A formação de jovens atletas é o principal desígnio da Associação de Karaté de Beja que, no último fim de semana, reuniu no pavilhão da escola de Santiago Maior, em Beja, mais de uma centena de praticantes.
Texto e Foto| Firmino Paixão
Este foi o primeiro torneio distrital da época, revelou o kyoshi Teófilo Fonseca, presidente da Associação de Karaté de Beja, revelando: “Organiza-remos dois torneios distritais, para fazermos o apuramento para os regionais federativos e regionais da associação internacional, que é a Seiwakai, além de que, neste ano, estamos a apostar numa prova que se realizará em Itália. Se houver atletas que obtenham resultados para se qualificarem para estar nesse torneio internacional tentaremos levá-los, dependendo sempre dos apoios que conseguirmos”.
Quanto ao primeiro torneio regional associativo, Teófilo Fonseca adiantou: “Hoje estiveram aqui atletas a concorrer em kata e kumite. A kata são as figuras, o kumite já tem combate, mas com contacto controlado. Nestas idades pode existir contacto com o corpo, mas nunca com a cabeça”. E pormenorizou: “Na primeira parte do torneio tivemos as crianças até aos sete anos, que são os infantis. É uma prova de alfabetização motora”. Outro aspeto que o técnico, e dirigente, sublinhou foi: “No primeiro torneio de cada época fazemos sempre uma prova para as crianças mais jovens, meninos e meninas com idade até aos sete anos, praticantes que têm menos tempo na modalidade, por se terem iniciado mais recentemente. Esse processo faz a formação motora para a criança”.
O torneio reuniu 112 atletas nas categorias de infantis, iniciados, juvenis, cadetes e juniores. No primeiro momento, pela manhã, estiveram os infantis e os juniores, o escalão em que a quantidade de atletas é menor. Na segunda parte estiveram em prova iniciados, cadetes e juvenis, igualmente nas disciplinas de kata e kumite. Mas a modalidade vive um momento de crescimento, admitiu Teófilo Fonseca, deixando a nota: “Temos constatado uma evolução muito positiva. Por exemplo, em Beja, neste ano, temos uma classe com perto de meia centena de atletas em fase de iniciação, outros já com alguns anos na modalidade, o que perfaz cerca de 80 praticantes. Um número muito satisfatório”. Por outro lado, deu ainda a conhecer: “Hoje estiveram aqui sete das nove academias que temos, faltaram duas porque o treinador magoou-se e não pôde vir com os atletas. Já tivemos 19 escolas de karaté no distrito de Beja, depois, por este ou por aquele motivo, por exemplo, porque os treinadores saíram, as escolas fecharam. Mas, neste momento, ainda temos nove escolas a funcionar permanentemente, com um total de 300 atletas”.
As nove escolas atualmente em atividade estão sediadas em Beja, Cuba, Évora, Moura, Penedo Gordo, Pias, Serpa, Vidigueira e Vila Nova de São Bento. Sem ações públicas de divulgação da modalidade, que não sejam os torneios, a captação de novos praticantes tem sido bem-sucedida, revelou o dirigente associativo. “O recrutamento é feito em método de passa palavra. Não vamos às escolas, nem fazemos qualquer publicidade. Só temos na Internet uma página da AKB-Associação de Karaté de Beja, em que referimos quais as escolas e os horários que existem. De resto, não temos mais nada. O melhor é mesmo as pessoas, os pais ou os atletas, dizerem uns aos outros que gostam de aqui estar”.
Por outro lado, contribuem muito os benefícios em termos de desenvolvimento físico e intelectual do praticante, considerou: “Tenho o gosto de lhe estar a dizer que os atletas que têm saído da Academia de Karaté são alunos de topo nas escolas. São atletas muito organizados e todos os atletas que atingem uma graduação alta são excelentes pessoas na vida real”. Porém, reforçou Teófilo Fonseca: “Neste momento, o nosso objetivo é, principalmente, a formação dos atletas nas idades mais jovens. Também fazemos competição, claro, mas não temos o objetivo da alta competição. Temos atletas que gostam de competir, é algo que faz parte da modalidade, mas o nosso grande objetivo é a formação”. Uma boa razão, porventura a primordial, para a existência de um qualificado enquadramento técnico, explicou: “Olhe, eu, por exemplo, estou a lecionar há 37 anos, já tenho 51 de prática da modalidade. Todos os treinadores terão de estar credenciados e acreditados pela Federação Nacional de Karaté e reconhecidos no IPDJ [Instituto Português do Desporto e Juventude]. Sem isso não podem estar à frente das escolas desta associação”, garantiu.
No próximo dia 30 o karaté voltará ao pavilhão da Escola Básica 2,3 de Santiago Maior, na cidade de Beja, para uma importante ação de formação, explicou o sensei Teófilo Fonseca: “Voltará para um seminário nacional para aperfeiçoamento e desenvolvimento técnico. Pela manhã temos atividade para todos os escalões e, pela tarde, o seminário será dirigido a atletas a partir de uma determinada graduação. Estará por cá o sensei mais graduado, o Abel Figueiredo, 8.º dan, e também dois sensei com o 7.º dan, eu próprio e Jorge Pimenta. Além do aperfeiçoamento técnico será, igualmente, uma preparação para a graduação de cintos negros”.