Diário do Alentejo

Academia de Jiu-Jitsu Brasileiro “Cobrinha”, em Beja, já forma campeões

14 de janeiro 2024 - 08:00
Dentro e fora do tatami…

Seis jovens alunos da Academia de Jiu-Jitsu Brasileiro “Cobri-nha” conquistaram títulos nacionais no Campeonato Nacional Open Jiu-Jitsu 2023, organizado pela Federação Portuguesa de Jiu-Jitsu Brasileiro.

 

Texto e Foto | Firmino Paixão

 

Os cintos brancos e amarelos bem ajustados, e com arte, aos kimonos brancos e negros. As vistosas medalhas douradas suspensas por longas fitas coloridas com as cores nacionais. O orgulho de cada um não escondia a ansiedade nos olhares de todos à chegada do repórter que iria registar e ampliar as suas conquistas. Seis títulos nacionais que estes jovens de duas famílias de nacionalidade romena, cinco meninos e uma menina, conquistaram no último Campeonato Nacional Open Jiu-Jitsu 2023 disputado, no final do ano, no Pavilhão Multiusos de Odivelas (Lisboa), com organização da Federação Portuguesa de Jiu-Jitsu Brasileiro.

Os mirim Solomon Dicov (oito anos) e Avran Dicov (nove), os infantis Arsenie Pagu (nove), Adam Dicov (11) e David Dicov (12) e a juvenil Victória Pagu (14) são os nossos heróis e a nossa heroína, atletas da Academia de Jiu-Jitsu Brasileiro “Cobrinha”, em Beja, treinados pelo mestre David Amorim, a merecerem o devido destaque, como exemplo para outros jovens que queiram seguir-lhes as passos.

Jiu-jitsu é uma “arte suave”, um conjunto de técnicas baseadas em três pilares – o movimento, o equilíbrio e a vantagem –, harmoniosa e suavemente conjugados de forma a usar o ímpeto do adversário contra ele mesmo. É essa a arte que o mestre David Amorim, cinturão negro, ensina em Beja, na academia “Cobrinha”, há cerca de dois anos, a par da partilha com outros valores, porque, como o próprio referiu, mais difícil do que fazer campeões é preparar estes meninos e meninas para serem pessoas com grandes qualidades humanas.

“O trabalho que estamos a fazer aqui em Beja, em relação ao jiu-jitsu, vem, realmente, abrindo muitas portas para as crianças de várias idades, com a metodologia que se usa nas escolas e que nós usamos também aqui na aprendizagem do jiu-jitsu, com estes meninos e meninas”, assegurou David Amorim, sublinhando: “Procuramos que o foco não seja tanto a competição, muito mais o dia a dia de cada um. O facto de terem sido campeões nacionais foi importante, sem dúvida, mas procuramos que eles estejam concentrados em crescer dentro e fora do tatami (tapete)”.

Uma permanente partilha de valores, é isso? “A ideia é mesmo essa. Ser campeão nacional até é fácil, difícil é formar homens e mulheres, prepará-los para o futuro, fazê-los crescer com uma personalidade forte. Esse é o trabalho que fazemos. E até é fácil, porque a mensagem passa facilmente, devido à metodologia que nós usamos, que é eficaz no seu desenvolvimento. O trabalho é feito em diferentes etapas e isso faz com que eles se interessem mais pelo treino. Depois, também tenho em conta o rendimento escolar. É uma das vertentes que tem influência na graduação para os diferentes níveis”.

O acolhimento é a base da eficácia no primeiro contacto com a modalidade, revelou o mestre: “Tem uma fase de adaptação para que se conheçam mutuamente e comecem a desenvolver amizade. Explico-lhe as regras, todos os procedimentos normais nos momentos de entrar e de sair do tatami, o cumprimento aos amigos e ao professor”, naturalmente, ainda sem a disciplina que a modalidade inspira. “No início, deixo-os mais livres, não posso começar a cobrar esses momentos iniciais, porque isso pode afastá-los. Vamos ensinando, progressivamente. Por vezes, chegam aqui com muita vergonha, retraídos, mas com o decorrer dos treinos vamos soltando-os”. David Amorim lembrou que, às vezes, tem miúdos que saem. “Querem experimentar o futebol, o basquetebol, outras modalidades diferentes, passam algum tempo afastados do jiu-jitsu, mas acabam por voltar mais adiante”.

A academia tem, atualmente, 38 alunos, meninos e meninas, entre os três e os 14 anos, e tem adultos que a frequentam mais com espírito de aprendizagem e de compromisso com eles próprios, adiantou o mestre, salientando: “O jiu-jitsu é uma arte marcial de defesa, não tem qualquer componente de violência, antes pelo contrário, as pessoas ganham maior controlo e a noção do que é que podem fazer com outra pessoa no caso de serem agredidos, tanto as crianças como os adultos”. Porém, esta é a variante do jiu-jitsu brasileiro. David Amorim explicou: “Existe o ju-jitsu, sem o i, dando socos, mas esse é um pouco diferente deste, tem um pouco de judo, o jiu-jitsu (com i), foi criado no Brasil e adaptado a partir do judo, por isso, se chama jiu-jitsu brasileiro, que é, essencialmente, uma disciplina de defesa pessoal”.

Os dois anos de atividade que a academia irá completar na próxima primavera têm deixado o promotor satisfeito. “A experiência, até ao momento, tem sido muito boa. Estou bastante satisfeito. No futuro, espero que vá crescendo, que venham mais praticantes. Estes resultados nacionais projetam a nossa atividade, com as melhores intenções, porque se trata de uma competição com crianças, que passam a ser vistas como exemplos dentro do treino. Os mais graduados já sabem as regras segundo as quais se devem pautar e, depois, os mais novos olham-nos como referências, é sempre importante para a academia, porque são considerados como campeões. Os pais também se sentem orgulhosos pelo trajeto que os seus filhos estão a percorrer nesta modalidade e nesta academia. São campeões dentro e fora do dojo”, concluiu.

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