Diário do Alentejo

Corrida Cidade de Beja, tributo a Fernando Mamede, contou com 400 participantes

19 de maio 2024 - 12:00
Um voo picado…
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O atleta Daniel Martins, do Clube Desportivo Areias de São João/ /Albufeira, e a atleta Raquel Trabuco, do Beja Atlético Clube, foram os vencedores absolutos da Corrida Cidade de Beja – 10 Km Fernando Mamede, prova com que o município presta tributo a um filho da terra.

 

Texto Firmino Paixão

 

Os cerca de 400 participantes inscritos na edição 2024 da Corrida Cidade de Beja – 10 km Fernando Mamede largaram da porta de armas do Regimento de Infantaria n.º 1, um dos parceiros do município de Beja, a par da Base Aérea n.º 11, na organização anual desta corrida que homenageia Fernando Mamede, um filho ilustre da cidade, com um invejável palmarés nacional e internacional na modalidade de atletismo – O Recordista, como titula a sua biografia autorizada, assinada pelo jornalista Jorge Vicente. Aliás, ainda hoje se mantém por bater o registo de 28’11s que o bejense conseguiu numa prova de 10 000 metros em estrada, em Londres. Estórias de tempos idos. Mas estórias de hoje contam que o algarvio Daniel Martins foi o mais veloz a voar para meta. Sim, a voar. O atleta do Grupo Desportivo Areias de São João é piloto na Base Aérea n.º 11, em Beja – especializado na aeronave monomotor “Epsilon TB30”, que frequentemente voa pelos céus da cidade – e já ganhara a edição anterior desta prova.

Daniel Martins contou: “O objetivo era realmente revalidar o título que conquistei no ano passado, mas a concorrência estava forte. Vieram aqui bons atletas, que também estavam cá certamente com o objetivo de vencer. Foi uma prova bastante agradável, competitiva, e o objetivo acabou por ser cumprido, porque consegui realmente repetir a vitória que tinha conquistado na edição 2023 destes 10 km Fernando Mamede”. Quanto ao percurso, o bicampeão achou-o exigente. “O oitavo quilómetro teve uma subida, embora não muito acentuada, mas muito prolongada, cerca de um quilómetro. De resto, foi um bom percurso, mostrando a corrida à cidade, e isso foi bastante agradável, porque as condições climatéricas foram bastante favoráveis”. Comentando as incidências da prova, revelou: “Foi desafiante, isolámo-nos três atletas, todos nós com os olhos na vitória mas, nos quilómetros finais, ataquei, isolei-me e depois foi gerir a vantagem até à meta”. Lá por cima, leia-se, pelos ares, as coisas também correm de feição, como afirmou Daniel. “A Base Aérea n.º 11 é a minha segunda casa, por isso, é um prazer correr nesta cidade e espero que a prova continue nos próximos anos com uma boa adesão da população”.

Bruno Santos (Reboleira) e Carlos Papacinza (Odemira) que, juntamente com Daniel Martins, assumiram as despesas da corrida, chegaram nos lugares imediatos. Quase seis minutos depois chegou a primeira atleta feminina, sendo certo que a vencedora haveria de se chamar Raquel, porquanto eram duas as que lideravam a prova. Raquel Trabuco, atleta do Beja Atlético Clube, destacou-se da sua opositora e venceu a sua primeira corrida na cidade de Beja, apesar de vestir uma camisola com a silhueta do castelo. Foi com essa afirmação que a elvense analisou a sua prova. “Foi a primeira vez que corri aqui na cidade de Beja e logo num evento que homenageia um grande atleta. Só por isso sinto um grande orgulho, e vencer a prova foi ‘a cereja no topo do bolo’, depois em representação do Beja Atlético Clube, o que ainda ajuda mais à festa”. Um sucesso, a juntar a muitos outros que conquistou em passado recente, que certamente a manterá no Beja Atlético Clube. “Uma ligação para manter”, garantiu. E justificou: “Porque me sinto muito bem aqui e espero que o clube também se sinta bem com a minha presença”. Quanto à prova em si, disse: “Achei o percurso um pouco duro, sobretudo, com aquela grande subida depois do meio da prova, aos sete ou oito quilómetros, mas na parte final recuperei o meu ritmo. A atleta que vinha comigo teve um pequeno engano no percurso e eu aproveitei, abri a passada até à meta, e acabei por vencer. A corrida foi feita entre nós as duas, eu e a Raquel Cabaço, e depois ficou decidida na parte final”.

O patrono da prova, Fernando Mamede, sem mãos a medir para rever velhos amigos e recordar velhas estórias, confessou: “É muito gratificante para mim dar o contributo a esta prova a que tiveram a amabilidade de atribuir o meu nome. Venho anualmente, sempre que seja possível, e estando bem de saúde cá estarei, com muito carinho e muito orgulho”. Os níveis de participação também mereceram a opinião: “Cerca de 400 participantes nas vertentes de corrida de estrada e caminhada é uma adesão muito interessante, porque esta corrida Cidade de Beja nunca será uma corrida de massas, nem nada que se pareça, é uma prova que se faz e decide em cerca de meia hora, mas é uma grande iniciativa para dar animação à cidade de Beja, porque, para além de tantos concorrentes, seguramente que virão também alguns familiares e tudo isso dá um pouco de vida a esta manhã solarenga na cidade onde nasci”.

Depois, o tal recorde londrino e a interrogação de esta corrida não definir um percurso para estabelecer marcas. “Variando anualmente os percursos, logicamente, nunca será possível estabelecer um recorde da distância. Já foram desenhados três ou quatro percursos, seria bom que se decidisse qual será o melhor, para ficar em definitivo, porque estabelecer o recorde da prova também é um estímulo para os atletas que vencem as corridas, bater um recorde é sempre satisfatório”.

Finalmente, Fernando Mamede recordou o que já havíamos registado. “Eu ainda tenho o recorde nos 10 mil metros em estrada, é um registo fraco, mas eu nunca fui um corredor de estrada, não sabia correr provas de estrada, era mesmo um bocado complicado para mim. Eu mudava a minha maneira de correr da estrada para a pista e o rendimento era totalmente diferente. Mas fui convidado a disputar uma prova em Londres, logo que soou o tiro arranquei e cheguei na frente, com esse registo dos 28’11, que ainda hoje é um recorde”.

 

Corrida Cidade de Beja – 10 Km Fernando Mamede Classificações absolutas

 

Femininos 10 quilómetros

  • 1.º Raquel Trabuco (Beja AC) 38’45
  • 2.º Raquel Cabaço (CR Cabaço) 38’56
  • 3.º Carolina Hrytsevych (Beja AC) 40’29
  • 4.º Ana Lourenço (NDC Odemira) 40’48
  • 5.º Ana Parreira (Areias S. João) 41’33

 

Masculinos 10 quilómetros

  • 1.º Daniel Martins (Areias S. João) 31’17
  • 2.º Bruno Santos (GD Reboleira) 31’43
  • 3.º Carlos Papacinza (NDC Odemira) 31’47
  • 4.º Jorge Varela (Areias São João) 32’29
  • 5.º Miguel Valente (Beja AC) 32’40
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