Neste dia esbraseante de Agosto
fazes trinta anos.
Queria falar-te de Vida e de Amor
e da importância de procurares ser,
sempre,
o obreiro do teu próprio Tempo.
Lembro-me de, quando pequenino
e antes de adormeceres,
contar-te estórias
que inventava para ti.
“E depois? E depois?”
perguntavas
quando percebias que
o resto ia ficar para o dia seguinte.
“Amanhã é outro dia. Logo se vê”
respondia eu, querendo mostrar-te que
a Vida soma, um dia atrás de outro,
numa caminhada em direcção a casa.
Prenhe de acontecimentos prováveis
e muitos outros, imprevistos.
Em todos é preciso saber esperar
ao mesmo tempo que
é essencial fazer acontecer.
Essa colecção de momentos por ti vividos,
doces e brandos
amargos e brutais,
conta a tua estória.
Inacabada.
Que agora se cruza com a minha,
mas que um dia
estará para além da minha.
Que Deus o queira!
Entretanto, sem que o soubesses,
foste tu que me ensinaste
a olhar para o meu “avesso”,
a reconhecer e a aceitar
a minha imperfeição.
Ensinaste-me
a acatar a fluidez da vida,
sem descuido, mas com uma certa leveza;
ajudaste-me a descobrir
a beleza de cuidar
de quem amamos
e a perceber que este compromisso
de ternura, de afecto e de bem-querer
que me liga eternamente a ti,
é impossível ser escrito em linha recta,
sendo que nele triunfará, sempre, o Amor
e a certeza de que és,
a todo o tempo,
a Luz e o Sol da minha vida.
Creio estar na altura de dar realce
e de solenizar a entrega que agora te faço
deste meu testemunho:
Fazer trinta anos
é ver a Vida com mais nitidez,
é, com destreza, saber lidar com o que te é hostil,
é perceber que deves focar-te em viver a tua essência,
é aprender que amares e seres amado
é a tua maior conquista
e o teu maior presente,
é aprender a ouvir o coração em todas, mas todas,
as decisões que tomares,
é entender que, cada dia, tudo muda
e a busca pela felicidade é constante.
Acredita que as transformações vão continuar
e tu vais seguir, mudando, descobrindo novos caminhos,
conhecendo novas etapas
desta grande e maravilhosa experiência
que é a tua Vida!
Não te esqueças, meu filho,
que viver é muito mais do que respirar,
do que dormir e do que acordar,
que não existe Amor sem Respeito
e que as pessoas se distinguem menos entre si,
do que uma pessoa da outra.
Lembra-te que a Vida
é feita de escolhas,
entre a ilusão de ganhar e a realidade de perder,
e que quando escolhemos
fazemo-lo cientes (mesmo que na altura não pareça)
de que começamos e partimos com coisa nenhuma:
Se aprenderes a perder serás decerto mais feliz.
Confia em ti,
mas não deixes de ouvir os outros,
de procurar compreender as diferenças,
o que não significa que as assumas.
Também o Amor pode surgir-te de muitos lados
e com múltiplas formas:
recebe-o e retribui-o de braços abertos,
como dádiva que é.
Por fim, compromete-te a dar tempo ao tempo,
crê que poucas são as coisas
que acontecem (apenas) por acaso,
e não tenhas medo do medo:
A vida é tão curta e tão intensa que…
Vive [cada] momento com saudade dele
Já ao vivê-lo . . .