O Clube de Futebol Vasco da Gama, de Vidigueira, fez a dobradinha. Acrescentou a conquista da Supertaça à celebração do título de campeão distrital. O Albernoense só depende de si próprio para, finalmente, subir ao primeiro escalão. O Louredense e o Bairro da Conceição estarão na final da Taça de Honra da 2.ª Divisão, da Associação de Futebol de Beja.
Texto e Foto | Firmino Paixão
Os momentos finais de uma época, que deveriam ser festivos, foram de polémica e de contestação. O Estádio Municipal de Aljustrel, recinto que os dirigentes locais do futebol desejavam transformar num “Jamor alentejano”, fazendo subir as equipas à tribuna, para ali medalharem os jogadores, acolheu o Vasco da Gama de Vidigueira, campeão distrital, e o Desportivo de Almodôvar, recente vencedor da Taça Distrito de Beja. Em causa esteve a disputa da Supertaça, que deveria ter sido o último troféu da temporada, não fora estar ainda por entregar a Taça de Honra da 2.ª Divisão.
A história do jogo, sói dizer-se, são os golos, e esses aconteceram em número de cinco, ou melhor, foram acontecendo. O Almodôvar adiantou-se, ainda, na primeira parte, aos 39’, por Juan Gamboa, vantagem que levou para o período de descanso. O Vasco da Gama empatou aos 81’, por Marco Castelhano, um tento que levou a decisão para um prolongamento de 30 minutos. Nesse período complementar, o Almodôvar voltou a marcar, Bernardo Cunha, aos 106’, e, a um minuto do final, uma grande penalidade assinalada pelo juiz Hugo Simão, e convertida por Daniel Andrade, repôs o empate, desfeito já em período de compensação com um golo de Bruno Costa, jogador que Ricardo Vargas tinha lançado em campo na parte final do segundo período de jogo. Ora, se a decisão da grande penalidade já tinha aquecido o ambiente em torno do relvado, o golo da vitória dos vascaínos colocou-o em ebulição, dentro e fora do relvado, acabando por fazer descer à flor da relva a tal cerimónia que laureou os protagonistas, mas sem o brilho, nem o desportivismo, que deve caracterizar estes momentos. Para se saber ganhar, é preciso que aprendamos também a perder. Mas isto não vem nos compêndios do jogo da bola.
No final da partida ouvimos os dois técnicos e começámos por confrontar João Nunes, treinador do Almodôvar, com a metáfora de que “teve o pássaro da mão, mas deixou-o voar”. Porém, o foco de João Nunes era outro: “Eu diria é que aquela equipa de arbitragem, que ali está a olhar, está de parabéns. O Vidigueira não foi um justo vencedor, esforçaram-se, lutaram, mas não houve justiça na forma como ganharam. Acho que isto só mancha o futebol deste distrito. O futebol aqui na região é bonito, existe espetáculo, mas o que aconteceu aqui hoje mancha o futebol deste distrito”.
Especificou depois: “Vimos uma grande penalidade mal assinalada, um nosso jogador expulso sem motivo nenhum, e o nosso adversário acaba por ganhar injustamente esta Supertaça. Mas, olhe, nós vamos viver o dia seguinte e eles que fiquem com a taça, porque ela não vale nada. Fiquem com a taça!”. Esta seria a segunda para o museu almodovarense, que já conquistara uma Supertaça na época 2012/2013, temporada em que também foi campeão distrital.
“Uma polémica que tem a ver com o calor do jogo e a forma como decorreu a parte final da partida”, comentou Ricardo Vargas, treinador do Vasco da Gama, fazendo notar: “Não gosto de falar de arbitragens, nem me desculpo com isso, essa questão fica para os analistas e para os mais entendidos em futebol”. Mas sempre adiantou: “O que digo é que eu não vi lances a favorecer o Vasco da Gama. O próprio central do Almodôvar assumiu, perante o meu jogador, que tinha cometido grande penalidade, por isso, não sei onde é que ficou a dúvida. Mas foi uma partida que teve muita emoção, nós oferecemos aqui dois golos, o Almodôvar teve mais uma ou outra oportunidade mas, na minha opinião, o guarda-redes do Almodôvar foi o melhor jogador em campo”.
Sobre a forma como a sua equipa acreditou até ao apito final, Ricardo reiterou: “Esta é a alma do Vasco. Acreditamos sempre. Vale a pena acreditar. Esta conquista fica na história do clube, estamos felizes e vamos descansar, porque todo este grupo, e esta estrutura de trabalho, bem o merecem”. E lembrando que a sua equipa terminou o campeonato no pretérito dia 11 de maio, prosseguiu: “Deixo aqui um alerta para a Associação de Futebol de Beja para que, no futuro, não se repita uma situação como esta, porque é inadmissível que uma equipa esteja três semanas parada à espera de jogar uma final, e isso, hoje, refletiu-se na intensidade de jogo, porque os jogadores já estão fora do ritmo competitivo. Espero que se consiga melhorar isso. Não faz sentido estarmos três semanas à espera deste jogo”.
A fase final do Campeonato Distrital da 2.ª Divisão dobrou a penúltima jornada, ainda sem estar encontrada a segunda equipa a promover ao escalão principal. O Odemirense confirmou, em Pias, o seu estatuto de campeão, porventura, arredando os alvinegros da hipótese de subida. O Albernoense empatou em Boavista de Pinheiros e adiou para o seu terreno a hipotética festa de subida, assim vença os Negrilhos, juntando essa presumível celebração à inauguração do seu relvado. A verdade é que Boavista de Pinheiros, Piense e Albernoa ainda têm a subida matematicamente ao seu alcance, o Albernoa depende de si próprio, os outros nem por isso.O Louredense e o Bairro da Conceição disputarão a final da Taça de Honra da 2.ª Divisão.
