Geada de Sousa
O livro com selos editado pelos CTT Correios da autoria do professor do Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) Luís Mendonça foi apresentado aos filatelistas e ao público em geral no dia 9, Dia Mundial dos Correios.
Devido ao elevado interesse do tema e à forma pedagógica como decorreu a apresentação, o autor, professor doutor Luís Mendonça de Carvalho, titular da Cátedra Unesco em Etnobotânica e diretor do Museu Botânico do IPBeja, não teve dificuldade em cativar a atenção da quase centena de pessoas que o ouviram.
Refere a obra em apreço que “sem plantas não existe alimentação. Tudo o que comemos, incluindo a carne dos animais (que se alimentam de plantas), é resultado da existência das plantas que usam a energia da luz solar, o dióxido de carbono e a água para criarem moléculas cada vez mais complexas”.
O desenvolver da obra começa pela ilha do Pico, nos Açores, passando de seguida pela Madeira e “entrando”, por fim, no Portugal ibérico pelo sul – o Algarve.
São muitos os “produtos” referidos em cada uma das províncias. Veja-se, por exemplo, a nossa, o Baixo Alentejo. Escreveu o professor Luís Mendonça que “tradicionalmente associamos o Baixo Alentejo a duas plantas: o sobreiro e o trigo, embora esta visão seja muito redutora e apresente já um caracter mais histórico do que real”, pois hoje já existe um conjunto de outras culturas agrícolas que foram sendo assimiladas. A abordagem do sobreiro e da cortiça é extensa, fala-se do tarro, do cocharro, rolhas e dos portos para exportação: Alcácer e Mértola.
Sobre o trigo, o investigador fala também na desastrada desflorestação deste território nos primórdios do Estado Novo para a cultura do trigo. Refere também os canudos de cana, para protecção dos dedos, usados na ceifa. As estevas-do-ládano para aquecer os fornos do pão, e que as cinco máculas que as suas pétalas apresentam são conhecidas pelas “Cinco Chagas de Cristo”.
Ainda ligado ao trigo, o professor Luís Mendonça desenvolve o tema das tradições do Dia da Espiga, em que não faltam as nossas Maias.
O azeite de Moura também é referido, bem como o queijo Serpa e os seus roupeiros. Sobre este tema, é também abordada a transumância dos nossos rebanhos que no verão iam alimentar-se nos prados da serra da estrela.
Vedeta é também o vinho de talha de Vila de Frades e o hábito de o provar no dia de S. Martinho e, bem perto, o Convento de Nossa Senhora das Relíquias, na Quinta do Carmo, na Vidigueira, e o porquê da sua fundação.
Também Pias e a tradição do Jordão, creio que desconhecida de muitos, é tratada.
Referência também há para a viola campaniça para o “cante” e o “cante ao baldão”. Refere o autor que este último é frequente nas freguesias de Almodôvar, Castro Verde, Odemira e Ourique.
Enfim, é obra que enriquece quem a tem. Pode ser adquirida ou encomendada em qualquer estação dos correios.