Quando entrar em campo, no próximo domingo, para defrontar o Amora, o Futebol Clube de Serpa encetará a quarta temporada consecutiva no Campeonato de Portugal. A segunda sob o comando de Mauro Santos.
Texto e Foto | Firmino Paixão
O jogo inaugural dos serpenses na temporada 2024/2025, que no domingo se inicia, será frente ao Amora. Um clube que, na época anterior, competia na Liga 3 e que surge nesta série D do Campeonato de Portugal como um dos principais favoritos. Uma condição contrariada pelo treinador do Serpa, quando afirma que: “O nosso foco, para já, é o Amora. Temos trabalhado para chegarmos fortes a esse jogo e conquistarmos os três pontos”. Trabalho, ambição e empenho são as promessas de um treinador que deixou um trabalho positivo na temporada transata. “Fiquei muito satisfeito por me terem convidado para continuar. Iniciar uma época era algo que eu também desejava e acabaram por se juntar as duas partes, a vontade da direção do clube e a minha vontade em continuar, portanto, foi muito fácil regressar”.
Há um ano chegou a Serpa já com o campeonato em curso. Neste ano foi tudo diferente, em termos de escolhas, de planeamento e de métodos?Claro. Em tom de brincadeira o nosso diretor desportivo diz que esta equipa técnica tem muito bom gosto, porque da nossa lista de jogadores alguns foram parar à Liga 3. Portanto, alguns jogadores que tínhamos referenciado não puderam vir para cá. Mas estou muito agradado com o plantel que temos. Em relação à época passada, acredito que temos mais soluções para a maior parte das posições, haverá outras em que não será tão linear, mas estamos a trabalhar no sentido de possuirmos soluções para todos os setores.
Haverá sempre mais lugar para um jogador que desequilibre? Neste momento, tem um plantel capaz de enfrentar os desafios que por aí virão? Nós nunca temos tudo aquilo que queremos. É impossível. Queria muitos jogadores que foram para a Liga 3. E ao nível de posições, foram chegando alguns jogadores dos quais eu apenas conhecia o histórico como jogadores, não os conhecia como homens. Temos feito esse trabalho de falar com eles individualmente, para os conhecer melhor e, como lhe disse, e vou repetir, estou agradado. Agora, se me perguntar se era o plantel que eu queria a cem por cento, talvez não, mas o ideal é difícil de conseguir, por isso, direi que estou muito satisfeito com o plantel que tenho neste momento.
Os resultados na pré-época são irrelevantes. O importante é criar rotinas, reforçar espírito de grupo e definir o modelo de jogo… Na minha opinião, os resultados dos jogos de pré-época valem muito pouco. Não perdemos nenhum mas, por exemplo, sofremos dois golos contra o Farense, logo na primeira semana, algo que não me agradou. Mas só tínhamos quatro treinos. Apesar de não termos perdido jogos, oferecemos algumas oportunidades aos adversários e queremos melhorar no aspeto defensivo. Mas também começámos pelo outro lado, começámos pelo setor ofensivo e deixámos a questão mais defensiva para o final da pré-época. Veremos o que o início do campeonato nos irá trazer.
Sempre focados na manutenção tão cedo quanto possível? No ano passado conseguiram-no no último jogo do campeonato…Sim. Nós queremos fazer um campeonato positivo. Não queremos sofrer até ao final. Queremos também pensar um bocadinho mais do que na manutenção. Pela minha parte, ao nível individual, acho que temos essa capacidade. Se irá acontecer, ou não, isso não sabemos. Trabalhamos todos os dias para algo mais do que a manutenção. Claro que, em primeiro lugar, teremos de a atingir e só depois é que podemos olhar para outros voos, mas, ao nível de profissionalismo, do empenho e de foco nas tarefas teremos de estar sempre no nível máximo se queremos outro tipo de voo. Não podemos fazer as mesmas coisas que fazíamos antes e esperar resultados diferentes. É por isso que me tenho batido muito, as pessoas estão a par, tendo eu a consciência de que não é fácil fazer a estrutura crescer rapidamente. Mas temos de tentar fazer um esforço e sermos criativos, dentro das nossas limitações.
Vamos para a quarta época, consecutiva, com o Serpa no Campeonato de Portugal. O clube está suficientemente estruturado para permanecer neste patamar?Claro! Para permanecer não tenho dúvidas. Acho que sim, sei que há por aí clubes com muito menos condições. O Serpa tem uma estrutura muito competente, muito trabalhadora, e que faz o que pode com o que tem. Não podemos competir com equipas que têm orçamentos muito superiores. O Lusitano fez contratações do outro mundo, o Amora contratações do outro mundo fez, portanto, estão noutro patamar ao nível de valores. Mas quando a bola começar a rolar, aí interessará é o que se treinou, a competência da equipa técnica, a competência dos jogadores, a competência da direção, tudo isso entra em campo e depois vamos ver o que acontece no fim dos 90 minutos.
Uma série difícil. Vem já por aí o Amora que desceu da Liga 3…O Amora foi buscar alguns jogadores ao Vitória de Setúbal, que teve o problema que é conhecido. O Lusitano e o Louletano reforçaram-se muito bem, mas temos outras equipas que têm vindo a trabalhar muito bem. Não se tem ouvido falar muito do Sintrense, do Moncarapachense ou do Lagoa, mas acredito que se reforçaram com qualidade, portanto, temos é que fazer o nosso trabalhinho, trabalhar arduamente e mais do que os outros, se queremos ficar à frente deles. Começámos o nosso trabalho com o foco em chegarmos fortes à primeira jornada, é uma vontade, é um objetivo que temos e trabalhamos para isso. Não posso prometer nada, só podemos é trabalhar e sermos as mesmas pessoas que somos, na vitória, no empate e na derrota.
O apoio dos adeptos será fundamental…O apoio dos adeptos é muito importante, mas terão de fazer o esforço de puxar mais pela equipa. Não é só quando a equipa está a ganhar que se deve ouvir: “Serpa, Serpa, Serpa…”. É quando a equipa está empatada ou, eventualmente, a perder. Não estamos imunes a isso, mas é nesses momentos que os jogadores precisam mais do apoio dos adeptos. O silêncio, às vezes, é desconfortável.