Cavaleiro e ganadeiro, Tito Semedo refere que os prejuízos provocados pela covid-19 na tauromaquia “são incalculáveis” e dá um exemplo: “Temos 30 toiros, 40 novilhos, que seriam toureados este ano… Estamos muito preocupados, pois este ano não haver turismo e na praça de Albufeira, por exemplo, realizam-se 25 corridas por ano”. Segundo Tito Semedo, os apoios à tauromaquia devem ser idênticos aos anunciados para outros setores, incluindo a criação de linhas de crédito. “Honestamente, sinto que a tauromaquia está a ser marginalizada, não só pela ministra da Cultura como pelo próprio Governo”.
Também António Brito Paes diz que, para já, os prejuízos na tauromaquia “são impossíveis de quantificar”. Mas a conta começa a subir: “Para já temos a perda para a lide dos animais que deixam de poder ser lidados por fazerem seis anos. Na temporada passada lidámos em outubro, o que nos obrigou a ficar com três toiros de cinco anos que já não vão ser lidados”.
Um teria seguido para o concurso de ganadarias em Moura. Outros na corrida de Almeirim, inicialmente marcada para abril. E outros três toiros, de quatro anos, estavam destinados á Ovibeja. Todas as corridas foram canceladas. “Sob o ponto de vista económico o impacto é grande , mas como aficionados e criadores temos pena de não vermos o comportamento em praça destes animais”.
O ganadeiro não tem dúvidas sobre a inevitabilidade de “sacrificar um número significativo” de toiros: “Há que encontrar um canal de escoamento a preços razoáveis e não especulativos nem que seja com uma ajuda monetária ao abate a bem da sobrevivência do setor e da mão de obra que ele alimenta, em detrimento de carnes importadas”.
Por outro lado, acrescenta António Brito Paes, “deveria ser posto de parte o fundamentalismo dos canais de televisão, quer públicos, quer privados, de modo a poderem ser transmitidas corridas, ainda que sem público [na praça], em que todos os agentes da festa estivessem empenhados”.
O ganadeiro recorda que o setor depende de dois ministérios: o da Agricultura e o da Cultural. “Na parte produtiva, embora tenham sido tomadas algumas medidas de carácter geral como o pastoreio em pousios, nada foi feito a favor do setor tauromáquico. Na parte do espetáculo dependemos do Ministério da Cultura e aqui todos sabemos quais são as posições e os gostos da ministra. Seguramente está muito contente com as dificuldades do setor esquecendo-se que são os portugueses que lhe pagam o salário e que o gosto por este espetáculo faz parte da cultura portuguesa e é do agrado duma elevada percentagem de portugueses”, conclui.
REGRESSO DAS CORRIDAS
Para o secretário-geral da ProToiro, o regresso dos espetáculos tauromáquicos é “urgente” e deverá acontecer ainda este mês: "Vamos estar muito vigilantes às medidas, e vamos começar a agir de forma muito mais drástica do que até agora, porque não vamos tolerar o censuro [do Governo]", afirmou. Segundo Hélder Milheiro, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, “mentiu” ao parlamento quando disse que as atividades tauromáquicas teriam início em 1 de junho. "Disse que não havia nenhuma diferença na reabertura do setor da cultura, incluindo a tauromaquia. Mas, ao contrário do que disse, mentiu aos deputados, mentiu ao parlamento e, quando saiu a resolução do Conselho de Ministros nesta sexta-feira, veio com toda a área da cultura aberta, com exceção da tauromaquia", acusou.