A Associação Galgueira de Cuba (AGCuba), atualmente a única no sul do País e uma das três a nível nacional, já concluiu a temporada desportiva com a realização da Taça Associação e a entrega dos troféus aos vencedores.
Texto e Foto Firmino Paixão
“Gyokeres, Nininho e Gambelas, Salah, David e Arami, Roscaler, Chiquinho e Cristóvão, Tóquio, Maximus e Marmouche”. Não, não é nenhuma equipa de futebol. Mas, na verdade, Jorge São Brás, Tomás Soudo, Vasco Dotsch, Paulo Renato ou Vasco Biana podem ser os treinadores daquela equipa de campeões, os galgos que mais se destacaram no campeonato e na taça da Associação Galgueira de Cuba. A época terminou recentemente, com a realização da taça e a entrega dos “coletes” aos vencedores. O campeonato disputou-se nas categorias de “cachorros”, “nacionais” e “importados”, a taça juntou os “nacionais” e os “importados” numa só classe de “adultos”. Jorge São Brás, presidente da associação, disse ao “Diário do Alentejo”: “A época correu bem, sem qualquer tipo de incidente, tudo dentro da normalidade, sem quaisquer surpresas e fizemos 12 trelas [corridas]”. Por outro lado, já não existe aquela contestação que, em passado recente, existiu contra as corridas de galgos. As coisas acalmaram e estão normalizadas, talvez porque as pessoas verificaram que o que aqui se passa não tem nada a ver com maus-tratos de animais: “Isso está tudo completamente ultrapassado e inclusivamente a federação criou uma linha de atendimento para algum cidadão que tenha conhecimento de algum galgo que esteja em situação de abandono”, anunciou o dirigente. E revelou: “Tendo esse conhecimento, imediatamente os serviços federativos entrarão em contacto com a associação da área, para que o animal seja recolhido, tratado e colocado em posterior situação de adoção”. Nessa medida, acrescentou: “Alguém que o queira adoptar tem essa via disponível para o fazer, sendo certo que será feita uma avaliação às condições que as pessoas dispõem para manter o galgo e só depois o entregam”. São Brás revelou também que qualquer galgueiro que seja identificado por abandono ou maus-tratos de animais será devidamente punido e irradiado pela federação. Não terá mais hipótese de competir. “O galgo continua a ser o único animal em Portugal que, além de ter o chip, terá de ser tatuado nas orelhas, para identificação dos proprietários”, adiantou. No plano nacional a época ainda não terminou. Amanhã disputa-se, no Norte, a final nacional entre os cinco galgos de cada associação regional, norte, centro e sul, e, no dia 11 de outubro, no Bombarral, ocorrerá a Taça da Federação, “uma prova nova no calendário”, esclareceu São Brás.Quanto à associação cubense, atualmente com 75 associados, o seu presidente revelou: “Está muito bem. Atravessa um bom momento, o ano tem corrido normalmente, as pessoas estão empenhadas na continuidade deste desporto, vão aderindo às provas e filiando-se na associação. Podemos afirmar que, de certa forma, estamos crescendo e ficando cada vez mais fortes e com mais juventude. Tomás Soudo, de 25 anos, e os galgos da Casa do Monte Pedral estão a percorrer esse caminho de rejuvenescimento e garantia da tradição galgueira em Cuba. O “Gambelas” foi campeão em “nacionais”, o “Roscaler” foi terceiro nos “cachorros” e o “Chiquinho” terceiro nos “importados” e vencedor da Taça Associação em “adultos”. Há aqui trabalho! “Sim, estamos a caminhar para o topo. Temos 10 galgos, mas isto não é só chegar aqui à pista e competir. Umas vezes ganhamos, outras nem por isso, mas todos os dias temos de soltar e caminhar com os animais, temos de os alimentar e dar-lhes vitaminas. Eles requerem uma grande atenção”, garantiu Tomás Soudo. E deixou a nota: “Desde que nasci que os tenho e que lido com cães. Eu e a minha avó andamos nisto por gosto, não se ganha nada, é apenas pelo prazer de possuir os animais, tratá-los, acarinhá-los e treiná-los diariamente. Depois, sim, trazê-los aqui à pista para competirem. Este gosto foi-me incutido pela minha avó, Ana Soudo, que também é uma grande entusiasta e me acompanha sempre. O meu avô, José Tomás, claro, também ajuda”.Tomás Soudo promete não desistir. “Isto é para levar até ao fim da vida, os galgos têm muita tradição na nossa terra. Cuba é a capital dos galgos, houve sempre aqui muitos animais, mas é preciso que venha gente mais nova. Sozinho não se consegue, tem de existir gosto e entreajuda no seio da família”. Depois, claro, surgirão os bons resultados, que poderão superar os sucessos de Jorge São Brás. “Destronar o Jorge São Brás? (risos) Ando a lutar para isso, pode crer!”, concluiu.
Campeonato AGCuba
“Cachorros”1.º | “Gyokeres” | Jorge São Brás2.º | “Salah” | Vasco Dotsch3.º | “Roscaler” | Tomás Soudo
“Importados”1.º | “Nininho” | Jorge São Brás2.º | “David” | Vasco Dotsch3.º | “Chiquinho” | Tomás Soudo
“Nacionais”1.º | “Gambelas” | Tomás Soudo2.º | “Arami” | Paulo Renato3.º | “Cristóvão” | Jorge São Brás
Taça AGCuba
“Cachorros”1.º | “Gyokeres” | Jorge São Brás2.º | “Salah” | Vasco Dotsch3.º | “Tóquio” | Paulo Renato
“Adultos”1.º | “Chiquinho” | Tomás Soudo2.º | “Maximus” | Jorge São Brás3.º | “Marmouche” | Carlos Biana