Diário do Alentejo

Os dias que correm

02 de março 2025 - 08:00
Carlos Papacinza (NDC Odemira) e Raquel Trabuco (Beja Atlético Clube) em destaque no Corta-Mato Mineiro de AljustrelFoto | Firmino Paixão

O Corta-Mato Mineiro de Aljustrel contou com a participação de cerca de 160 atletas, de 13 clubes. A competição incluiu o campeonato distrital de corta-mato curto e jovem e a estafeta mista.

 

Texto e Foto | Firmino Paixão

 

Com um traçado panorâmico, mas exigente, desenhado na meia encosta do cerro do Moinho do Maralhas, na vila de Aljustrel, a Associação de Atletismo de Beja fez disputar os campeonatos distritais de corta-mato curto e corta-mato jovem, e uma prova de estafetas, contando com uma participação que superou a centena e meia de atletas e uma dúzia de clubes. As duas provas de referência foram dominadas pelo “odemirense” Carlos Papacinza e pela elvense Raquel Trabuco, e o Núcleo Desportivo e Cultura de Odemira venceu a prova de estafetas mistas.

Carlos Papacinza, um dos melhores, senão o melhor atleta regional do momento, isolou-se logo na primeira das quatro voltas a um circuito de mil metros e jamais deixou o comando da prova, conquistando o lugar mais alto do pódio. No final, o atleta revelou: “À semelhança do que fiz no ano passado, entrei nesta época com o propósito de conquistar as vitórias nos campeonatos distritais, campeonatos do Alentejo e tentar colocar-me bem a nível nacional, ou seja, no pódio dos campeonatos de veteranos. Se não for no pódio, pelo menos, ficar ali por perto. Ao nível da elite nacional, quero alcançar sempre o melhor registo possível. A época tem corrido intensamente e tem-me dado alguns frutos. Até agora, só deixei escapar o título absoluto de trail sprint em Santa Iria, mas segurei o do meu escalão. Mas continuo confiante no sucesso dos próximos campeonatos”.

Enquanto militar da Guarda Nacional Republicana, Papacinza também está focado noutras conquistas: “A nossa época de desporto militar é um bocadinho diferente desta época federada, contudo, acabei muito bem o ano, foi mesmo o ano em que consegui os melhores resultados nestes anos todos em que participo em competições militares. Consegui o terceiro lugar à geral e fui campeão nacional no escalão de M35”. Um bom atleta, num bom momento de forma, como se avalia pelo ritmo intenso que coloca do início ao final de todas as provas. Algo que justificou, referindo: “Isso evidencia o trabalho que tenho feito nos últimos dois ou três anos, que é uma tomada de consciência e um trabalho mental para a competição. Se estiver com força, ou se procurar alguma marca, sou capaz de atacar logo no início, se estiver mais cansado, por ter vindo de outras provas, terei de dosear o esforço e farei uma competição diferente, acabando por ir no grupo, para avaliar a capacidade dos adversários, mas se me sentir capaz, assim que tiver oportunidade, é para atacar”.

O atletismo do Núcleo Desportivo e Cultural de Odemira está forte, tendo em Carlos Papacinza e Ana Lourenço as suas principais referências, admitiu: “Trabalhamos com bastante intensidade. Pelo menos, ao nível do distrito de Beja, apresentamo-nos sempre muito bem e temos conquistado a maioria das vitórias. A este nível, o trabalho está consolidado, mas nós procuramos sempre trabalhar para outros patamares. Queremos consolidar os campeonatos do Alentejo, queremos fazer bons registos ao nível nacional, procurando estar sempre entre os melhores”.

Quanto ao atual estado do atletismo regional, o campeão tem a sua opinião: “Já teve melhores dias. Nos dias que correm temos visto que a área mais jovem está mais fraca. Os jovens não procuram o desporto na generalidade e a corrida muito menos. Estamos a assistir a um processo difícil na captação de jovens, mas as plataformas digitais que existem acabam por os afastar de uma atividade que faz bem à saúde, que é o desporto”.

No setor feminino, a elvense Raquel Trabuco subiu ao piso mais alto do pódio, lugar onde habitualmente também reside. Só por isso, e não é coisa pouca, valeu a pena a sua vinda à “Vila Mineira”: “Correu bem e só foi bom por isso, porque o percurso era muito duro, se fossem uma ou duas voltas não seria tão duro, mas quatro voltas a este percurso não foi muito fácil, porque tem muitas curvas, subidas, descidas e obstáculos, claro que tudo isto faz parte de um corta-mato, mas para quem, como eu, não aprecia muito esta disciplina, torna-se muito difícil”. Uma disciplina que não é “a sua praia” mas que abraçou: “Principalmente, para conquistar o título para o clube que represento, mas também para enriquecer o meu palmarés individual “.

Quanto à relação de Raquel Trabuco com o Beja Atlético Clube, está bem e recomenda-se. “Está cinco estrelas, por enquanto não tenho nada a apontar. Até à data de hoje tem sido impecável, conto com o apoio do clube para tudo o que necessito, seja em lesões, seja em deslocações, nunca me falharam em coisa nenhuma”, garantiu a elvense que, neste fim de semana, participará na prova de 3000 metros dos campeonatos nacionais de veteranos.

 

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