Diário do Alentejo

Sempre a lutar pelo título

16 de agosto 2025 - 08:00
Sport Clube Mineiro Aljustrelense apresenta credenciais de candidato ao próximo títuloFoto | Firmino Paixão

O Sport Clube Mineiro Aljustrelense, clube que, nos últimos cinco anos, tem apostado na prata da casa, iniciou um novo ciclo desportivo, com um investimento direcionado para o regresso ao Campeonato de Portugal.

 

Texto e Foto | Firmino Paixão

O Mineiro Aljustrelense esteve pela última vez no Campeonato de Portugal na época 2020/21, após a qual foi despromovido, preparando-se, agora, para iniciar a sua quinta época consecutiva sem pisar palcos nacionais, pelo que se anuncia um novo ciclo. Um tempo de mudança de paradigma, com a contratação de João Nunes, técnico que na última época venceu a Taça Distrito de Beja com o Almodôvar, e o consequente reforço do plantel. O presidente do clube, Paulo Guisado, assume: “O Mineiro é um clube que tem de estar sempre na luta pelo título. Com a organização que temos, o investimento que fizemos, pela dedicação que temos e o plantel que conseguimos reunir, temos condições para subir. Agora, há mais clubes também a querer subir e, por vezes, são os detalhes que fazem a diferença. Pelo que já vi, estou confiante na equipa, nos treinadores, na nossa estrutura. Temos aqui um conjunto que, não existindo nenhum percalço, só nos pode conduzir ao sucesso”.

 

Tinha manifestado a sua indisponibilidade para se manter na presidência do clube, mas decidiu prolongar o compromisso por mais uma época… Sim. Tinha realmente a ideia de não continuar, porque já estamos cá há alguns anos e isto, depois, com o passar do tempo, começa a cansar, portanto, teria sido bom aparecer alguém de novo. Fizemos quatro assembleias, e, à quinta, visto que não apareceu ninguém e eu estava a ver o tempo a passar e as coisas a não correrem da melhor maneira, então, decidi assumir mais uma época, com a equipa que tem estado comigo. Tentaremos dar o nosso melhor, como sempre com muita dedicação.

 

O que se passa com a massa associativa do Mineiro para não existirem alternativas para a gestão do clube?A massa associativa do Mineiro foi sempre, e ainda é, muito próxima do clube. Penso é que as exigências no futebol distrital são cada vez maiores, tanto a nível de despesas, com equipas técnicas, exigências ao nível da formação, das certificações. Tudo isso exige muito trabalho e ocupa-nos muito tempo, e as pessoas, por vezes, têm receio, ou não têm tempo para corresponder a tudo isso e daí as dificuldades em aparecer alguém para assumir as direções dos clubes. Penso que as coisas terão de mudar.

 

A Federação Portuguesa de Futebol, ou até a própria Associação de Futebol de Beja, poderão agilizar esses processos e facilitar a missão dos dirigentes que andam aqui, anos e anos, pro bono?As coisas vão mudando e já nada é como antes. Para que se possam satisfazer todas essas exigências, os clubes terão, eventualmente, de ter pessoas remuneradas e aí, sim, paga-se a mais alguém e essa pessoa poderá fazer vida do desporto. Sabemos que antigamente jogava-se por amor à camisola, não havia exigências como existem hoje. Os orçamentos, atualmente, são muito elevados e os apoios – temos de os agradecer – nunca são suficientes. Eu assumi à quinta assembleia, mas estou certo de que o clube terá sempre um líder. Haverá sempre alguém que, mais cedo ou mais tarde, pegue nisto, como aconteceu comigo da primeira vez que fui presidente à sétima assembleia, e agora à quinta. Na próxima vez espero que seja à primeira. São ciclos, às vezes aparecem pessoas com vontade e a coisa resolve-se rapidamente.

 

Não será a saúde financeira do clube que inibe as pessoas de se envolverem neste compromisso?O Mineiro está de boa saúde financeira. Mas a saúde financeira só se sabe que existe, ou não, no final da época. Eu, no meio da época, nunca soube com o é que as coisas iriam terminar. Mas fomos trabalhando, batalhando, felizmente, terminámos com as contas equilibradas, mas essa saúde financeira é para quatro ou cinco meses. Se não continuarmos a trabalhar, a organizar eventos, a fazer receitas de bar, a inventar formas de angariar receitas próprias... não se pode parar. As ajudas que temos das empresas de restauração de Aljustrel são super importantes. Temos muitas empresas que nos apoiam, são ajudas preciosas, mas não chegam, O apoio do município cobre 30 por cento do orçamento. Portanto, a saúde financeira avalia-se no fim da época, se ela não existir será complicado, havendo, facilita as coisas, mas não é nada para nos fazer descansar. O clube tem todos os escalões de formação, depois os técnicos, fisioterapeutas e massagistas, tudo remunerado. É lógico que são compensações que, para eles, são pequenas, mas para o clube são enormes e, por isso, em três ou quatro meses deixa de existir essa almofada e a situação financeira muda. Não podemos ficar à sombra do que temos. É preciso trabalharmos sempre mais, mas vamos conseguindo.

 

O Mineiro tem andado ausente das provas nacionais. Tentaram potenciar recursos locais, jogadores da terra e da região, sem resultado. Esta época mudou o paradigma?Eu sempre tenho dito, e continuo a dizer, que o plantel que o Mineiro teve na época passada era o melhor dos clubes que disputaram o campeonato distrital. Toda a gente sabe o que se passou. Não foi problema do mister. Os misteres são diferentes, mas o que tínhamos também era bom, era um treinador campeão. Mas tivemos muitos problemas, muitos azares logo no início, dois jogadores, supostamente titulados, que não jogaram a época inteira. Chegámos a ter seis jogadores lesionados em simultâneo. Houve alguns jogos que correram muito bem, mesmo assim ficámos a três pontos do segundo classificado. Penso que se não tivesse havido tanto azar, teríamos conseguido melhor, porque tínhamos um bom plantel e um bom treinador. Sempre gostei do mister Carlos Piteira, sou amigo dele e gosto do seu trabalho, mas há momentos em que temos de mudar alguma coisa. Apostámos neste mister, João Nunes, que trouxe alguns jogadores. Temos novamente um bom plantel, agora, sabemos que a época será longa e que são muitos os fatores de decisão. Por isso há fatores que terão de se conjugar para que tenhamos sucesso.

 

Gostaria de deixar o clube no Campeonato de Portugal?Claro. Não há ninguém que não goste de ganhar e eu não sou diferente das outras pessoas, portanto, quero vencer e gostava que o Mineiro nesta época subisse de divisão.

Comentários