Diário do Alentejo

Fonteiras reabrem com protestos de Verdes e da ProToiro

01 de julho 2020 - 16:00

As populações vizinhas de Badajoz e Elvas compareceram timidamente às cerimónias de reabertura das fronteiras, que juntaram os chefes de Estado e de Governo de Portugal e Espanha, mas não faltaram iniciativas de protesto.

 

As cerimónias começaram no Museu Arqueológico de Badajoz (Espanha), longe dos olhares dos populares. Na rua, algumas pessoas festejaram a presença do rei com bandeiras de Espanha, enquanto, a alguns metros de distância, cerca de uma dezena de populares gritou pelo fim do regime monárquico.

 

Já no Castelo de Elvas, no distrito de Portalegre, o Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, o rei de Espanha, Felipe VI, e os chefes de Governo português, António Costa, e espanhol, Pedro Sánchez, foram “recebidos” por um protesto do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), reivindicando o encerramento da central nuclear de Almaraz e da ProToiro-Federação Portuguesa de Tauromaquia contra as políticas do Governo para o setor.

 

A dirigente de “Os Verdes" Manuela Cunha disse que o protesto pretendeu exigir o encerramento da central de Almaraz, que fica a 110 quilómetros em linha reta da fronteira portuguesa e que registou, recentemente, dois incidentes.

 

“Almaraz já devia ter encerrado em 2010, estamos a prolongar o seu prazo de vida e, como qualquer pessoa sabe, como nos seres humanos, como em qualquer máquina, quanto mais velhos mais hipóteses de acidente temos, as centrais é igual. Encerrar Almaraz, que se serve das águas do rio Tejo, que está à beira da zona raiana, é fundamental”, disse.

 

Já do lado da ProTóiro, o presidente da Associação Nacional de Toureiros, Nuno Pardal, explicou que “é importante” estar junto do poder político porque o setor está “parado” e exige “igualdade” para que possam desenvolver a sua atividade. “Continuamos com esperança de conseguir os 50% de lotação nas praças, neste momento estamos só a 25%. É importante estar aqui para mostrar que estamos aqui”, disse.

 

Ambas as manifestações reuniram cerca de 50 pessoas que empunhavam cartazes e gritavam palavras de ordem.

 

O “aparato” das cerimónias, sem discursos oficiais, marcadas apenas nos dois países com os hinos nacionais e fotografias de família, atraíram poucos populares em Badajoz e Elvas, mas mesmo assim Maria do Carmo, residente na cidade portuguesa, disse à Lusa que a “curiosidade falou mais alto” e decidiu deslocar-se ao local para assistir aos festejos.

 

Já Mário Dias disse à Lusa que foi assistir às cerimónias porque “é um gosto” escutar os hinos dos dois países, apesar de não nutrir simpatia por “nenhum” dos chefes de Estado e de Governo de Portugal e Espanha.

 

Em algumas ocasiões o distanciamento social não foi cumprido, tendo um desses momentos sido registado quando Marcelo Rebelo de Sousa “rompeu” o protocolo à chegada e à saída do Castelo de Elvas, cumprimentando alguns populares, na companhia do rei de Espanha, do primeiro-ministro português e do chefe do Governo espanhol.

 

A fronteira luso-espanhola esteve encerrada três meses e meio devido à pandemia de covid-19, com pontos de passagem exclusivamente destinados ao transporte de mercadorias e a trabalhadores transfronteiriços.

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