“Perante a baixa pluviosidade dos últimos anos é normal que o nível de armazenamento de água na albufeira de Alqueva baixe, é esse o seu papel natural: guardar água em altura de abundância, quando chove muito, para a utilizar em períodos de escassez, como é o atual período de seca que atravessamos”, acrescenta a EDIA, revelando que a água na albufeira de Alqueva está “cerca de oito metros abaixo do nível de pleno armazenamento (152) mas está 14 metros acima do nível mínimo de exploração, isto é, estamos numa situação perfeitamente normal e expectável”.
Sobre as culturas permanentes regadas por Alqueva, esclarece a EDIA: “Importa desmistificar que o olival, a principal cultura em Alqueva, a ocupar cerca de 60 por cento da área afeta ao EFMA, está entre as culturas de regadio menos exigentes em água. O projeto de Alqueva, na sua primeira fase, a que corresponde a atual área em exploração de 120 mil hectares de regadio, previa uma dotação de água para a agricultura bastante superior às necessidades hoje existentes, ou seja, os agricultores optaram por culturas menos exigentes do que inicialmente previsto”.
Segundo a empresa, é esta diferença, entre a dotação prevista e o valor real gasto, que permite avançar para a segunda fase de Alqueva, aumentando a área de regadio, dos atuais 120 mil hectares em exploração para 170 mil hectares em 2023. “A EDIA tem uma concessão anual de 620 milhões de metros cúbicos de água, volume este que podemos assumir ser a capacidade ou as ‘possibilidades’ do sistema. Foi desta forma que foi calculado, garantindo todas as utilizações previstas, as inevitáveis perdas por evaporação e o regime de caudais ecológicos. Este ano devemos retirar cerca de 400 milhões de metros cúbicos e, por isso, estamos a cerca de dois terços da capacidade”, acrescenta a mesma fonte.
Os atuais níveis de regadio no EFMA são compatíveis com o facto de chover cada vez menos no Alentejo? “Os períodos de seca sempre forma cíclicos no Alentejo. É exatamente essa característica da região que esteve na base da implementação do projeto de Alqueva e que faz com que, hoje, seja um sucesso”, garante a empresa.
A EDIA lembra que no Alentejo” há terra de qualidade e um número de horas de sol que permite a viabilidade da agricultura desde que haja a garantia de água, garantia que é dada pelo EFMA, que tem capacidade para fazer face a quatro anos consecutivos de seca em plena exploração das suas valências, nomeadamente a agricultura, o abastecimento público e a produção de energia”.
“Quando analisamos as disponibilidades hídricas, temos que ter um horizonte de, pelo menos, 30 anos de dados fiáveis para poder tomar alguma decisão sensata. O facto de não termos anos húmidos, com afluências hídricas significativas desde 2014, não significa que se alterou a realidade climática do Alentejo. Estes períodos são normais assim como são os anos de 2010 a 2014 em que passaram para jusante de Pedrogão mais de 15 mil milhões de metros cúbicos de água – o suficiente para encher três vezes Alqueva”.