O Campo Municipal da Boa Esperança, em Boavista dos Pinheiros (Odemira), é um espaço acolhedor. Um palco, relvado, assinale-se, onde o clube local, fundado há quase 52 anos, mantém os jovens da sua freguesia e das freguesias vizinhas numa saudável e regular atividade desportiva.
Texto Firmino Paixão
Um relvado, assinale-se, que terá sido o tributo do poder local ao esforço de muitos homens e mulheres que ao longo deste meio século trouxeram o emblema axadrezado até aos tempos que correm. O Juventude Clube Boavista dos Pinheiros suspendeu o futebol sénior quando entendeu que esse era o caminho. Criou raízes, formou, preparou o futuro e hoje já ganhou legitimidade para sonhar com voos mais ambiciosos. Foi essa a perspetiva de quem o dirige. Foi esse o pragmatismo que o projetou para a fase final do Campeonato Distrital da 2.ª Divisão, da Associação de Futebol de Beja, onde procura fazer “uma gracinha”. Uma intenção revelada pelo atual treinador da equipa sénior, Carlos Viana, conhecido na gíria futebolística por Carlos Trini, pessoa que sente uma óbvia paixão por aquele emblema do litoral alentejano.
Onze épocas como jogador e quase meia dúzia como treinador. É grande a paixão pelo Juventude Boavista dos Pinheiros…Sim, na verdade, eu comecei a jogar aqui como sénior e permanecei durante alguns anos. Desde sempre que me tenho dedicado muito a este clube. Fui treinador na área da formação e há duas épocas que estou com os seniores. E as coisas têm corrido bem. Atualmente, nós já possuímos melhores condições e temos infraestruturas que nos permitem pensar em chegar um pouco mais além do que temos conseguido até aqui.
Um campo relvado sempre é fator de motivação. Um apoio importante para a valorização do clube…O relvado é sempre mais atrativo para os jogadores, principalmente, para os jovens e, de facto, este foi um grande apoio com que o clube pôde contar. Nós ambicionamos sempre mais um apoiozito mas, dentro daquilo que é a nossa realidade, o município e as juntas de freguesia vão apoiando através de algumas parcerias que estabelecem com o clube.
Que objetivos desportivos trouxeram para a temporada que está em curso?Nós planeámos este campeonato pensando-o jogo a jogo. Contando sempre com todos os atletas, tenho uma grande equipa. Uma excelente equipa, assumo-o. Se tiver toda a gente disponível, a realidade é essa. Porém, nem sempre é possível. Temos atletas com trabalho por turnos, nem sempre podem treinar, outras vezes não podem vir jogar, e isso condiciona-nos em alguns momentos. Mas, reafirmo, quando está toda a gente disponível, tenho uma qualidade muito além do que inicialmente esperava. Quem sabe, de podemos até fazer uma gracinha…
A primeira fase foi muito positiva. Conseguiram o segundo lugar apenas com uma derrota.Foi uma boa campanha. Como já referi, tendo todo o plantel disponível não tenho medo de jogar contra qualquer equipa da segunda divisão. A nossa meta era a qualificação para a segunda fase do campeonato. Foi um objetivo traçado pela equipa, em conjunto com a equipa técnica, e conseguimo-lo. Agora, vamos jogo a jogo, vendo o que é que dá.
Não tem uma perspetiva mais para além do próximo jogo?Nós queremos sempre ganhar. Mas não podemos olhar mais à frente pelas razões que já enumerei. Nem sempre sei quais os atletas com que posso contar neste ou naquele jogo. Eu até podia dizer que queria ser campeão, mas com as limitações que tenho não posso fazer essa afirmação. Vamos jogo a jogo, tentando vencê-los todos.
Contrariando um pouco a nomenclatura do clube – Juventude – têm no plantel uma grande “ternura dos quarenta”…Temos muita experiência, mas também tenho alguma juventude. Um plantel com muita qualidade. Mas, sim, temos cinco atletas mais veteranos que são, digamos, o prolongamento do treinador dentro do retângulo de jogo. São eles que partilham a sua experiência com os mais jovens e esse é um fator muito importante, é uma mais-valia para os jovens terem esses atletas ao seu lado.
Começaram a segunda fase com uma derrota em Albernoa e empataram, em casa, com o Messejanense e com o Santa Luzia.A derrota em Albernoa foi um resultado que vem ao encontro daquilo que já venho referindo. Tinha 14 jogadores disponíveis para esse jogo. É uma gestão difícil de fazer, é uma situação ingrata, porque levamos a semana a preparar uma determinada estratégia para este ou para aquele jogo e, depois, na hora, não podemos contar com eles. E substituir um atleta muito experiente por outro mais novato não é a mesma coisa, sobretudo, se tivermos um adversário mais competitivo. Mas vamos fazendo o nosso percurso, com a intenção de fazermos um campeonato tranquilo.
O próximo jogo será em Barrancos, na raia alentejana.Sim, o próximo adversário será o Barrancos. Não será fácil. A viagem será longa, mas a ambição é a mesma em todos os jogos: ganhar, ganhar sempre. Vamos ver…
O que têm no horizonte para esta segunda fase? Uma eventual subida de divisão?Gostávamos de subir à divisão principal. Nunca entraremos num campo, seja ele qual for, para perder. Queremos sempre vencer e gostaríamos de conseguir este feito. Se estamos preparados? A estrutura terá que se manter e irmos buscar mais alguma coisa para podermos fazer um percurso tranquilo na primeira divisão. É um sonho meu. Gostaria imenso de o conseguir e os nossos associados também. Certamente que ficariam muito orgulhosos.