Diário do Alentejo

Daniel Martins (Areias de São João) e Ana Lourenço (NDC Odemira) foram os mais rápidos na 6.ª Travessia da Planície

08 de junho 2024 - 12:00
O coração da biodiversidade

São Marcos da Atabueira e Entradas são duas freguesias do município de Castro Verde, que distam, entre si, cerca de 11 240 metros, num percurso desenhado pela antiga Estrada Nacional 123. Uma rota de invulgar excelência ambiental, pela qual os atletas atravessam a planície.

 

Texto e Foto Firmino Paixão

 

As duas freguesias que, anualmente, servem de cenário para a organização da prova desportiva Travessia da Planície, organizada pelo município de Castro Verde, não terão, em conjunto, mais do que 1200 habitantes, uma densidade populacional média que rondará os nove habitantes por quilómetros quadrado. Um território, outrora, caracterizado por zonas húmidas (leitos das ribeiras de Terges e de Cobres) onde cresciam as atabuas, que deram nome à mais pequena das freguesias. Um espaço, em conjunto, essencial para a preservação de determinadas espécies que o associaram à Rede Natura 2000. Foi através destas belas e invulgares paisagens naturais que centena e meia de caminheiros e atletas evoluíram, neste ano, de sul para norte (a próxima edição será de Entradas para São Marcos de Atabueira), até ao magnífico jardim na avenida de Nossa Senhora da Esperança, na vila de Entradas.

Três atletas do Clube Desportivo Areias de São João vinham na frente, agradados com o ambiente que os envolvia. Mas foi o piloto aviador da equipa, Daniel Martins, quem primeiro ultrapassou o tapete eletrónico de meta, garantindo: “Estas iniciativas no interior do Alentejo são sempre agradáveis. Trouxemos aqui uma boa equipa, adiantámo-nos logo no início da corrida, viemos apreciando esta magnífica paisagem e chegámos aqui juntos, ocupando os três primeiros lugares da geral absoluta. Foi muito bom ver tanta gente a participar e a apoiar esta corrida”.

Ana Lourenço, do Núcleo Desportivo e Cultural de Odemira (NDC Odemira), ainda no rescaldo do 12.º aniversário das filhas gémeas, veio do litoral para assinar a terceira vitória nesta competição. “Foi uma prenda para as minhas gémeas. Senti-me bem, apesar da minha condição física não ser a melhor neste momento, contudo, fui cautelosa logo no início e, à medida que a corrida evoluía, fui apertando comigo. Foi a minha terceira participação e terceira vitória, o que tem muito significado para mim. Mas o percurso, sendo bonito, é um bocadinho duro”.

António José Brito, presidente do município de Castro Verde, que se desdobrava em presenças nos vários eventos que ocorreram no concelho, a propósito da Travessia da Planície, comentou: “É uma iniciativa que se integra no conjunto de atividades, que são bastantes, do gabinete de desporto da Câmara Municipal de Castro Verde, que é mais um gabinete que tem uma atividade muito intensa de ligação às pessoas, quase em permanência e, portanto, esta iniciativa foi também enquadrada naquilo que é essa atividade e, por outro lado, também uma forma de, digamos, valorizar um território como o nosso, que é classificado como Reserva da Biosfera”. Portanto, completou o autarca: “Esta prova, com duas vertentes, uma mais competitiva e outra mais de divertimento para a pessoas, sem deixar de ter essa componente desportiva, acaba por ser também um fator de valorização porque o percurso atravessa o coração da Reserva da Biosfera e, portanto, é também uma forma de dar expressão, no plano desportivo, àquilo que é uma classificação muito importante para Castro Verde”.

Questionado sobre a importância da prova na promoção da coesão de territórios com tão baixa densidade populacional, António José Brito respondeu: “De algum modo pode falar-se nisso, mas diria que esta prova acaba por ser uma peça que se integra num conjunto de muitas outras coisas que o município de Castro Verde, regularmente, dinamiza, quer da área do gabinete de desporto, quer na área de outros gabinetes. Por exemplo, nós temos um programa de ligação a todo o território denominado ‘Castro Verde 21’, em que se juntam os setores de educação, ação social, desporto, também a biblioteca, e isso é uma outra expressão daquilo que é o trabalho do município de Castro Verde para a valorização, digamos que um contributo para a maior coesão territorial, porque consegue, em cada território, em cada sítio, em cada freguesia, em cada local, levar atividades o mais diversificadas possível, para chamar as pessoas a participarem e valorizarem essa participação. Nada aqui é descontextualizado. O que procuramos é fazer um trabalho que agregue um conjunto de ações diversas e que façam sentido entre elas, e que isso agregue também todo o território do concelho de Castro Verde e, às vezes, até de concelhos vizinhos”.

O edil concordou ainda com eventuais melhorias na organização de modo a captar a presença de mais participantes e deixou a nota: “Teremos de fazer aqui algum ajuste no que diz respeito à data, mas temos aqui espaço para que esta iniciativa seja mais valorizada e seja também mais um ponto de atração entre muitos outros que Castro Verde tem. Só para dar um exemplo, neste fim de semana, para além desta iniciativa, tivemos o Castrense Cup e uma prova da Taça Regional de XCO, uma competição de BTT. Portanto, nestes três dias tivemos esta grande envolvência. Tudo isto acaba por ser muito valorizador do território, porque traz pessoas até nós, as pessoas conhecem o concelho, deixam algum retorno na economia local e tudo isso traz vida ao nosso concelho, que é também um objetivo central de tudo o que vamos desenvolvendo”.

Comentários