Diário do Alentejo

“Fazer sempre mais e melhor”

18 de agosto 2024 - 08:00
José Luís Prazeres, treinador do Moura, não espera facilidades mas está confiante no sucessoFoto| Firmino Paixão

O Moura Atlético Clube regressou nesta temporada ao Campeonato de Portugal, após três épocas de ausência. Preparados para enfrentarem as dificuldades que se avizinham, os seus dirigentes e a equipa técnica convergem na necessidade de fixar o clube no Campeonato de Portugal.

 

Texto e Foto | Firmino Paixão

 

“Para nos ganharem terão de correr mais do que nós, terão de ser mais organizados do que nós, porque tudo faremos para superar os nossos adversários”. Uma garantia deixada por José Luís Prazeres, considerando: “A série D será extremamente difícil, com dois clubes que desceram da Liga 3, o Amora e o Moncarapachense, equipas com investimentos avultados. Mas eu costumo dizer que os jogos ganham-se dentro das quatro linhas”. Feliz por um percurso que assume ser uma aprendizagem pessoal, José Luís Prazeres tem um discurso ambicioso, mas pragmático.

Será importante que o Moura consiga a manutenção e a consolidação no Campeonato de Portugal?Claro. Acho que é importante que o Moura se mantenha no Campeonato de Portugal depois destes três anos de ausência. Estamos todos em sintonia com todas essas projeções para o futuro do Moura Atlético Clube. Também estamos todos cientes das dificuldades que vamos enfrentar neste campeonato. No entanto, isso não nos limitará a ambição de querermos fazer sempre mais e melhor. É com esse espírito que a direção, a equipa técnica e os jogadores projetam uma época que será difícil mas, ao mesmo tempo, esperançosa, na tentativa de alcançarmos os nossos objetivos.

Será a estreia a este nível com um projeto iniciado e planeado por José Luís?É a primeira vez que começo uma época no Campeonato de Portugal. Tive a minha primeira experiência no Aljustrelense, durante seis meses, algo que me deixou um sabor agridoce, porque me deixou boas sensações no que diz respeito à organização e à competência que demonstrámos na conquista de pontos durante o período em que lá estive, coisa que, até à data, não era conseguido, pese embora o trabalho feito pelos treinadores que por lá passaram e pela direção do clube. Começo uma época com aqueles jogadores que quiserem cá estar, acho que é muito importante essa equação entre nós os querermos e eles também quererem estar aqui. Pode fazer toda a diferença. Pessoalmente, espero uma época de muita aprendizagem, conseguindo, essencialmente, pôr em prática aquilo de que eu gosto, que é uma equipa a jogar um bom futebol e que, acima de tudo, consigamos os objetivos.

Não terá sido fácil construir o plantel, desde logo face às novas exigências regulamentares…Sabemos que, no passado, os jogadores estrangeiros eram os mais valiosos e com maior peso nos orçamentos. Hoje em dia, o jogador formado localmente sabe que ganhou relevância, porque são necessários 14 atletas na ficha de jogo, e isso cria mais dificuldades na contratação de novos atletas. Mas o trabalho e a prospeção de mercado que foram feitos pela direção foi muito positivo. Estou extremamente satisfeito com o plantel que temos ao nosso dispor, obviamente, que alguns atletas demoraram mais tempo a chegar, mas estamos muito agradados com aquilo que foi conseguido. Os plantéis nunca estão fechados, a qualquer momento podem acontecer entradas ou saídas, aliás, este campeonato está feito muito para isso, e quem o tem feito, ultimamente, tem conseguido bons resultados.

Estamos a falar de um plantel equilibrado, com várias opções para as diferentes posições?Foi exatamente isso que procurámos. Sem nunca colocar em causa o futuro do Moura, aliás, essa é, seguramente, uma preocupação transversal a todos os clubes da nossa região. O presente é importante, perspetivar o futuro também, mas sempre com bases muito sólidas. Nesse sentido, o que procurámos foi ter dois atletas por posição, compatíveis com um modelo de jogo que achamos que é o mais competente para enfrentarmos este campeonato, com outras dinâmicas do que anteriormente, porque a equipa terá mais visibilidade e uma análise mais cuidada dos adversários.

A equipa terá de reconquistar a massa associativa. Quando uma equipa não tem muitos jogadores da terra, muitas pessoas deixam de se identificar com o clube…Há muito tempo que partilho da ideia de que são os resultados da equipa que conquistam as pessoas. Infelizmente, a cultura portuguesa é um pouco assim. As pessoas querem ver bom futebol e exigem bons resultados. Se, aliados a esses fatores, conseguir ter alguém da cidade, ou do concelho, será melhor. Mas a realidade, por muito que me custe, é diferente. Olhemos para o “Distritalão” da última época, viram-se cada vez mais jogadores provenientes de diferentes origens. Nós, acima de tudo, queremos jogadores de qualidade, mas vamos trabalhar com o intuito de puxarmos, cada vez mais, os adeptos do Moura para o estádio.

O Moura inicia o campeonato com uma deslocação ao terreno do Barreirense…Foi o que ditou o sorteio e, a partir desse momento, dessa realidade, temos de estar satisfeitos com isso. O Barreirense é um histórico, tem uma massa adepta muito leal e aguerrida, esperamos dificuldades, mas queremos vir de lá com um bom resultado.

Na segunda jornada receberão o vizinho Serpa…Um dérbi logo na segunda jornada. Esperamos que seja um bom espetáculo e que vença o melhor, desejando, naturalmente, que o melhor seja o Moura. Temos apenas estes dois clubes do Campeonato de Portugal, acho que estamos num distrito com pouca ambição, tem tudo a ver com uma cultura de resultados e com a inexistência de investidores.

Na Taça de Portugal recebem o Portel e são favoritos?A questão do favoritismo é muito subjetiva. O Portel ficou em segundo lugar no campeonato de Évora. É uma equipa ambiciosa que, certamente, construiu um plantel forte, mas, obviamente, que jogando em casa, queremos dar aos nossos adeptos a alegria de passarmos a eliminatória. Será importante para o crescimento dos atletas e naturalmente que o aspeto financeiro também será relevante.

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