incentivos nesse sentido” que tem recebido “de autarcas de todos os partidos e independentes”.
Apesar de há muito ser militante do PSD, Roberto Grilo diz que a sua candidatura “será sempre absolutamente independente, apenas comprometida com o Alentejo”. Questionado pelo “Diário do Alentejo” se isso implicaria uma definição da situação com o seu partido de sempre, diz que neste cenário “as questões partidárias não se colocam”.
Nas últimas semana tem sido noticiado que a escolha dos nomes para as cinco presidências das CCDR tem sido objeto de negociação entre António Costa e Rui Rio. No entanto, o facto de a eleição ser por voto secreto pode levar a que o colégio eleitoral não siga as orientações das direções partidárias. Aliás, Luís Vitorino, presidente da Câmara de Marvão, um concelho alentejano do distrito de Portalegre, disse ao “Expresso” que não acatará ordens da direção nacional do PSD, abrindo a porta a um voto “rebelde” em Roberto Grilo. No mesmo sentido já se manifestaram os autarcas de Monforte (CDU), Arronches (PSD) e de Estremoz (independente).
Também como avançado pelo “DA” há duas semanas, o PCP não apresentará candidato próprio às CCDR por uma questão de “coerência”, uma vez que a eleição indireta para este órgão, para o PCP, não passa de mais “um truque” para adiar a criação das regiões administrativas. No entanto, uma fonte da Direção da Organização Regional de Beja dos comunistas confidenciou ao “Diário do Alentejo” que o nome de Ceia da Silva é aquele que recolhe “mais simpatia” entre os autarcas do PCP, admitindo, assim, a possibilidade de viabilizar essa eventual candidatura.
Já Alberto Matos, coordenador do Bloco de Esquerda (BE) no Baixo Alentejo, considera que as eleições para as comissões regionais não passam de “uma mascarada do centralismo”. Numa recente entrevista à “Rádio Voz da Planície”, Alberto Matos lembrou que o “BE votou contra” esta solução e que considera “necessária, sim, a regionalização, novo referendo e até alterações à Constituição”, tendo saudado “o PCP por se colocar fora deste processo, não apresentando candidato”.