Diário do Alentejo

Sporting Clube de Cuba jogará esta noite no Pavilhão do Juventude de Évora

11 de fevereiro 2024 - 08:00
Sem “margem de erro”Foto| Firmino Paixão

O Sporting Clube de Cuba é um dos três clubes do distrito de Beja que disputam a Liga Interdistrital de Futsal, organizada pelas associações de futebol de Beja e de Évora. A quatro jornadas do final da primeira fase da prova, a equipa cubense ocupa o penúltimo lugar da classificação.

 

Texto e Fotos Firmino Paixão

 

O treinador Nuno Malpão chegou ao Sporting de Cuba no final do ano de 2023 para orientar a equipa cubense, que disputa a Liga Interdistrital de Futsal. Apesar da sua experiência na modalidade, o treinador estava há quatro anos afastado do futsal. A equipa, como refere o técnico, não tem falta de qualidade, tem, isso sim, falta de uma cultura de vitórias, de mais confiança em si própria e de assumir as rotinas do novo modelo de jogo.

Depois de ter sido derrotado, em casa, pelo Estremoz (3-4), os próximos compromissos do clube passarão por defrontar os principais candidatos aos quatro lugares de acesso à fase final: Juventude de Évora, Núcleo Sportinguista de Moura, Mourão Futsal Clube e Desportivo de Baronia. A verdade, e são vários os técnicos que comungam desta opinião, é que a classificação da equipa não reflete a sua grande qualidade, como sublinha Nuno Malpão. “Temos uma equipa individualmente forte e seria coletivamente forte se tivesse as rotinas que deveria ter e não tem. A partir do momento em que esta equipa ganhe rotinas e, acima de tudo, confiança, os resultados aparecerão”. O treinador lembrou ainda: “As vitórias dão confiança, o volume de jogos gera rotinas, não basta apenas os treinos, elas ganham-se em toda a fase competitiva e à medida que esse processo se for desenvolvendo, com mais jogos, mais treinos, teremos uma boa equipa.

Foi provado contra o Estremoz [jogo disputado no passado dia 2] e foi provado contra o Internacional, dois jogos em que nos batemos de igual para igual e em que podíamos ter ganho, mas pronto…”. A equipa esteve até a vencer o Estremoz, por 3- 1, mas permitiu que os estremocenses empatassem e depois virassem o resultado a seu favor. “Foi inglório, mas foi um jogo em que a vitória poderia cair para qualquer das duas equipas. Estivemos bem, estivemos em cima do resultado, estivemos a ganhar por 3-1, não segurámos a vantagem e os adversários fizeram o trabalho deles. Fomos os principais culpados, devíamos ter tido um bocadinho mais de cabeça e sermos mais experientes na gestão do jogo, não fomos, e perdemos”.

O técnico estava avisado de que o Estremoz viria a Cuba focado em vencer, para ocupar um dos lugares de acesso à segunda fase. “Mas nós também queríamos ganhar. Porque nós não podemos, de forma alguma, ceder um ponto que seja. Não há essa possibilidade. Quando cheguei aqui estávamos com sete pontos e estamos a falar de equipas com 16 e mais. Nós não temos margem de erro, é impossível conseguir acompanhar as equipas que estão lá em cima, sabendo que o quarto classificado está já com mais 10 pontos do que nós e sabendo que, no confronto direto, só lhe poderemos conquistar três pontos, portanto, não dependemos de nós para a coisa acontecer. Se, dependendo de nós, já é difícil, dependendo também dos outros muito mais difícil seria e eu sabia disso quando cá cheguei. Mas a vida é feita de desafios, a vida é, senão, isto mesmo, e eu gosto de os encarar. Ganham-se alguns, perdem-se outros, mas a vida é mesmo assim”.

A falta de uma cultura de vitórias é uma das lacunas que Nuno Malpão identificou no seu plantel, ainda assim, reconhece: “Se nós tivéssemos ganho este jogo, ficaríamos mais confiantes e seguros para o futuro. Este foi o meu quarto jogo, mas não acredito que em todas as derrotas que esta equipa já sofreu tenha existido uma manifesta superioridade da equipa adversária, mas, sim, falta de confiança da nossa parte. Lá chegaremos, teremos tempo para trabalhar esse fator. Estamos num campeonato muito difícil, a distância para o topo é, já era, grande, mas vamos incomodar aqueles que lá estão”.

A realidade é que o campeonato tem um conjunto de equipas muito equilibradas, ainda que os emblemas do topo já tenham perdido pontos impensáveis. Malpão assume: “Tenho o problema de não ter acompanhado a primeira volta do campeonato e, por isso, desconheço a maioria das equipas. Este foi o meu quarto jogo no Sporting de Cuba e, realmente, não consigo identificar o valor, ou o potencial, de todos os adversários, nem faço a mínima ideia da forma como eles jogam. Tenho conseguido perceber uma ou outra coisa através de vídeos, mas não é essa a forma como eu gostaria de conhecer as equipas”. Ainda assim, comenta: “Pelos resultados que vejo, parece-me que a prova tem sido competitiva, agora, quanto à qualidade das equipas, eu, neste momento, só conheço o TIS, o Portel, o Internacional e o Estremoz, os quatro clubes que o Cuba já defrontou desde que aqui estou e não vejo que o nosso plantel seja inferior ao de nenhum destes clubes. Acredito que, tendo rotinas e confiança para isso, poderíamos estar mais lá em cima na tabela. Mas, sim, o campeonato tem sido equilibrado”.

Sobre a escassez de equipas do distrito Beja e a necessidade de recurso a uma prova interdistrital, o treinador não tem dúvidas: “Obviamente que são poucas.

Mas o que me parece é que os apoios para o futsal são poucos ou quase inexistentes. As pessoas fartam-se de trabalhar para arranjar dinheiro para as inscrições desta equipa, trabalhar imenso para conseguir verba para pagar uma sande e um refrigerante a estes jogadores no final do jogo. O gasóleo para as deslocações é caro, eu vou no meu carro e não me importo disso, mas há jogadores que não terão essa facilidade e o dinheiro faz falta noutro lado. O futsal é isto.

Vejo poucos clubes a conseguirem passar algo da verba destinada ao futebol para o futsal e a realidade é esta. Sobrevivem os clubes e as equipas, onde existem meia dúzia de resilientes que ainda lutam para que isto se mantenha. Depois, as infraestruturas também são poucas. Este não é um problema exclusivo do futsal, é um problema do desporto no Alentejo.

O futsal é só mais um…”, concluiu.

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