Diário do Alentejo

Seca preocupa os produtores de vinho do Alentejo

08 de fevereiro 2022 - 19:15

A falta de chuva e as temperaturas amenas estão a deixar preocupados os produtores de vinho do Alentejo, que anseiam por mais água em março e abril, afirma o presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), Francisco Mateus.

 

O presidente da CVRA adianta que os produtores do Alentejo estão “bastante preocupados” com a situação de seca que a região atravessa, pois caiu, desde novembro, “uma quantidade de chuva muito curta”. Sendo “menos de dois terços do que tivemos no ano passado”, estima o responsável, salientando que as vinhas do Alentejo beneficiaram apenas de “um terço da água” que costumam obter em “situações normais”.

 

Francisco Mateus prevê que, se continuar sem chover, a próxima campanha vitivinícola vai “correr mal”, visto que as plantas vão ter “menos força” e uma “formação de cachos pior”, com “menos cachos ou cachos com menos uvas”. O que colocará “em causa o trabalho dos viticultores e, depois, mais para a frente, poderá pôr em causa a produção de vinho”, alerta, depositando, porém, as esperanças de maior pluviosidade nos meses de março e abril.

 

Segundo o presidente da CVRA, tal como a ausência de chuva, as temperaturas amenas que se registam para esta época do ano também não são benéficas para a vinha, já que as plantas, que agora estão em “dormência”, precisam de mais frio.

 

“Se vier água, as consequências podem ser minimizadas, mas, se não vier, podemos ter um ano francamente mau para a vinha e sabemos que normalmente um ano mau para a vinha tem reflexos nesse ano e no seguinte”, sublinha.

 

O responsável adianta ainda que as zonas de Portalegre e de Vidigueira registaram, entre novembro de 2021 e janeiro deste ano, um aumento da temperatura média de “cerca de um grau” em relação ao mesmo período do ano passado.

 

“Estamos a assistir a fenómenos em que chove menos vezes, mas, quando chove, chove de forma muito intensa e isso também acaba por, às vezes, estragar as culturas” e levar à ocorrência de “arrastamento do solo”, nota.

 

Considerando prematuro fazer agora uma previsão da próxima campanha, Francisco Mateus remeta uma “estimativa sobre o número de cachos” ou se os cachos estão “mais ou menos carregados” para junho, mês em que ocorre a “floração da vinha”.

 

Como já noticiado pelo ‘Diário do Alentejo’, o presidente da CVRA salienta também que no setor vitivinícola alentejano já foram implementadas medidas para permitir maior poupança de água, no âmbito do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA).

Este já deu origem a uma certificação inédita em Portugal, o “selo” de Produção Sustentável, e à premiação da região alentejana a sétima posição de destinos a visitar em 2022 pelo jornal americano The New York Times.

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