A nova equipa diretiva do Clube de Caçadores do Baixo Alentejo, recentemente eleita e liderada por Luís Maia, esteve na Patrimónios do Sul e organizou o VII Torneio de Tiro aos Pratos em Fosso Universal.
Texto e Foto | Firmino Paixão
Reabilitar o Campo de Tiro João Rebelo, resgatar os associados que foram perdidos para outras coletividades e recolocar o Clube de Tiro do Baixo Alentejo na rota do tiro regional e nacional, acrescentando-lhe outras valências, são projetos anunciados pelo novo presidente, Luís Maia, que lidera uma equipa confiante e determinada, que sente cada vez mais apoio em seu redor. “Tanto eu como a minha equipa estamos confiantes, como estão as pessoas que se têm juntado a nós, no apoio e na amizade que estão a dar de si, vendo aqui um projeto esperançoso para reerguer este clube”, admitiu o dirigente.
O que o levou a aceitar a liderança do Clube de Caçadores do Baixo Alentejo?Consideramos todo este espaço como património municipal, ou seja, este é um sítio que engrandece a cidade de Beja e é triste, em primeiro lugar, ver como tudo isto se degradou. Há cerca de dois anos passei a conviver aqui no clube com a antiga direção, que me foi mostrando quais eram as atividades e o que se fazia neste campo de tiro e fiquei entristecido pela forma como tudo isto estava. Junto com uma equipa de pessoas que nos pareceu mais destinada a poder resolver os problemas que fomos identificando, como questões legais e de alvará, e o facto de o tiro com munições de cartucho metálico não estar a vigorar – e é uma pena –, e eu, como tenho background militar, reuni esta equipa. Repare que, mesmo até oficialmente, a GNR e o Exército não têm um sítio com condições para poderem exercer a atividade de treino, mas também o treino particular.
Como vai reverter as situações que foram identificadas?Já temos algumas coisas a andar com a Força Aérea Portuguesa, já solicitámos ao Exército Português alguns adornos para enfeitar as instalações do clube. Queremos disponibilizar aos atiradores, e aos aficionados, um espaço digno para que venham aqui e que possam andar a conviver pelo clube, porque achamos que isto é uma atividade que cada vez mais esmorece na tradição. Antigamente havia uma enormidade de caçadores. Era uma questão cultural, passava-se de pais para filhos, e mesmo até o serviço militar, que era considerado uma coisa honrosa de se fazer, assim como o era uma pessoa, homem ou mulher, no seu percurso de vida, pertencer às forças armadas, e percebe-se que isso está a definhar. E é com todo o orgulho que gostaríamos de abrir as portas deste clube a todas estas pessoas.
Como é que encontrou o clube? Com instalações degradadas e com os associados, esse património social, em debandada?Conheci o clube porque precisava de um sítio para fazer o meu treino. Conheci a direção anterior e fui envolvendo-me no clube. Vi que, de facto, estava abandonado, que os associados, o grosso, a maior parte, saiu para sítios onde tem condições para fazer o treino e exercer a sua atividade. Gradualmente fui percebendo que havia aqui coisas não conformes, chamemos-lhe assim, e acho que qualquer pessoa, olhando aqui em volta, percebe que é uma pena. Sendo uma pena, eu e a minha mulher interessámo-nos, porque os eventos terão de se fazer cá, pois este é um espaço lindíssimo. Esperamos conseguir aqui um hidrante com água do Alqueva, através da EDIA, que certamente nos trará água com fartura. Isto há de ser verdinho e ter vegetação. Basicamente, são essas as motivações que nos levaram a pegar nisto e a tentar ressuscitar o clube.
Vê-se que está motivado e com propostas criativas para o Campo de Tiro João Rebelo. E ideias para resgatar as centenas de associados de outrora?Fizemos este pequeno evento, o VII Torneio de Tiro aos Pratos, para testar como nos desenrascaríamos. Foi um evento inserido no certame Patrimónios do Sul. Estamos a querer perceber quais as particularidades para gerirmos um evento desta magnitude. Entretanto, em novembro, faremos um torneio semelhante, onde esperamos ter mais pessoas, outros prémios, ter alguma publicidade nas paredes e termos já algum fundo de caixa para podermos resolver problemas básicos do clube como garantir que temos água potável, acabar com a dívida da eletricidade, aprimorarmos as pinturas do espaço e pequenos arranjos das infraestruturas do clube. Fazer o melhor que se conseguir mediante o dinheiro disponível. Depois, em dezembro, planeamos juntar todas as pessoas. Na realidade nem sabemos a extensão, nem o que isto significa, porque os associados, muitos serão de cá, outros não, nem sei dizer qual o histórico que o clube tem por trás. Algumas pessoas saíram de cá, umas desagradadas, outras desmotivadas, mas esperamos juntar toda a gente no Natal, para explicarmos o plano de atividades para 2026 que, nessa altura, já haverá com maior detalhe, e possamos, em conjunto, delinear aqui um caminho. Há sempre sugestões válidas dessas pessoas que praticam este desporto há mais de 40 anos. Queremos ouvi-las a todas e, em conjunto, traçarmos um percurso.
Será necessário retomar e estreitar as relações com a Federação Portuguesa de Tiro com Armas de Caça…Sem dúvida. Já foram reatados os laços com o presidente, Vítor Hugo Pitti, que, em breve, virá visitar o Campo de Tiro João Rebelo para ver o estado em que está e perceber se poderá existir alguma ajuda. Temos algumas máquinas a funcionar, poucas, comparando com o enorme património de 38 máquinas existentes só 10 estão a trabalhar. Gostaríamos de receber aqui grandes provas, provas internacionais, tudo aquilo que tenha cabimento e que a federação achar que deve sugerir e achar que se deve envolver para melhorar este fantástico espaço que temos aqui no Alentejo. A Federação Portuguesa de Tiro, ou seja, o universo de invólucros metálicos, já foi contactada e informada das nossas intenções de colocar aqui boxes de tiro com pistola e tiro com carabina. Tudo isto será apresentado, em dezembro, aos associados e aos aficionados que irão ser convidados para se envolverem no projeto e darem as suas dicas, no sentido de trazerem gente para aqui, para isto voltar a ter a vida que tinha antigamente.