Diário do Alentejo

“Iremos à luta”

02 de novembro 2025 - 08:00
Associação Cultural e Recreativa Zona Azul celebra 50 anos com mais uma presença no nacional da 3.ª divisãoFoto | Firmino Paixão

A Associação Cultural e Recreativa Zona Azul, de Beja, está a disputar mais uma edição do Campeonato Nacional de Andebol da 3.ª Divisão. Na ronda inaugural a equipa foi derrotada, em casa, pelo Loulé, uma semana depois de ter sido eliminada da Taça de Portugal.

 

Texto e Foto | Firmino Paixão

 

“Sabemos que, neste ano, vamos ter um campeonato mais competitivo do que no ano passado”, admitiu Hugo Estanque, treinador da formação bejense. E justificou: “Temos oito equipas, frente às quais, em cada jornada, o resultado será sempre incerto. Para além da qualidade dessas equipas, acrescente-se, à questão da competitividade, o facto de metade delas se apurarem para a segunda fase”. No jogo inaugural do campeonato, frente ao Loulé, a Zona Azul perdeu por 26-35 depois de ter sido eliminada da Taça de Portugal pelo Évora Andebol Clube (19-23). O técnico realça dificuldades que vão sendo recorrentes: “Começámos a época com algumas dificuldades em termos de número de atletas, um problema que se tem sentido neste início de temporada. Por isso, ainda que a maior parte dos jogadores tenha uma base dos anos anteriores, por causa dessas dificuldades definimos esta época quase como o ano zero”.

 

Este é um processo que retardará o aparecimento de resultados desportivos?Obviamente que esses problemas se refletirão sempre na vertente desportiva, ou seja, nos resultados e naquilo que é o nosso desempenho. No jogo da Taça de Portugal conseguimos ser competitivos enquanto aguentámos fisicamente. Nesta primeira partida do campeonato sabíamos que iriamos defrontar uma das boas equipas da nossa série. Se no último jogo foi a questão física que nos fragilizou, neste foi a falta de eficácia para nos termos mantido dentro do jogo por muito mais tempo, porque tivemos dois ou três momentos de jogo em que poderíamos ter diminuído a vantagem do adversário e criaríamos algumas dúvidas no resultado. Mas acabámos por deixá-los dilatar o marcador.

 

Houve falta de eficácia, mas também uma boa exibição do guarda-redes contrário e inúmeros remates aos postes…Claro que o resultado negativo não foi só por demérito nosso, foi porque eles também tinham alguém na baliza que fez com que nós não conseguíssemos marcar mais golos. Mas, no andebol, normalmente, quem tem a bola tem vantagem e nesse pressuposto nós poderíamos ter sido mais eficazes. Num campeonato superequilibrado, como este que iremos ter, todos esses momentos irão contar, seja a parte física, seja a eficácia. Temos de ir minimizando essas contrariedades ao longo do campeonato, sabendo que temos um grupo restrito, com poucas opções. Portanto, temos de ir conciliando essas dificuldades com os atletas mais novos, porque temos alguns miúdos com qualidade, embora tenhamos de conciliar estes jogos com o campeonato dos sub/18. De resto, iremos à luta e tentaremos ser competitivos.

 

O resultado refletiu a diferença de potencial entre as duas equipas?Sim. Obviamente que o Loulé, tendo uma equipa mais madura, mais experiente, acabou por aproveitar bem a nossa ineficácia e alguns erros que cometemos, até mesmo em termos defensivos. É uma equipa cujo valor nós já conhecíamos. Mas, quando estivermos bem fisicamente e tivermos opções disponíveis conseguiremos bater-nos bem e lutar de outra forma contra estes adversários. Quando não temos esses recursos, ou nos corre tudo bem e corre mal ao adversário, ou, então, fica um bocadinho mais difícil para nós.

 

A falta de opções é mais evidente quando faz rodar jogadores. O rendimento é manifestamente mais baixo…Sim. Trouxemos cinco atletas sub/18. Podiam ter vindo mais, pois queremos que eles participem nestes jogos e que venham acrescentar algum valor. Mas temos de ver que esta é uma competição de seniores e a maturidade e a experiência dos adversários sobrepõem-se claramente à muita qualidade que os nossos miúdos possam ter. Temos de ter até algum cuidado quando os inserimos neste tipo de competição. A responsabilidade pelo rendimento da equipa é maioritariamente dos jogadores seniores, mas queremos que com os mais novos em campo não se note essa diferença. Como já estamos no início da época, vamos ter de nos ajustar com o campeonato em andamento. É importante que os miúdos ganhem confiança e percebam que esta competição é um bocadinho diferente daquela onde estão inseridos, mas que possam ir crescendo e ficando confiantes, pois é importante que esta transição seja feita de uma forma consciente e sem queimar etapas.

 

O objetivo da Zona Azul é a passagem à segunda fase do campeonato?Sabendo que passará metade das equipas, naturalmente, queremos estar nessa metade e lutaremos, semana após semana, para que isso possa acontecer, percebendo sempre quais são as nossas reais capacidades. Não desistiremos, nem daremos a época por entregue por estarmos nesta fase de reconstrução. A parte competitiva tem de estar sempre presente, porque é isso que nos cria o compromisso, a seriedade, a dedicação e a entrega. Se no final, quando fizermos as contas, a meta for alcançada, logo se verá. Mas, insisto, queremos crescer, queremos ser competitivos e queremos terminar nos quatro primeiros lugares desta fase.

 

O próximo jogo será com o Évora Andebol Cube, que vos afastou da Taça de Portugal. Não será fácil?O Évora é uma equipa que conhecemos. Está no lote das boas equipas desta série e não tem mudado muito a equipa. Será o terceiro jogo em casa, o que será bom para nós, porque permite que nos mantenhamos no nosso ambiente de conforto. Temos o conhecimento do que foi o jogo da taça mas temos a convicção de que será um jogo em que podemos discutir o resultado.

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