Com a participação da seleção da Associação de Futebol de Beja no 28.º Torneio Lopes da Silva caiu o pano sobre a época desportiva 2023/2024. Agora é já tempo de projetar o futuro, partindo de um presente em que todos os indicadores revelam que o percurso está a ser bem desenhado.
Texto Firmino Paixão
O presidente da direção da Associação de Futebol de Beja (AFBeja), Pedro Xavier, não esconde o orgulho pelo trabalho que a sua equipa tem vindo a desenvolver e fala com entusiasmo dos números que mostram o reconhecimento pela qualidade e pela projeção dos indicadores que colocam o futebol regional num patamar elevado. Na avaliação à época finda, o dirigente revelou: “Correu muito bem! Foi uma época normal, em que não tivemos problemas, como aconteceu em outras anteriores, com questões que nós não conseguimos controlar. Atingimos os objetivos a que nos propusemos e até batemos todos os recordes. Conseguimos um aumento no número de atletas – atualmente 4700 –, somos a associação de topo em termos de crescimento, por isso, penso que a AFBeja, e os seus clubes, estão de parabéns”.
São dados que orgulham os corpos sociais da associação e que os projetam para um novo mandato?
Sim, até porque, muitas vezes, o nosso trabalho não é reconhecido, mas, com estes números que conseguimos, só podemos esperar um reconhecimento a nível nacional e da parte da Federação Portuguesa de Futebol [FPF]. São dados que estão à vista de todos. Crescemos em número de clubes certificados, crescemos em número de atletas e de clubes filiados, foi um aumento global em todas as áreas, portanto, estamos no bom caminho e podemos projetar o futuro.
Estando numa região de baixa densidade populacional, isso ainda é mais meritório…
Claro! A Federação quando faz essa avaliação e medição de valores fá-lo num rácio em que é ponderado o número de atletas e o número de habitantes. Tivemos um crescimento astronómico, algo que nem em sonhos imaginávamos.
Mas é preciso fazer crescer o número de atletas no feminino, quer no futebol, como no futsal?
Também registámos um aumento apreciável no futebol feminino, algo que tem vindo a suceder ano após ano. Temos conseguido isso através das nossas estratégias e, naturalmente, através do trabalho e da dedicação dos clubes. Portanto, pensamos que o futuro é risonho e será marcado por um crescimento anual das atletas, no sentido de irmos acompanhando o crescimento masculino.
Conseguiram organizar campeonatos de juvenis e juniores com imensos clubes, o que não acontecia num passado recente…
Conseguimo-lo mercê da nossa estratégia. Aumentar essa participação parecia uma coisa muito complicada, mas os clubes já viram que foi bem-sucedida. Tivemos 16 equipas nos juniores, quando existiam cinco. Também aumentámos muito nos iniciados, nos infantis, petizes e traquinas. Portanto, temos o futuro garantido e capacidade para trabalharmos na melhoria dos resultados.
As seleções também fizeram o seu percurso, ainda agora terminou o Lopes da Silva…
Há cinco ou seis anos que nos qualificamos para a Liga de Ouro do Lopes da Silva, ou seja, estamos entre as primeiras 12 seleções nacionais. No passado ganhámo-la, neste ano fomos defender esse título, o que não foi fácil, porém, mantivemo-nos na Liga de Ouro. Temos 12 seleções distritais, o que obriga a uma atividade muito intensa do gabinete técnico, dos selecionadores e dos treinadores.
O futebol de praia e o walking footbal são dois projetos em desenvolvimento?
Temos quatro clubes e 60 atletas já inscritos no walking football, que recentemente participaram num encontro nacional. No futebol de praia fizemos o desafio aos clubes, pensando que seria muito bom promover essa modalidade aqui na região, naturalmente, criando algumas infraestruturas para que isso aconteça.
Na próxima época surgirão mais pisos sintéticos…
Será por aí que vamos crescendo e evoluindo, não só pela requalificação das infraestruturas, como ao nível da qualidade técnica e táctica dos atletas. Tínhamos 16 pelados na nossa área de intervenção, iremos ficar com cinco ou seis, e a tendência será que, daqui a poucos anos, não exista nenhum.Temos pouca representatividade no Campeonato de Portugal: seis equipas no Alentejo, apenas duas no distrito de Beja…Gastaríamos de ter uma representatividade maior, mas, se olhar para o quadro nacional, verá que o litoral e o norte do País são as regiões que estão carregadas de clubes a competir no Campeonato de Portugal. Isso diz-nos que os orçamentos são muito elevados e que os clubes precisam de apoios e incentivos, e esta região não possui tecido empresarial que os proporcione. Portanto, temos de trabalhar com aquilo que temos, e muito fazem os nossos clubes. Os nossos clubes fazem milagres.
O secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, ex-vice-presidente da FPF conhece a realidade do interior do País. Poderá ser importante para o seu desempenho global?
Será importante para todas as modalidades e não foi por acaso que a federação lançou este ano o “Projeto Quinas de Ouro”, que passa por desenvolver atividade física desportiva na escola primária. Não é o futebol. A federação está a investir no desenvolvimento das qualidades físicas desportivas e motoras dos alunos para depois ingressarem no basquetebol, no andebol, no voleibol ou no futebol. Quanto melhores atletas forem na formação, melhor chegarão aos seniores. Se tiverem gosto pelo futebol, será um investimento a longo prazo.
Um investimento à margem do desporto escolar?
Estamos a substituir um pouco o desporto escolar, ou seja, a federação está a fazer o papel que o Estado deveria fazer e não faz, que era a obrigatoriedade de três momentos letivos no primeiro ciclo para os alunos desenvolverem o nível motor.