O jogador David Gomes, dirigente da Associação de Setas de Setúbal, qualificou-se, na cidade de Beja, para o Campeonato do Mundo de Setas, World Cup of Darts, competição que decorrerá na cidade de Frankfurt, na Alemanha.
Texto e Fotos Firmino Paixão
“Um dia de muitas emoções. Sinceramente, não estava nada à espera desta vitória, mas acho que consegui manter a postura certa, atravessar a linha de meta e realizar o objetivo com que todos viemos aqui à cidade de Beja”, comentou David Gomes, após ter conseguido a qualificação para o Campeonato do Mundo de Setas, que se realizará no próximo mês de junho, na cidade alemã de Frankfurt. O jogador setubalense fez questão de agradecer aos acompanhantes, que foram incansáveis no apoio, destacando a presença da esposa – “Sem o apoio da minha mulher nada disto seria possível”.
Projetando já a competição mundial, o também presidente da Associação de Setas de Setúbal admitiu: “As expectativas para o mundial não podem ser muito elevadas, porque aqui temos um nível completamente diferente daquele que encontrarei lá. Ainda assim, tentarei dar o meu melhor, tentarei ajudar o outro atleta português, José de Sousa, que lá estará, e que é um dos grandes jogadores do mundo. Não posso prometer mais nada”.
O jogador foi o melhor entre os 66 atletas, de todo o País, que se inscreveram nesta etapa de qualificação, um número aquém do esperado, eventualmente, motivado pelo período festivo e pela incerteza da meteorologia, considerou Luís Ameixa, responsável pela organização. “Estiveram menos do que é hábito, mas os que vieram eram de um nível muito elevado. Houve muitas surpresas. Se tivéssemos feito apostas em relação aos quatro semifinalistas, seria difícil terem acertado, pois diria que foram umas meias-finais que surpreenderam muita gente, mas este é realmente um desporto em que, por vezes, ocorrem estas surpresas”.
A comitiva portuguesa ao mundial desta modalidade envolve dois jogadores, um deles, José de Sousa, atleta profissional, a quem se junta, desde há três anos a esta parte, um segundo jogador, apurado em etapas de qualificação como a que decorreu em Beja. No ano passado coube ao bejense Luís Ameixa fazer dupla com José de Sousa. “O motivo pelo qual esta competição veio para a cidade de Beja foi pelo facto de, no ano passado, eu ter conseguido qualificar-me para o mundial, lá está, com José de Sousa”, adiantou Ameixa. “Foi o culminar de um sonho que eu perseguia. Foi também um orgulho trazer a prova para Beja, naturalmente, com o apoio da autarquia bejense, que esteve, desde logo, ao meu lado, para o que fosse necessário. Foi uma decisão que envolveu também as diferentes associações regionais. Todas elas anuíram e conseguimos trazer para Beja uma das provas que será, seguramente, a segunda mais importante ao nível nacional. Foi excelente, desde logo porque no distrito de Beja não temos nenhuma associação da modalidade, fizemos isto através da Associação de Setas do Distrito de Faro, que tutela igualmente o Baixo Alentejo e na qual eu sou vice-presidente e jogador”.
Feliz pela oportunidade de mostrar a modalidade na sua terra natal, Luís Ameixa confessou: “Sinto realmente um grande orgulho por ter conseguido trazer para a minha cidade um evento, inédito, de uma modalidade que é espetacular, e orgulhoso também por ter feito o melhor possível para que as pessoas saíssem de Beja satisfeitas pela forma como foram aqui recebidas, pensando eu que ficou lançada uma boa semente para que, num próximo futuro, possamos contar com todas estas pessoas para uma nova organização que aqui possa acontecer. Temos que ir crescendo, fazendo mais e melhor e deixando felizes as pessoas que cá vêm”.
Luís Ameixa, que também competiu nesta etapa, pratica a modalidade há cerca de 15 anos. “Se calhar, um pouco mais a sério só nos últimos 10 anos. No ano passado estive no mundial, foi o topo da carreira, foi o mesmo que entrarmos em campo com um Cristiano Ronaldo ou com um Lionel Messi do futebol. Só que, em vez de 11 jogadores em cada equipa, estamos só dois e um deles somos nós, é algo fantástico. O David Gomes, que se qualificou neste ano, aqui em Beja, vai experienciar coisas formidáveis em Frankfurt, porque é lá que todos os anos se realiza o mundial. Será uma semana inesquecível, uma experiência que poucos têm oportunidade de conseguir”.
Quanto ao futuro da modalidade, lamentou a inexistência de uma federação. “É uma pena, seria bom para darmos um passo mais em frente. Espero que, quando os dardos forem modalidade olímpica, o nosso governo tenha a decência de aceitar as nossas propostas mas, lá está, em Portugal, tudo o que é amador é triste. Não tem apoios, tem que viver da ajuda das autarquias e das empresas locais”, lamentou, acreditando que “as coisas terão que mudar radicalmente”. E adiantou: “Por exemplo, no norte da Europa, esta modalidade é uma disciplina escolar, onde se junta a matemática e a educação física. Acreditamos que, um dia, com esta vontade que possuímos, consigamos levar isto um bocadinho mais para a frente”.
À margem da grande prova de qualificação, realizou-se também o Open Cidade de Beja, um segundo dia de competição aberto a jogadores estrangeiros, com a presença de espanhóis e ingleses. Um fim de semana de festa, com competição, com um minitorneio de teqball, com equipas locais, ainda com espaços para o convívio e momentos musicais.